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"Turismo social" é a despalavra de 2013 na Alemanha

14 de janeiro de 2014

Termo surgiu do temor de conservadores na União Europeia de que abertura a migrantes de países mais pobres do bloco gere abusos e fraudes na obtenção de auxílio do Estado. Estudos e estatísticas provam o contrário.

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Sozialtourismus (Unwort des Jahres 2013)
Foto: picture-alliance/dpa

Como já é tradição anual na Alemanha, um júri de especialistas anunciou nesta terça-feira (14/01) a "despalavra do ano" – termo usado para designar uma palavra ou expressão amplamente utilizada e especialmente infeliz na sua construção ou significado. Entre as 1.340 sugestões enviadas, o júri formado por quatro linguistas e um jornalista escolheu Sozialtourismus (turismo social).

"Alguns políticos e meios de comunicação fazem propaganda descarada contra imigrantes indesejados, especialmente do leste da Europa", justificou o júri. "Isso discrimina pessoas que por pura necessidade procuram um futuro melhor na Alemanha e encobre que têm um direito fundamental a isso".

A "despalavra do ano" é escolhida desde 1991. Como em vezes anteriores, o júri se decidiu por uma palavra sugerida poucas vezes. No caso, três. A expressão já havia sido usada em 1989, quando em decorrência da queda do Muro de Berlim a então Alemanha Ocidental, mais rica, temia uma migração em massa de alemães orientais. ´

Realidade é outra

A plena liberdade de búlgaros e romenos de trabalharem em outros países da União Europeia (UE) desde o início do ano provocou um debate acalorado, inclusive com tons xenófobos, especialmente no Reino Unido e na Alemanha. O "turismo social" é usado pelos conservadores para advertir sobre um eventual colapso do sistema social devido ao uso "indevido" por migrantes.

Buslinie Bukarest-Dortmund 04.01.2014
Linha de ônibus entre Bucareste, na Romênia, e Dortmund, na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

O premiê do Reino Unido, David Cameron, acirrou o debate ao anunciar obstáculos para cidadãos da Romênia e da Bulgária: para ter acesso aos benefícios sociais, os recém-chegados deveriam ao menos ter tido um emprego no novo país.

A livre circulação de pessoas é um dos pilares da União Europeia. No entanto, ainda não aconteceu uma grande migração em massa dentro do bloco. Segundo a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 0,3% dos europeus migram por ano a um outro país da UE.

De acordo com a Comissão Europeia, hoje vivem 14 milhões de europeus em outros países do bloco, o que corresponde a 3% dos cidadãos da UE.

A Alemanha está atraindo muitos estrangeiros. Segundo o Departamento Federal de Estatísticas, em 2012 entraram 400 mil pessoas a mais do que saíram. Desde 1993 não haviam sido tantas. Na realidade, uma notícia boa para o país, cuja população está definhando.

Da mesma forma, a entrada de romenos e búlgaros é baixa. Desde que ambos os países ingressaram na UE, em 2007, cerca de 3 milhões de búlgaros e romenos emigraram para Estados do bloco.

Mais de três quartos deles optaram por Espanha e Itália, especialmente por razões linguísticas e porque lá não havia tantas restrições legais. A grande maioria dos emigrados da Bulgária e da Romênia deixa o país em busca de trabalho.

Segundo o Instituto de Mercado de Trabalho e Pesquisa Ocupacional, 9,5% dos romenos e búlgaros que vivem na Alemanha recebem benefícios sociais, portanto, muito abaixo da média da população estrangeira, que é de 16%. A grande maioria dos búlgaros e romenos que vivem na Alemanha paga impostos e contribuições sociais.

RW/dpa/kna