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Três meses de cultura latina em Hamburgo

Evan Romero-Castillo (mas) 19 de setembro de 2014

Cultura latino-americana estará em destaque num festival que acontece no Museu Etnográfico. Organizadores garantem ter cuidado para não reforçar estereótipos.

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Foto: Team Tango Orange

Embora Hamburgo desempenhe um papel importante dentro da maior economia da Europa, a cidade portuária no norte da Alemanha não dorme sobre os louros do sucesso. As autoridades locais estão em constante competição com os outros estados alemães para persuadir investidores estrangeiros a instalarem suas empresas na cidade. E elas sabem que o aspecto cultural tem um papel importante nas negociações.

Por isso, Hamburgo organiza eventos especiais, como China Time e India Week, e agora o primeiro Outono Latino-Americano, festival que começa neste domingo (21/09) no Museu Etnográfico. O evento reúne concertos, dança, teatro, cinema, culinária e atividades para promover o espanhol. A cidade desembolsou 30 mil euros na organização e promoção do festival.

Os consulados latino-americanos de Hamburgo e a Fundação União Europeia, América Latina e Caribe também apoiam a iniciativa. "Nas últimas décadas, a tendência foi esquecer os vínculos entre Hamburgo e a América Latina ao longo dos séculos. Nossa cidade e as nações latino-americanas querem mudar isso. Hamburgo não quer reforçar laços apenas com a China", diz Wulf Köpke, diretor do Museu Etnográfico. Ele enfatiza que o festival é um projeto ambicioso.

Veranstaltungsreihe „Lateinamerika Herbst“ (Hamburg) 2014
O ensamble de jazz peruano Perfektomat faz parte do Outono Latino-AmericanoFoto: Joscha Oetz

Algo mais do que folclore e cultura pré-colombiana?

"Em sua primeira edição, o Outono Latino-Americano destacará a gastronomia, história e tradições de Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru, Uruguai e Venezuela", diz Maria Alejandra Diaz Huertas, coordenadora do festival, deixando a impressão que a curadoria do evento se concentrou nos aspectos mais conhecidos dos países ao sul do Rio Bravo: o legado das civilizações pré-colombianas e as manifestações folclóricas.

Se alguns países do continente estão na mira de Hamburgo pela ascensão do seu desenvolvimento industrial e tecnológico, cabe a pergunta por que características modernas e cosmopolitas desses países não fazem parte do programa do festival. Onde estão as exposições com o trabalho de artistas contemporâneos e designer gráficos da região? As mostras de animação digital, apps e jogos de videogame feitos na América Latina? Os shows de rock e hip hop? O festival não reforçará o estereótipo de que o talento latino-americano se resume ao artesanal?

Quebrar estereótipos

"Sempre se corre esse risco. Por outro lado, esse é o primeiro Outono Latino-Americano, e o festival dura três meses; por isso temos tempo de sobra. Não é necessário mostrar todos os aspectos da cultura latino-americana de uma vez só", argumenta Köpke. "Nós não queremos deixar de fora nenhuma área da cultura. Portanto, além do folclórico, também incluímos concertos de música clássica e jazz, oficinas de literatura contemporânea e filmes atuais", acrescenta Diaz Huertas.

"Um recital do violoncelista cubano vai abrir o Outono Latino-Americano, e o violoncelo não é um instrumento que os hamburgueses associem imediatamente a Cuba ou à América Latina. Acabar com esses preconceitos também é um dos nossos objetivos", diz o diretor do Museu Etnográfico.

O festival Latineamerika Herbst (Outono Latino-Americano) acontece no Museu Etnográfico de Hamburgo até 21 de dezembro.