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Vulcão do Fogo em Cabo Verde continua imprevisível

Nélio dos Santos ( Praia)1 de dezembro de 2014

A erupção vulcânica na ilha do Fogo levou o Governo de Cabo Verde a adiar a primeira cimeira sobre a regionalização no país, que deveria arrancar na terça-feira (01.12), na Cidade da Praia, anunciou a organização.

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Kap Verde Vulkanausbruch 23.11.2014 SCHLECHTE QUALITÄT
Foto: picture-alliance/Stringer

Em Cabo Verde, a erupção vulcânica na ilha do Fogo tem oscilado entre situações muito críticas e ligeiras melhorias. A única estrada alternativa que dá acesso à localidade de Chã das Caldeiras foi cortada pela lava e a sede do Parque Natural do Fogo foi totalmente consumida pelo fogo vulcânico.

O que se temia aconteceu no domingo (30.11). A sede do Parque Natural do Fogo (PNF) foi completamente invadida e destruída pela lava. A infraestrutura, considerada ex-libris da ilha do Fogo, foi inaugurada em março último. O financiamento foi da Cooperação Alemã em mais de um milhão de euros.

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Fruticultura em Chã das Caldeiras, destruída pela lava.Foto: DW

O vulcão do Fogo entrou em erupção no dia 23 de novembro e, até ao momento, a lava já destruiu cerca de duas dezenas de casas, 14 cisternas, 15 currais e casas de apoio à agricultura.

Também destruiu uma vasta área de terrenos agrícolas, a sede administrativa e o museu do Parque Natural do Fogo, mas não provocou quaisquer vítimas. Segundo os especialistas a situação continua imprevisível.

O primeiro-ministro fala em situação de catástrofe.

“A situação é grave, é uma situação de catástrofe porque do ponto de vista material os prejuízos são enormes, mas devemos regozijarmo-nos por ainda não se ter registado nenhuma perda humana”, disse o chefe do Executivo cabo-verdiano, José Maria Neves

Neves advertiu que Chã das Caldeiras, no sopé do vulcão, poderá ficar totalmente destruída.

"As lavas estão a dirigir-se para Portela e esta localidade poderá ser completamente engolida muito em breve. A perspetiva é da destruição total de Chã das Caldeiras”.

Sónia Silva, especialista em vulcanologia da Universidade de Cabo Verde, alertou em entrevista à rádio pública de Cabo Verde, para os níveis elevados de dióxido de enxofre que diariamente é libertado pelo vulcão.

“Tínhamos cerca de 11 mil toneladas diárias de dióxido de enxofre, mas agora os últimos dados que recolhemos indicam uma diminuição para 9 mil e quinhentas toneladas diárias de dióxido de enxofre”.

Segundo a investigadora, a progressão da lava é de 20 metros por hora.

Dióxido de enxofre é mau para saúde

Sónia Silva fala alertou ainda sobre o impacto na saúde pública que a inalação do dióxido de enxofre pode causar.

“É um gás que se propaga em grandes altitudes e que também está misturado com cinzas. Para minimizar o impacto na saúde as pessoas devem tomar os cuidados necessários, fazendo constantemente a remoção dessas cinzas. Por outro lado, é preciso ter muito cuidado com a cinza que vai cair nas cisternas de àgua”.

Porträt José Maria Neves
José Maria Neves, primeiro- Ministro de Cabo VerdeFoto: DW/N. dos Santos

As poucas pessoas que ainda se encontravam em Chã das Caldeiras, foram todas evacuadas nas últimas horas, devido ao agravamento da situação.

Ajudas internacionais começam a chegar

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Habitantes da Chã das Caldeiras a tentar "salvar" os seus bens antes da chegada da lava (27.11)Foto: DW/D. Borges

Na sequência do encontro realizado na última sexta-feira (28.11) pelo chefe do Executivo da Praia com as missões diplomáticas acreditadas no país, chega na terça-feira (02.12), a Cabo Verde a fragata portuguesa Álvares Cabral para ajudar o país a fazer face à erupção vulcânica, segundo o embaixador de Portugal no arquipélago, Bernardo de Lucena.

“Trará práticamente tudo que é prioritário de acordo com a lista que nos foi entregue pelas autoridades cabo-verdianas, nomeadamente telefones satélites e um helicóptero que virá a bordo da fragata e que irá facilitar as manobras de desembarque, podendo igualmente operar em situações de emergência. Virão ainda técnicos na área das comunicações satélites e da vulcanologia”.

Governo adia a cimeira sobre regionalização

A erupção vulcânica levou o Governo a adiar, sem data, a primeira cimeira sobre a regionalização no país, que deveria arrancar na terça-feira, na Cidade da Praia.

Também a visita do Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, a Cabo Verde que estava prevista para começar esta segunda-feira, foi adiada.

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