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Vizinhos da Nigéria unem-se para combater o Boko Haram

Jens Borchers23 de outubro de 2014

O exército nigeriano não consegue derrotar militarmente o Boko Haram. Os Estados vizinhos da Nigéria começam a preocupar-se seriamente com o alastramento do movimento. Mas qual é o poder real dos fundamentalistas?

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Foto: AFP/Getty Images

Ninguém sabe ao certo que tamanho tem o Boko Haram, nem quantos combatentes conta nas suas fileiras. Desconhece-se a sua estrutura interna. E não há informação concreta sobre quem apoia o movimento. A única certeza é que cresce a frequência dos ataques dos terroristas fundamentalistas no nordeste da Nigéria. O movimento apoderou-se de armas pesadas, veículos blindados e outro equipamento do exército governamental. Em junho passado colocou na internet vídeos que mostram a alegada conquista da cidade de Gwoza. Trata-se de material de propaganda destinado a provar que o Boko Haram é poderoso e tem sucesso. Segundo o major general Chris Olukalade, porta voz do exército nacional, não passa mesmo de propaganda: "Toda a região continua a pertencer à nossa zona de operações. Não operamos apenas em terra, mas também no ar. E as operações prosseguem. É tudo o que lhe posso dizer".

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O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, já foi dado por morto várias vezes pelo exército da NigériaFoto: picture alliance/AP Photo

O exemplo do Estado Islâmico

O exército não confirma nem desmente a ocupação de determinados territórios pelo Boko Haram. E o líder do movimento, Abubakar Shekau, mantém em vídeos online que está à frente de um califado na região conquistada. Trata-se, aliás, do mesmo Shekau que já foi declarado morto pelo exército nigeriano por duas vezes. E que não se cansa de propagar a sua mensagem: "A educação mundana, o desporto e a música são a razão pela qual muitos muçulmanos se perderam do Islão".

O movimento pretende ser o guardião da verdadeira fé muçulmana. Também nisso imita os seus atuais modelos, o Estado Islâmico no Médio Oriente e os terroristas no norte do Mali, que se esforçam por manter e administrar os seus próprios territórios. Para Clement Nwankwo do Centro Nigeriano de Direito e Política, esta mais recente mudança de métodos do Boko Haram marca uma cisão: "Anteriormente os ataques eram esporádicos. Mas a ocupação de terreno marca uma nova etapa. Nós nigerianos começamos a compreender que o nosso país está em guerra. É uma guerra civil. Independentemente do que diz o Governo".

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Os nigerianos começam a admitir que estão em guerra civilFoto: picture-alliance/AP Photo

Suspeitas de financiamento externo

A reacção do Governo é confusa. Por vezes, exige negociações, depois ameaça o Boko Haram com a aniquilação total - mas nem uma coisa nem a outra acontece. Os vizinhos Camarões, Chade, Benim e Níger começam a preocupar-se e já acordaram a criação de unidades militares comuns para combater os terroristas, que atacam, com cada vez maior frequência, alvos para além das fronteiras da Nigéria.

E cresce a suspeita de que o Boko Haram não se financia apenas através de resgates, extorsões e assaltos a bancos, diz o Presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, numa entrevista coma TV5 francesa: "Parece que há organizações não-governamentais nos nossos países que dizem financiar projectos pacíficos, mas temos que ter muita atenção para ver onde é que os dinheiros vão parar".

O Presidente não adiantou pormenores, mas é claro que suspeita que países do Golfo Árabe estejam a financiar os terroristas. O que ainda está por ser provado. Em todo o caso, o Boko Haram é suficientemente poderoso para fazer o exército nigeriano parecer incapaz e para obrigar cinco Estados da região a uma colaboração militar.

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