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Tribunal aprova abertura de polêmico museu de cadáveres em Berlim

19 de dezembro de 2014

Subprefeitura classifica veredicto de "bizarro" e considera apelar da decisão. Em debate está se os corpos "plastinados" do anatomista alemão Von Hagens são ou não cadáveres.

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Anatomista Gunther von Hagens ao lado de um corpo "plastinado"Foto: picture-alliance/dpa/A. Heimken

Após meses de discussão, o Tribunal Administrativo de Berlim aprovou nesta sexta-feira (19/12) a abertura do polêmico museu de cadáveres do médico alemão Gunther von Hagens, que desenvolveu uma técnica de conservação conhecida como "plastinação". O anatomista alemão ficou conhecido no mundo inteiro por meio de sua exposição de corpos "plastinados" Körperwelten (Mundos dos corpos).

A prefeitura regional do bairro de Mitte, onde o museu deverá ser instalado, na Alexanderplatz, havia proibido a abertura com base na lei funerária berlinense, que proíbe a exibição pública de cadáveres. A decisão do tribunal administrativo, no entanto, é favorável à argumentação do operador do museu.

Segundo o tribunal, a legislação funerária berlinense de fato proíbe a exibição pública de cadáveres, mas não abrange os corpos que teriam sido preparados para esse fim. O tribunal explicitou que a legislação teria como objetivo o rápido enterro do falecido, e que corpos "plastinados" nem mesmo são destinados ao sepultamento, pois não apodrecem.

Porträt - Gunther Von Hagens
Von Hagens entre dois de seus corpos "plastinados"Foto: Getty Images

A curadora do museu, Angelina Whalley, esposa de Hagens, disse que a decisão é uma boa notícia para a liberdade científica. O museu deverá abrir em janeiro do próximo ano. A mostra permanente contará com 20 cadáveres preparados e mais 200 objetos de exposição.

Cadáveres ou não?

Em entrevista à emissora rbb-Inforadio, Christian Hanke, subprefeito de Berlim-Mitte, disse, no entanto, que o veredicto escrito será "avaliado rigorosamente" e que a justificativa, por ora apresentada só oralmente pelo tribunal, "não teria sido convincente".

"O que foi proferido é que os corpos a serem expostos não seriam cadáveres porque não se pode enterrá-los e porque eles não apodrecem", disse o político social-democrata.

Hanke classificou de bizarra a argumentação do tribunal. "Examinamos muitas decisões da Justiça – inclusive veredictos semelhantes do Tribunal Administrativo Superior – e todas indicam que 'plastinados' também são cadáveres."

Representantes eclesiásticos, políticos e urbanistas também protestam há meses contra os planos de abertura do museu. Segundo Bertold Höcker, diretor do círculo eclesiástico do bairro de Berlim-Mitte, a exposição pública de mortos contradiz o direito à dignidade humana, dentro da visão cristã.

Cordula Machoni, pastora de uma igreja vizinha ao planejado museu, disse que, "apesar do veredicto, corpos 'plastinados' continuam a ser pessoas mortas. E mortos não são objetos de exposição".

CA/epd/dpa