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PolíticaÁfrica do Sul

BRICS: O que esperar da cimeira na África do Sul

Astrid Prange De Oliveira | gcs | com agências
21 de agosto de 2023

Expansão do bloco das economias emergentes BRICS é um dos principais temas em debate na cimeira que arranca esta terça-feira (22.08).

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Foto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

O Presidente russo, Vladimir Putin, não estará presente. Mas os restantes líderes do bloco encontram-se em Joanesburgo, na África do Sul, para debater o futuro do grupo, numa altura em que, em muitas sociedades, endurece o braço de ferro com o Ocidente.

Vladimir Putin estará ausente, devido a um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional por alegados crimes de guerra na Ucrânia. Mas o mote da cimeira - "multilateralismo inclusivo" - é um tema bastante caro a Putin. É o mesmo que dizer: "há mais mundo para além do Ocidente". E Putin está bastante interessado em ter mais parceiros ao seu lado, comenta o politólogo Günther Maihold em entrevista à DW.

"Certamente que o alargamento do bloco BRICS possibilitaria a Putin transpor o isolamento internacional. Moscovo tentará aproveitar a oportunidade para trazer para o clube os seus aliados, como a Bielorrússia ou a Venezuela", diz.

BRICS Treffen in Brasilien/Vladimir Putin und Cyril Ramaphosa
Presidente russo é o único líder do bloco ausente da cimeiraFoto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/IMAGO

Reduzir o domínio do Ocidente

Com a guerra na Ucrânia, a bateria de sanções à Rússia ou as críticas crescentes à hegemonia do dólar, a cimeira dos BRICS será uma forma de fincar pé em relação ao Ocidente.

Aos olhos de Felix Lee, especialista em temas chineses, Pequim tem muito a ganhar com esta polarização. Isto porque, explica, "a médio e longo prazo, o que a China tenciona, com a cimeira dos BRICS, é reduzir o domínio do Ocidente".

Segundo Felix Lee, o objetivo da China "é reforçar as cooperações neste e noutros formatos em que o Ocidente não está representado, para que a China tenha uma voz mais ativa numa ordem mundial supostamente multipolar".

Expansão controversa

69 países foram convidados para a cimeira dos BRICS e pelo menos 40 mostraram interesse em entrar no bloco, incluindo a Arábia Saudita, Irão, Argentina, Venezuela, Argélia, Egito e Etiópia.

BRICS | Gipfeltreffen 2017 in Xiamen
69 países foram convidados para a cimeira dos BRICS e pelo menos 40 mostraram interesse em entrar no blocoFoto: Wu Hong/AP Images/picture alliance

Mas quanto mais países entrarem para o mesmo barco, maior pode ser a turbulência. Para além de que, afirma Günther Maihold, a Índia, o Brasil e a África do Sul não estão interessados em perder influência no seio do bloco.

Como explica o politólogo ouvido pela DW,  "se cada um tentar trazer o seu clube de amigos, a heterogeneidade aumenta e os processos de coordenação regional serão um problema adicional".

Em abril, a África do Sul disse que, primeiro que tudo, será preciso discutir os critérios de adesão para novos membros. O que, para Günther Maihold, pode querer dizer que, "provavelmente, o bloco será formado pelos BRICS e por membros adicionais, que não terão as mesmas regalias e direitos de voto".

Além das questões em torno da ampliação do bloco, outro tema que deverá ser discutido nesta cimeira é a priorização das moedas nacionais em detrimento do dólar - uma política que já é aplicada pela Índia no comércio com os Emirados Árabes Unidos, frisou um representante indiano esta segunda-feira (21.08), na véspera do encontro.

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