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Telefone celular guarda tesouro em matérias-primas

6 de fevereiro de 2013

Cada vez mais funcional, o telefone celular é hoje um verdadeiro faz-tudo, em todas as partes do mundo. E pouca gente tem ideia dos materiais preciosos guardados nesta pequena caixa.

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Foto: picture-alliance/dpa

Diferentes tipos de metais permitem que os celulares ofereçam suas inúmeras funções. Cada aparelho traz apenas uma pequena quantidade desses metais – juntando vários, porém, a soma de materiais preciosos usados nos telefones é enorme. As matérias-primas estão ficando cada vez mais escassas e, consequentemente, mais caras. Mas, por que isso está acontecendo? Quais materiais serão usados na tecnologia do futuro? Aqui estão algumas respostas.

"Confiava-se que a Terra sempre ofereceria o tanto de matéria-prima que fosse necessário", resume Armin Reller, professor de Estratégia de Reservas da Universidade de Augsburg. Ele conta que durante muito tempo essa ideia perdurou entre cientistas e setores da economia. "Agora nós vemos um claro limite". E limite de disponibilidade é também limite de crescimento, pois a indústria se estrutura na tecnologia proporcionada por esses materiais.

Sem o lítio, por exemplo, o carro elétrico não tem como rodar. Sem o elemento índio, não há células solares, e sem os metais de terras-raras, controlados pela China, torres de energia eólica não funcionam. Novas possibilidades de extração precisam aparecer – caso contrário a contenção acabará se tornando um dogma da moderna sociedade de consumo.

Mais efetivo do que mineração

Uma possibilidade de manter as reservas é a reciclagem. Em uma tonelada de celulares, por exemplo, encontram-se 300 gramas de ouro. Para se ter uma ideia do montante, mineradoras calculam que em uma tonelada de rocha é extraído apenas um grama do precioso metal. No entanto, a maioria dos celulares usados vai parar em países africanos ou latino-americanos, ou vai para o lixo ou fica esquecida em alguma gaveta.

Até mesmo a Alemanha, que se considera "país da reciclagem", tem dificuldades em desenvolver um efetivo sistema de reaproveitamento do material de aparelhos celulares. Uma ideia que veio do setor político é fazer com que o cliente pague uma caução na hora da compra, a fim de forçá-lo a devolver o aparelho quando ele quiser trocá-lo.

 

A reciclagem de todos os metais usados na produção de um celular ainda é uma árdua tarefa para a ciência e a indústria. Dos quase 35 metais encontrados nos aparelhos, apenas uma pequena fração pode ser reciclada de maneira rentável. E isso vale não apenas para celulares, mas também para laptops, televisores e outros aparelhos eletrônicos – um imenso potencial em vista.

O sonho da reciclagem completa

De qualquer maneira, a ampliação da exploração de matérias-primas mundo afora não é a melhor solução. A questão moral ainda é muito forte, já que essa exploração é feita quase sempre às custas do homem e do meio ambiente. Pequenos garimpeiros trabalham muitas vezes sob condições miseráveis.

Nas montanhas do Congo, crianças retiram o tântalo, tão importante para a produção de microcapacitores, enquanto milícias financiam uma guerra com o comércio do material. Na China, o meio ambiente sofre com os resíduos químicos liberados com a exploração de metais de terras-raras.

Também por isso os centros de pesquisa estão em busca de uma revolução da reciclagem. Um deles está na Universidade de Hamburg-Harburg. A pesquisadora Kerstin Kuchta e sua equipe estudam um novo processamento do metal de terras-raras neodímio.

O sonho é alcançar uma sociedade que consiga viver para sempre apenas das matérias-primas que têm à disposição. "Ainda há muito a se fazer nesse sentido, pois não podemos continuar usando e depois jogar o resto fora". Teoricamente, seria possível reutilizar até 80% do material de um aparelho celular. Mas a realidade é bem diferente – pelo menos, até agora.

Autor:  Nicolas Martin (msb)
Revisão: Roselaine Wandscheer