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Ébola: Angola e Moçambique são países de risco

Madalena Sampaio (com Agências) / Edlena Barros9 de setembro de 2014

Novo estudo revela que há milhões de africanos a viver em zonas com condições para que o vírus se transmita de animais para pessoas - incluindo Angola e Moçambique. Entretanto, teme-se milhares de novos casos na Libéria.

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Foto: Reuters

Mais de 22 milhões de africanos vivem em zonas com condições para que o vírus do ébola se transmita de animais para pessoas. É o que revela um artigo que acaba de ser publicado na revista científica eLife. Angola e Moçambique surgem entre os 22 países assinalados nesta zona de risco.

Nenhum dos países referidos registou ainda qualquer caso de transmissão animal - pessoa. E são raros os casos em que as pessoas foram contaminadas por terem tocado ou comido animais infetados. No entanto, alertam os cientistas, se isso se vier a verificar, "a eventualidade de uma contaminação entre a população humana é maior, particularmente nas áreas com infraestruturas de saúde deficitárias".

Vírus alastra-se

Entretanto, a epidemia continua a alastrar-se na África Ocidental. A União Africana vai enviar equipas de apoio médico para os países afetados. A União Europeia prometeu uma ajuda de cinco milhões de euros para financiar esta missão.

O país africano mais atingido pela epidemia é a Libéria, onde a doença está a aumentar exponencialmente, advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS). Milhares de novos casos são esperados nas próximas três semanas neste país, onde o ébola já matou mais de 700 pessoas.

Segundo a agência da ONU, os métodos convencionais para controlar o surto, que já matou quase 2.300 pessoas, não estão a ter o impacto adequado.

Ebola Seuche Afrika Helfer
Libéria é o país mais afetado pelo ébolaFoto: D.Faget /AFP/Getty Images

O presidente da secção alemã da organização Médicos Sem Fronteiras, Maximilian Gertler, que esteve recentemente na Libéria, confirma a previsão da OMS.

"Em termos do número de casos, esta epidemia é cerca de dez vezes maior que os maiores surtos de ébola que vimos até agora", diz Gertler. "Além disso, todos os focos anteriores eram muito limitados, tanto temporal como regionalmente. E agora temos esta situação descontrolada, que se estende por vários países com uma população de mais de vinte milhões de pessoas. E vamos ver muitos mais casos, sim!"

Combater o medo

Em entrevista esta terça-feira (09.09) à emissora alemã ARD, Maximilian Gertler explicou também que combater o medo que as pessoas sentem nos países afetados pelo vírus é "quase tão difícil como combater a própria epidemia".

O médico propôs também algumas medidas para enfrentar o problema, que deveriam ser implementadas de imediato.

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"É preciso criar urgentemente mais centros de isolamento em todo o país, mais centros de tratamento onde os pacientes possam ser instalados", disse o responsável dos Médicos Sem Fronteiras. "Também são necessárias com urgência mais campanhas de esclarecimento. As pessoas que estão em contacto com os doentes também devem ser levadas para centros de tratamento assim que adoecem e ficam infetadas."

Nigéria desmente alastramento a outras regiões

A Nigéria também é afetada pelo ébola. Segundo a OMS, a doença já fez oito vítimas mortais.

Na segunda-feira, o ministro nigeriano da Saúde, Onyebuchi Chukwu, revelou que há 19 casos confirmados da doença no país: 15 em Lagos e 4 em Port Harcourt. O governante desmentiu, porém, os rumores de que o vírus está a propagar-se noutras regiões do país.

"O Governo federal vai continuar atento e vamos reforçar a formação nos nossos portos de entrada e de saída”, afirmou Chukwu. Enquanto houver um único caso da doença em qualquer parte do mundo, cada país e cada indivíduo continuam em risco e a Nigéria e os nigerianos não estão isentos."

Dois nigerianos sob quarentena em STP

Em São Tomé e Príncipe há, neste momento, dois nigerianos em quarentena. Eles chegaram ao país no voo de sábado (06.09) realizado pela companhia portuguesa TAP que faz escala na capital do Gana, Acra.

"Tratou-se de uma medida de precaução. A situação está sob o rigoroso controlo das autoridades, não havendo razões para temores", assegurou o porta-voz do Governo são-tomense, o ministro Jorge Bom Jesus.

Ebola in Liberia (Behandlung im Krankenhaus)
O contacto direto com outras pessoas ou cadáveres infetados tem sido o grande veículo de transmissão do ébola, para o qual não existe tratamento nem vacinaFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Os dois passageiros foram identificados ao chegarem ao país. Ao serem questionados por técnicos da unidade sanitária no aeroporto internacional, os mesmos foram identificados como passageiros provenientes de uma zona de risco.

"Nós não acompanhámos os passos deles. Mesmo nos inquéritos que fizemos, eles podem não ser capazes de nos dar todos os dados", explicou o coordenador nacional do comité de emergência contra o vírus do ébola, Pascoa d’Apresentação. "Por essa razão, temos a obrigação de cumprir o que está nas emanações da Organização Mundial de Saúde."

Segundo informações obtidas junto à embaixada nigeriana no arquipélago, um dos cidadãos em quarentena é funcionário desta embaixada e o outro é um comerciante residente no país. Ambos ficaram em quarentena durante 21 dias.

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