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Vida volta à normalidade em Nampula

Nelson Carvalho (Nampula)7 de fevereiro de 2014

Em Nampula-Rapale, na província nortenha de Nampula, Moçambique, a população regressa às suas zonas de origem e às suas atividades diárias depois da crise militar. E pedem aos governantes empenho nas negociações.

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Populares em Nampula, MoçambiqueFoto: UFRGS

As comunidades de Muthipa, Navevene, Napome e Caramaja, no posto administrativo de Mutivasse, distrito de Nampula-Rapale, já estão a regressar às suas casas.

Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2013, viviam com receio dos confrontos militares entre os homens da RENAMO, o maior partido da oposição, e o exército governamental. Por causa disso, elas refugiaram-se na sede do distrito e capital provincial de Nampula.

Alguns camponeses já voltaram a cultivar as suas machambas e outros pedem sementes e instrumentos agrícolas para iniciarem a campanha da segunda época agrícola.

Segundo o residente Manuel Mário, graças à atividade de sensibilização do Governo local, os habitantes conseguiram voltar às suas zonas de origem e retomar a produção agrícola, já sem medo dos homens da RENAMO. "Estamos a viver normalmente e pedimos ao Governo que nos ajude, estamos a viver livremente e não há problema nenhum", apela.

Carlos Evaristo, outro habitante de Mutivaze, disse que as matas que serviam de esconderijo aos guerrilheiros da RENAMO estão a ser transformadas em campos de produção.

Populares querem mais empenho nas negociações

O habitante de Mutivaze, entretanto, quer mais do que isso: "Pedimos ao Governo que ajude a população toda e gostariamos que reforcassem o diálogo, porque o país está a desenvolver, está no bom caminho e cada um já sabe o que procura."

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Nampulenses na luta pelo líquido preciosoFoto: Petra Aschoff

Carlos Evaristo conta também que naquele local há uma habitação pertencente a um membro da RENAMO, que servia de esconderijo aos homens armados do partido. O homem da RENAMO encontra-se agora em lugar incerto.

Apesar da situação estar tranquila a campanha agrícola foi afetada, como conta Evaristo. "Está-se a produzir, mas haverá problemas por causa do tempo, a limpeza das machambas foi entre outubro e novembro e agora é tempo de limpar e não de semear, mas alguns já estão a semear por ver que se atrasaram."

Mas nem essa situação desanima Evaristo. "Está tudo a correr normalmente, o que mais se queria era estarmos tranquilos", desabafa.

Manuel Mário e Carlos Evaristo pedem ao Governo de Moçambique e às autoridades policiais que façam patrulhas e vigilância aos homens da RENAMO que por ventura possam tentar destruir as suas machambas e habitações que conseguiram reerguer após os ataques. "Estamos a viver normalmente e pedimos ao Governo que nos ajude, estamos a viver livremente e não há problema nenhum", afirmam.

De acordo com o administrador de Nampula-Rapale, Armindo Gove, o distrito pode ser um dos fornecedores de produtos agrícolas e outros bens valiosos, devido às riquezas e potencialidades de que dispõe. Mas sustenta que isso passa necessariamente pela consolidação de um clima de harmonia social.

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Uma escola primária em MomaFoto: Petra Aschoff

Sinais de tranquilidade

Para o governante, há três tipos de governantes: uns que produzem e fazem as coisas acontecerem, outros que se limitam apenas a assistir e outros ainda que não produzem e nem sequer deixam que os outros produzam.

Armindo Gove conta como está a ser o regresso a normalidade na região: "As populações regressaram as suas zonas de origem estão a tentar inserir-se na atividades em curso no distrito, nomeadamente na campanha agrícola 2013/2014."

As eleições gerais estão à porta. Facto que, segundo o admnistrador, tem a ver com a reinserção das atividades da população. "Estão a inserir-se no processo de realização das eleições-gerais e os jovens estão a recensear-se no serviço militar", precisa.

Muitas escolas estiveram encerradas durante os confrontos, prejudicando as crianças. Mas Armindo Gove garante que a situação está ultrapassada. "Por exemplo, a escola que estava fechada em Navevene por causa dos confrontos reabriu as portas, o ano letivo começou e as crianças de Navevene estão a estudar", exemplifica.

De acordo com jornal “Nova Era”, editado na cidade de Nampula, na região de Mutivasse, a população já realiza atividades culturais na calada da noite, o que não acontecia desde os três últimos meses do ano passado.

O posto administrativo de Mutivaze, distrito de Nampula-Rapale, situado ao longo do corredor de Nacala, conta com mais de 15 mil habitantes, de acordo com o censo geral de 2007.

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