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União Eletrónica: DJs angolanos e europeus se encontram em Luanda

Fátima Valente / Karina Gomes9 de dezembro de 2013

O evento é um programa de intercâmbio cultural entre DJs de Angola e Europa. A ideia se consolidou em 2010 com a parceria entre representações culturais e diplomáticas dos dois continentes.

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Foto: Deutsche Botschaft Angola

Um dos efeitos positivos do União Eletrónica tem sido tornar as músicas e os ritmos angolanos mais conhecidos na Europa. Os DJs europeus levam experiências a Luanda e fazem projetos em conjunto com artistas locais. São três dias de evento. Além de promover intercâmbio entre os DJs, o União Eletrónica oferece workshops a jovens iniciantes.

“A ideia era por um lado fazer mais conhecida a música eletrônica e também encontrar pontos em comum entre Angola e Europa. Aqui, temos o estilo do kuduro que pode ser muito bem combinado com a música eletrônica”, diz Helena Viebrock, da Embaixada da Alemanha em Luanda.

A música eletrónica despontou em Angola na década de 1990, quando começaram a aparecer os primeiros DJs. “Naquela altura, era mais uma vertente techno. Nos últimos anos, tem sido uma vertente mais house, um Afro House muito ligado a nós angolanos”, explica o DJ Paulo Alves, um dos organizadores da festa em Luanda.

O Afro House, que surgiu no Sul da África, é o resultado do encontro entre a música africana e a eletrónica - uma novidade para os DJs europeus. “De certo modo, há alguma surpresa, porque eles estão habituados a um som mais ocidental. A nossa vertente do house é voltada para os nossos ritmos e percussões, aliada a uma fusão com o famoso kuduro”.

Intercâmbio

Além da Alemanha, participaram do União Eletrónica deste ano França, Espanha, Itália e Holanda. O DJ alemão Gebrüder Teichmann ficou surpreso com a adesão do público. “Nós tocamos música eletrónica ao vivo. A resposta foi muito boa e as pessoas, curiosas, vieram ter conosco. Na minha opinião, eles ainda estão a tentar perceber o som da Europa. Para os DJs locais foi muito mais fácil envolver a multidão”, avalia. O DJ é um grande fã do som de Luanda, desde os ritmos contemporâneos, como o kuduro, até as batidas dos anos 60 e 70, como o funk afro-cubano e o funk psicadélico. “A música eletrónica em África é muito improvisada. Eu acho que há grandes coisas que estão a serem feitas com poucos equipamentos - e baratos. Isso não torna a música desinteressante, mas sim, muito mais atrativa”.

Durante o evento, o DJ italiano Laowai testou unir batidas de techno e kuduro com faixas da banda portuguesa Buraka Som Sistema. “Eu acredito que se possa misturar o kuduro com o techno. Eu peguei os loops das músicas, passei para a música techno e foi ótimo. No meu próximo set quero usar esses loops, porque são maravilhosos”, conta.

O DJ angolano Silyvi tem acompanhado a evolução dos sons ao longo das edições do festival. Ele acredita que o encontro dos DJs europeus com a música eletrónica influencia a criação de novos sets. “Acabam sempre por levar alguma coisa nossa e nós acabamos sempre por influenciar de alguma maneira o som desses DJs. A música que nós fazemos é um bocado a mistura da nossa kizomba também. A nossa forma de tocar guitarra é posta na música eletrônica. E isso acaba por criar um som completamente diferente”, afirma.

Futuro
Para o DJ Leandro Silva, de Angola, é necessário haver mais subsídios para o desenvolvimento da música eletrónica em África. “Não temos tantos produtores ou DJs de música eletrônica em Angola. Se houvesse patrocínio, poderíamos estar juntos num estúdio” diz.

O DJ alemão Gebrüder Teichmann está empenhado em um projeto com músicos angolanos desde o ano passado. “Eu estive em Luanda no ano passado para participar de um projeto do Instituto Goethe voltado a jovens que conta com a colaboração de dez cidades europeias e africanas. Eu e o meu irmão fazemos parte da curadoria. É um projeto sobre música e subculturas musicais”.

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Buraka Som Sistema
O DJ italiano Laowai fez um set com músicas da banda portuguesa Buraka Som SistemaFoto: Simon Frederick