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Sudão e Sudão do Sul entram em acordo parcial

27 de setembro de 2012

Países preveem zona desmilitarizada na fronteira, mas não resolveram disputa sobre limites exatos – questão pendente desde a independência do Sudão do Sul, dirigido por Salva Kiir (esq.). À direita, Omar al-Bashir.

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Omar el Bashir (dir.), presidente do Sudão, e Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul
Omar el Bashir (dir.), presidente do Sudão, e Salva Kiir, presidente do Sudão do SulFoto: picture-alliance/dpa

Nesta quinta-feira (27.09), os dois presidentes do Sudão e do Sudão do Sul, respectivamente Omar al-Bashir e Salva Kiir, reunidos na capital etíope Adis Abeba, rubricaram, segundo a agência noticiosa AFP, o acordo que poderá significar a retomada dos fornecimentos de petróleo oriundo do sul.

A pressão internacional sobre os presidentes, no sentido de chegarem a um acordo, obrigou a uma maratona negocial, para evitar que se concretizasse a ameaça de sanções.

Bashir e Kiir acabaram por renunciar a uma participação na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, para levar as conversações a bom termo.

Mas se o acordo parcial permitirá a Juba relançar a extração do petróleo, paralisada há muitos meses, ainda há muitos pontos de discórdia que permanecem sem solução. Por exemplo, a fronteira.

Karl Wohlmuth, especialista no Sudão na Universiade alemã de Bremen, adverte que há "territórios em disputa, há outros que são reivindicados por um dos lados, ou seja, há todo um conjunto de problemas. Apesar do acordo parcial, é possível que o processo de negociações se arraste por muitos mais anos, sob a arbitragem internacional, antes que o caso seja concluído".

Acordo apenas na aparência?

Também Wolf-Christian Paes, da organização não governamental alemã BICC, que se empenha pela conversão de potenciais militares para tarefas civis, acredita que este acordo parcial é apenas o primeiro passo para um caminho que se adivinha longo. "Será que se trata de obrigar os dois lados a ceder, o que seria desejável?", interroga Paes.

"Ou não será antes, como foi o caso repetidas vezes nos últimos meses, que se está a criar a aparência de um acordo para precaver sanções internacionais? E que depois, passadas seis semanas, recomeça tudo do princípio, porque os problemas estruturais ficaram por resolver", avalia o especialista da BICC.
 
Num cenário muito optimista, a exploração de petróleo poderia recomeçar já em novembro. O equipamento está parcialmente destruído, o sistema de condutas foi inundado de água, e as reparações vão ser demoradas.

Sudão do Sul à beira da bancarrota

De qualquer modo, o recomeço da extração vai ser uma benesse para o governo de Juba, que se tem que defender contra acusações constantes de corrupção. A paragem da produção conduziu à beira da bancarrota o jovem Estado, cujas receitas dependem em 98% da exportação do petróleo.

Ao mesmo tempo cresce a insatisfação dos sudaneses do sul face à explosão dos preços e à subida vertiginosa da inflação. Mas os protestos contra a subida do custo de vida chegaram também às ruas de muitas cidades sudanesas, sobretudo na capital, Cartum.

Por isso, diz o especialista Karl Wohlmuth, é indispensável que um uma solução política seja acompanhada por um programa de fomento conjuntural: "Só poderá haver uma paz duradoira com um vasto programa de desenvolvimento para os cinco estados federados do sul e do norte na fronteira. Todas as tentativas de pacificação que não considerem a região fronteiriça com um todo estão condenadas ao fracasso", explica Wohlmuth.

Em Adis Abeba decorrem ainda negociações paralelas entre representantes do governo de Cartoum e rebeldes Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLAM) apoiado por Juba. Wolf-Christian Paes do BICC diz que o resultado destas conversações é outro fator crucial para a paz: "A questão é saber se será possível encontrar uma solução na qual o governo de Juba renuncie a prestar assistência aos rebeldes. É esperar para ver".

Autores: Ludger Schadomsky/Cristina Krippahl
Edição: Renate Krieger/António Rocha

27.09 Sudão - MP3-Mono

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No início do ano, Sudão e Sudão do Sul chegaram à beira de uma guerra. Entre os contenciosos, a cidade fronteiriça de Abyei, em região petrolíferaFoto: AP
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Maratona de negociações em Adis Abeba aconteceu para evitar sanções ao Sudão e ao Sudão do SulFoto: Reuters
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