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Votação em Angola termina sem violência

31 de agosto de 2012

Mais de nove milhões de eleitores foram chamados para a terceira eleição da história política angolana. O escrutínio elege o Parlamento e de forma indireta, o Presidente da República.

https://p.dw.com/p/161mY
Foto: DW

Nesta sexta feira (31.08), Angola sediou eleições gerais para decidir quem será o próximo Presidente da República. À cadeira mais importante do país africano de língua portuguesa concorrem nove partidos e coligações. A nação controlada pelo mesmo dirigente por mais de 30 anos está ansiosa para saber quem lirá liderar o país nos próximos anos. O atual Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, concorre à reeleição.

O enviado especial da DW África António Cascais está em Luanda e acompanha todo o processo eleitoral. As urnas abriram nesta sexta feira às sete horas da manhã e durante todo o dia, ele conversou com eleitores de diferentes localidades da capital.

Votar: um direito do cidadão

Elias Isaac, dirigente da organização não governamental Open Society exerceu o seu direito de cidadão e foi às urnas em uma assembleia de voto na zona sul de Luanda. Quando chegou ao local, não teve problemas para encontrar o seu nome na lista e votou sem dificuldades.

Porém ao ser questionado se concorda com os eleitores que dizem não valer a pena votar em Angola, Isaac explica que isso se deve ao fato do processo eleitoral angolano estar manchado por situações difíceis e reclamações, acredita ele.

"Na verdade, eu sou um daqueles angolanos que não confia na credibilidade do processo eleitoral. Eu vim votar porque, como cidadão, tenho que cumprir o meu dever cívico". Não votar, defende ele, seria uma grande irresponsabilidade.

Ele enfatizou, no entanto, que para o processo eleitoral estar completo faltou uma melhor identificação dos delegados de lista dos partidos da oposição, para o eleitor saber que estão representados no local.

Angola 2012 Wahlen Luanda
Grupo de jovens contestatários liderados por rappersFoto: DW

Isaac explica que pelo fato de não se reconhecer quem é quem nas assembleias de voto, fica mais difícil aos eleitores acreditarem que existe alguém interessado no processo eleitoral.

Em segundo lugar, o dirigente da Open Society aborda os cadernos eleitorais. "Muita gente está sendo informada que seus nomes não estão nas listas e por isso precisam viajar para votar em outro lugar. E como a votação é apenas de um dia, muita gente não vai poder votar."

Três horas mais tarde

Às dez horas da manhã, foi a vez do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, votar. Acompanhado da primera-dama, no bairro nobre angolano Cidade Alta, ele considerou o processo eleitoral um êxito. "Estou bastante satisfeito porque o processo está a decorrer normalmente em todo território nacional. Os angolanos estão a exercer seu direito de voto com consciência."

Em outras partes de Luanda, como na zona da Samba, os eleitores não são da mesma opinião do Chefe de Estado. Para alguns, o processo eleitoral está a decorrer muito devagar. Uma eleitora, ao ser questionada sobre o que espera dessas eleições, respondeu apenas com um "que sejam livres e justas".

Nas demais províncias angolanas, há registros de irregularidades e incidentes nas mesas de voto. Em Luanda, sobretudo em Viana, muitos eleitores exerceram seu direito de voto mesmo seus nomes não constando nas listas. Porém alguns, ao chegarem às mesas eleitorais, foram mandados para outras assembleias, afastadas de suas residências. Segundo alguns observadores, a situação no interior do país é ainda pior.

Observadores secretos

Angola 2012 Wahlen Luanda
Elias Isaac considera irresponsável não ir votarFoto: DW

O conhecido grupo de jovens contestatários, liderados pelos rappers Luaty Beirão, Carbono Casimiro e outros, reuniram-se em um sítio secreto, em Luanda, para monotorizar o processo eleitoral. De todas as partes do país, eles receberam queixas por telemóvel e emails.

Os jovens aceitaram receber a reportagem da DW África e contaram como funciona o monitoramento do escrutínio. "Pessoas in loco verificam o que se passa e as informações que acharem relevantes, dignas de serem denunciadas, são repassadas e depois publicadas em um site que criamos para denunciar", explica um integrante do grupo.

Até as 19 horas, em Angola, não houve registo de incidentes violentos. As únicas más notícias são as inúmeras irregularidades e falta de organização.

Autor: António Cascais, enviado especial à Luanda
Edição: Bettina Riffel / António Rocha

31.08.12 Reportagem de Luanda eleições - MP3-Mono

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