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Tradição judaica da Festa das Luzes coincide com o Natal em 2014

Natalia Manczyk18 de dezembro de 2014

Uma das festas mais importantes para o judaísmo, o Chanucá envolve muito simbolismo. Jantares, velas e brincadeiras fazem parte da comemoração, que em 2014 segue até o dia 24 de dezembro, coincidindo com o Natal cristão.

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Foto: DW/N. Manczyk

Todos os anos, após o pôr do sol do 24º dia do mês judaico de Kislev começam as comemorações do Chanucá, feriado religioso também conhecido no Brasil como a Festa das Luzes. Em 2014, a comemoração começou nesta terça-feira (16/12) e segue até o dia 24 de dezembro. Por oito dias consecutivos, quando muitos lares já estão iluminados para o Natal, a luz também fica mais intensa na casa de judeus de todo o mundo.

Todo ano a terapeuta ocupacional Miriam Markus, de São Paulo, oferece um jantar tradicional para celebrar o Chanucá, uma das festas mais importantes do judaísmo. Este ano 29 parentes compareceram. Celebrar a Festa das Luzes em família é uma tradição milenar, seja em casa, seja na sinagoga. No entardecer do dia 16 de dezembro, independente de onde estejam, todos os judeus acendem a primeira das oito velas da Chanukiá, candelabro de nove braços típico do feriado de Chanucá.

Luz contra a escuridão

Segundo o costume, não basta acender as velas em casa, é preciso espalhar a luz. Por isso, o candelabro deve ser aceso próximo de uma janela ou de uma porta, de modo que fique de frente para a rua.

"Assim, iluminamos a escuridão que reina ao redor das nossas casas. Enquanto a casa é quente, clara e acolhedora, a rua é escura. Um pouco de luz é capaz de expelir a escuridão, isto é, as coisas negativas que nos circundam. Uma pequena ação consegue levar a luz a um ambiente todo", explica o rabino Yasha Dayan, da Sinagoga do Morumbi, em São Paulo.

Rabbi Yasha Dayan
Rabino Yasha Dayan, da Sinagoga do MorumbiFoto: Divulgação Sinagoga do Morumbi

Por isso, em grandes cidades como São Paulo, Berlim e Nova York estão espalhadas nas ruas diversas Chanukiot (plural de Chanukiá). Em São Paulo, por exemplo, os shoppings Cidade Jardim e Iguatemi, a Avenida Paulista e o supermercado Carrefour são alguns dos lugares onde Chanukiot marcam presença.

"Com essas ações, queremos que o mundo seja mais livre e que as pessoas possam expressar sua fé com liberdade. É esse o sentido de Chanucá", diz o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP).

A origem da tradição

O hábito de acender as oito velas e o simbolismo que envolve tanto a luz quanto a liberdade religiosa está baseado em uma história que teria acontecido no ano 165 a.C, descrita em livros como o Talmud. Nessa época, Israel era governado pelo rei assírio Antiochus IV, um tirano que impôs a cultura helenística e, nas palavras do rabino Schlesinger, proibiu os "judeus de serem judeus".

Com um pequeno exército, os rebeldes, conhecidos como macabeus, reconquistaram o Templo Sagrado de Jerusalém e conseguiram restaurar a cultura judaica. Foi durante a reconquista que, para os judeus, ocorreu o "milagre da luz".

Chanukka in Berlin
Berlim abriga a maior Chanukiá da EuropaFoto: Reuters/F. Bensch

Para purificar o templo após a retomada, seria preciso acender ali a Menorá (candelabro de sete braços) com azeite puro. Entretanto, os macabeus encontraram somente uma pequena ânfora com o óleo, em quantidade suficiente para durar apenas um dia. Entretanto, segundo a lenda, a chama permaneceu milagrosamente acesa por oito dias, tempo necessário para que os macabeus conseguissem produzir um novo azeite.

Costumes

Para lembrar o feito, são servidas nas sinagogas e nos encontros em casa comidas fritas em óleo. O menu típico inclui sonhos (sufganiyot) e panquecas de batata ralada (latkes). Costume menos difundido, mas ainda assim presente, é preparar pratos baseados em laticínios, como bolinhos de queijo. Na casa de Miriam, já que a fritura é o principal, o jantar inclui ainda croquetes, quibe de abóbora e torta de queijo gruyère.

"Festas judaicas como a de Chanucá têm um valor histórico. Mas o mais curioso é que mesmo que a história tenha acontecido há mais de dois mil anos, as tradições se mantêm e passam de geração para geração. Se os costumes fizessem parte só dos estudos bíblicos, o conhecimento ficaria na mão de poucas pessoas. Com tantos encontros familiares e eventos, todos se envolvem", diz Miriam, lembrando também a filosofia dos rabinos: de que a luz dessa época do ano deve se espalhar.