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Solidariedade dos guineenses mantém Hospital Simão Mendes a funcionar

17 de abril de 2012

O golpe de Estado na Guiné-Bissau veio complicar a vida do Hospital Simão Mendes que já funcionava com dificuldades. Na página do hospital no Facebook têm-se sucedido os pedidos de ajuda. E as respostas foram céleres.

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3. Eine Frau kümmert sich um ein angehörige in Hospital Simão Mendes. Das Photo würde in Bissau in Juni 2009 gemacht. Fotografin ist Helena de Gouveia.
Guinea Bissau Afrika KrankenhausFoto: DW

Imagine um hospital onde falta tudo: material de emergência médica, alimentos para doentes e pessoal, combustível para os geradores e combustível para as ambulâncias. Este é o retrato, terrível, mas real, do  Hospital Nacional Simão Mendes em Bissau.Com pragmatismo a enfermeira-chefe, Ema Paula Albino  diz “está a funcionar a meio-gás, mas vai funcionando”.

Desde a insurreição militar de quinta-feira passada (12.04), que a prestação de serviços de saúde na capital guineense, que já era deficitária - só para se ter uma ideia no Simão Mendes os doentes levam os seus próprios lençóis, muitas vezes a sua própria comida e medicamentos - se tornou ainda mais complicada.

O Facebook como tábua de salvação

Guinea Bissau's soldiers leave a news conference at the military headquarters in the capital Bissau, March 19, 2012. Guinea Bissau's former head of military intelligence, Samba Diallo, was shot dead at a bar near his residence in the capital Bissau late on Sunday, hours after citizens voted peacefully in a presidential election, witnesses and a security source said. REUTERS/Joe Penney (GUINEA-BISSAU - Tags: POLITICS MILITARY CIVIL UNREST)
O golpe militar veio complicar ainda mais a prestação de serviços médicosFoto: REUTERS

Habituados que estão a lidar com obstáculos o pessoal médico não cruzou os braços recorreu ao Facebook para lançar vários apelos pedindo alimentos para os doentes, água e material cirúrgico e de emergência.

Pode faltar muita coisa na Guiné- Bissau, mas solidariedade não. A resposta aos apelos do Simão Mendes, esmagadora num dos países mais pobres do mundo, não tardou a chegar. “As pessoas doaram géneros de primeira necessidade”, conta Ema Paula Albino. E à medida que as doações foram chegando as fotografias foram sendo publicadas no Facebook, no comentário a uma delas alguém escreveu "não sei se sabem o que é passar fome, eu sei, por isso quis ajudar os doentes do Simão Mendes".

O arroz, óleo, a água, o leite em pó  oferecidos por  particulares, ONGs, empresários e recolhidos por jovens guineenses foram partilhados com outro estabelecimento médico em carência, o Hospital Raoul Follerou, que acolhe pacientes com SIDA ou doenças infeciosas. Esta segunda-feira (16.04) também sete mil litros de combustível foram doados por um privado para manter os geradores do Simão Mendes a funcionar. Por hora o hospital consome cerca de quarenta litros.

Um enfermeiro para 123 camas

2. Frauen warten vor der Pädiatrie in Hospital Simão Mendes in Bissau. Das Photo würde in Bissau in Juni 2009 gemacht. Fotografin ist Helena de Gouveia.
Mães à espera na Pediatria do Hospital Simão MendesFoto: DW

A greve nacional convocada terça-feira (17.04) como forma de protesto contra o golpe de Estado e o medo de alguns trabalhadores também tiveram o seu impacto. Um exemplo? “Vemos um serviço como a Pediatria do hospital onde para 123 camas há um enfermeiro, mas graças à boa vontade de dois enfermeiros, um italiano e outro espanhol já temos três enfermeiros na pediatria".

Apesar da generosidade dos guineenses a direção do Hospital continua inquieta. "A alimentação chega até ao final da semana, mas no bloco de urgência a anestesia, o material de sutura, pensos, compressas e luvas só chegam até quarta-feira", salienta, Johannes Mooji, o administrador. "Se não houver nenhuma emergência médica". Por isso, "todo o material de primeiros socorros que alguém queira doar é muito bem vindo", diz Ema Paula Albino.

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: António Rocha

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