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Tratar infectados por ebola exige medidas estritas de segurança

Peter Hille (cn)30 de julho de 2014

Morte de médico de Serra Leoa que tratava vítimas do vírus mostra o quão elevado é o risco de contágio. Doente deve ser isolado, e ideal é que enfermeiros usem roupas especiais e as incinerem após contato com infectado.

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Foto: picture alliance/Hagen Hellwig

A possibilidade de tratamento na Alemanha não conseguiu salvar Sheik Umar Khan. O médico de Serra Leoa e herói nacional foi infectado pelo vírus do ebola ao cuidar de centenas de pacientes. O caso mostra o perigo representando pela doença, que já matou mais de 600 mortes na África.

De um posto de atendimento da organização Médicos sem Fronteiras, em Kailahun, no oeste do país, Khan seria levado ao hospital universitário de Hamburgo. Mas, nesta terça-feira (29/07) foi divulgado que ele estava muito fraco para o voo e, mais tarde, que havia morrido.

O hospital em Hamburgo permanece preparado para receber um paciente com ebola. A clínica no norte da Alemanha havia recebido um pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada. As autoridades de saúde de Hamburgo ativaram, então, os funcionários responsáveis por epidemias e informaram estar prontos para organizar a viagem de Khan em poucas horas. Do aeroporto, os bombeiros transportariam o paciente num helicóptero especialmente preparado para o hospital universitário de Hamburgo.

Roupa de "astronauta"

"As medidas de segurança que tomamos são tão abrangentes que é possível afirmar que a população está segura. E os agentes de saúde que trabalham no local são amplamente protegidos e não precisa haver preocupação com relação a isso", disse Stefan Schmiedel, diretor da estação especial de tratamento em Hamburgo.

A clínica tem seis camas reservadas para esse tipo de tratamento, numa parte separada do restante do prédio. Nenhum líquido, gás ou partícula pode vazar dessa essa estação de isolamento.

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Estação de isolamento é segura, afirmam médicosFoto: picture alliance/dpa

Para chegar ao local, é preciso passar por três compartimentos de bloqueio. No primeiro, a pressão do ar é ligeiramente reduzida; no segundo e no terceiro, a redução é cada vez maior. Assim, é garantido que o ar só transite de fora para dentro. Até agora, essa estação só foi usada em treinamentos.

Os médicos e enfermeiros vestem um uniforme de segurança especial, parecido com o utilizado por astronautas. Dentro dessa roupa, a pressão é positiva, ou seja, a pressão interna é maior do que a externa. Assim, o suor permanece dentro dela, e o ar exalado é filtrado.

Trabalhar com esse uniforme é exaustivo. Segundo Schmiedel, três horas é o máximo que se aguenta dentro dele. Depois de usadas, as roupas são queimadas, pois é muito difícil desinfetá-las.

Chances de cura

O vírus do ebola é extremamente perigoso - mata, em geral, em menos de nove dias. Ainda não há um medicamento para curar essa doença. No entanto, o corpo humano é capaz de combater o vírus, afirma Schmiedel. Mas isso só é possível quando as funções do organismo são mantidas estáveis.

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Mais de mil casos de ebola já foram confirmados no oeste da África, segundo a OMSFoto: picture alliance/AP Photo

Para isso, a respiração do paciente e suas funções intestinais são mantidas artificialmente, e sua temperatura é regulada. Além disso, ele recebe soro constantemente, pois perde muito líquido devido aos vômitos e à diarreia.

Em Hamburgo, tratamentos experimentais poderiam ser aplicados em pacientes com ebola, diz Schmiedel. Assim, receber pacientes com esse vírus poderia, talvez, trazer avanços nas pesquisas médicas nessa área.

Mesmo sem o vírus ter sido trazido para a cidade, pesquisadores de Hamburgo já estão trabalhando há meses nas regiões do surto. Desde março, médicos do instituto hamburguês Bernhard Nocht comandam um laboratório móvel na Guiné, onde o surto de ebola começou.