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Tübingen: o vilarejo universitário

(am)4 de dezembro de 2004

A frase "Tübingen não tem universidade, Tübingen é uma universidade" caracteriza não só sua história como também seu presente: um quarto dos cerca de 84 mil moradores da cidade é estudante.

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A romântica cidade universitária às margens do NeckarFoto: Illuscope


O imponente castelo renascentista Hohentübingen, que ainda hoje abriga parte da universidade, domina o panorama da cidade. Abaixo do castelo está a Fundação Evangélica, uma construção não menos impressionante, que data de 1536. Renomados poetas e pensadores alemães têm seus nomes ligados à Fundação: o astrônomo Johannes Kepler estudou ali a partir de 1587. Os poetas Friedrich Hölderlin, Wilhelm Hauff e Eduard Mörike, bem como os filósofos Georg W.F. Hegel e Friedrich Wilhelm Schelling também foram alunos dessa instituição.

A parte antiga de Tübingen é tão idílica que cabe perguntar se ali vivem realmente pessoas, ou esse cenário não passa de um refinado projeto de museu intitulado "antiga e honrosa cidade universitária". Na verdade, parece que o tempo parou em Tübingen, de tão provinciana e tranqüila que é a cidade. Já há 150 anos os professores se referiam à cidade como "um vilarejo universitário". De certa forma é assim até hoje.

Seguramente o fato de tantos estudantes se deslocarem à pequena cidade às margens do Rio Neckar se deve à especial atmosfera de Tübingen, que se mantém praticamente inalterada há 500 anos. Com suas ruelas tortuosas, estreitas e íngremes e as pitorescas casas de enxaimel, Tübingen é a quinta-essência da cidade romântica alemã. A paisagem mais fotografada de Tübingen é, com certeza, a margem do Neckar, com suas fileiras de frontões e a Torre de Hölderlin, onde o genial poeta, que perdeu a razão, viveu seus últimos anos.

Na periferia sul, entretanto, começa o futuro em contraposição ao cartão-postal idílico de Tübingen. Antigos quartéis deram lugar a um bairro novo, com construções futuristas de vidro e metal, formando um complexo de moradias, lojas e escritórios. Uma atmosfera de cidade grande nas aforas do "vilarejo".

Estudar na melhor tradição acadêmica

Os moradores de Tübingen vivem a tradição de uma maneira bem natural: vão ao cinema pelas ruelas por onde andaram Hegel e Hörderlin; discutem sobre o cotidiano atual em prédios históricos, usando as mesas em que gerações de estudantes gravaram seus nomes; ensinam e estudam em faculdades onde os grandes "crânios" de Tübingen fizeram história nas ciências. Tudo isto contribui para o mito de Tübingen.

A Faculdade de Medicina, berço das ciências experimentais, sempre ocupou um lugar de destaque. A primeira Faculdade de Ciências Naturais em uma universidade alemã foi fundada em Tübingen,em 1863. Hoje os institutos especializados em pesquisa e tecnologia médicas situam-se entre os primeiros do mundo. Mas a universidade também deve seu renome à tradição de suas faculdades de Filosofia e Teologia.

Hans Küng
O professor de Teologia Hans Küng criou em Tübingen a renomada Fundação da Ética Mundial (Weltethos Stiftung)Foto: AP

O castelo Hohentübingen, que pertence a Universidade desde 1816, abriga os mais diversos institutos. Ali egiptólogos se cruzam com estudiosos do Oriente, arqueólogos, etnólogos ou especialistas em pré-história.

A Universidade de Tübingen cultiva há muito tempo um intenso contato com escolas superiores estrangeiras. Atualmente há mais de 100 acordos de cooperação com universidades de 35 países, inclusive o Brasil. Nos últimos 20 anos foram intensificados os contatos com universidades e escolas norte-americanas. Cerca de 10% dos universitários de Tübingen são estrangeiros.

Exemplo de cidade romântica

O dia-a-dia em Tübingen é tão tranquilo quanto as águas do Rio Neckar, que atravessa a cidade. Grande parte da cidade velha é um calçadão, sendo proibido o trânsito de veículos. Não há barulho de automóveis, nem buzinas quebrando o idílio medieval. No verão, os estudantes se encontram na pequena ilha fluvial do Neckar ou nos vários cafés do centro histórico para ler ou bater um papo. Em Tübingen, nada fica muito distante, as salas de aula e os bares estão bem próximos.

Tübingen é uma cidadezinha acolhedora, onde todos se sentem em casa. Ao contrário das grandes metrópoles, conhecidos encontram-se pelas ruas a toda hora. O ponto de encontro favorito é a Marktplatz (Praça do Mercado), o coração da cidade. Lá vão parar obrigatoriamente os milhares de turistas que a pitoresca cidade atrai todos os anos.

O que chama a atenção dos turistas não passa de monótono e provinciano para os moradores. Em nenhum lugar da cidade, por exemplo, há uma grande loja de departamentos. No final de semana, a cidade parece morta. Já na sexta à tarde, depois da última aula, muitos estudantes saem de Tübingen. Também durante o período de férias são os turistas que dão vida à cidade. Duas vezes por ano, no entanto, Tübingen fica realmente agitada.

Canoas e música brasileira

Gemälde von Erich Heckel - Tübingen
O quadro intitulado 'Tübingen' do expressionista Erich HeckelFoto: AP

Desde 1956 acontece, em junho, a grande corrida de canoa. Seus condutores dão impulso às embarcações longas e estreitas com grandes varas, que são fincadas no fundo do rio. Cerca de 40 equipes, com nomes esdrúxulos como "defuntos da água", disputam este campeonato. A equipe vencedora recebe 200 litros de cerveja como prêmio. A perdedora tem que ingerir 3 litros de óleo de fígado de bacalhau. Nesta corrida estão sempre presentes os membros das corporações estudantis, que tanto em Tübingen como em outras cidades universitárias tradicionais (Freiburg, Göttingen e Heidelberg), desempenham um papel importante.

O segundo grande evento é o Festival Brasileiro, em julho. É o maior festival de música do gênero na Europa, que atrai multidões à Marktplatz da cidade.

No mais, quem sente necessidade de se recuperar de tanta tranqüilidade e respirar ares de cidade grande, não precisa ir muito longe: Stuttgart fica a apenas 40 quilômetros.