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Solidão e depressão levam idosos ao suicídio

ef20 de dezembro de 2003

Solidão, sentimento de abandono, doenças e depressão caracterizam a vida dos idosos na Alemanha, levando ao suicídio uma de cada grupo de três pessoas com mais de 65 anos. De cada três vítimas, duas são homens.

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Símbolo do suicídio: carta de despedida, pistola e óculosFoto: BilderBox

A cada 47 minutos uma pessoa se suicida na Alemanha, conforme as estatísticas oficiais. Por ano, são onze mil suicídios, e a taxa aumenta rápido entre as pessoas com mais de 65 anos de idade. Ao contrário do que acontece nas tentativas suicidas de jovens, os idosos não gritam por ajuda na última hora. Eles são conseqüentes na sua decisão de acabar com a própria vida, porque acham que não vale mais a pena viver e que a vida não seria mais que um estorvo, como analisa o professor de psicologia da Universidade de Münster, Norbert Erlemeier.

As causas da decisão fatal são, na opinião do catedrático, uma combinação de sofrimento corporal agudo, graves doenças crônicas e depressão. Tudo isto é agravado com fatores de risco, como a solidão, experiência com perdas do parceiro e de uma profissão que nunca foi motivo de prazer. Sem encontrar na aposentadoria a tranqüilidade esperada durante os anos de labuta, muitos só encontram o caminho do suicídio.

Pobreza espiritual -

Existem muitas organizações na Alemanha dispostas a melhorar a qualidade de vida das pessoas na velhice, como a associação Amigos dos Idosos em Berlim. Seus membros, como Klaus Pawletko, conhecem as preocupações e necessidades prementes da sua clientela. A solidão é pesada demais para muitos, segundo ele, porque os filhos vivem noutra cidade e o parceiro ou parceira já está morto. Principalmente os idosos que vivem anonimamente nas grandes cidades quase não têm contato com outras pessoas e, via de regra, resvalam rápido para o isolamento social.

"Ninguém sofre fome na Alemanha, aqui não existe o fenômeno da pobreza material na velhice, mas existe a pobreza espiritual exatamente entre os idosos", destaca Pawletko, acrescentando: "É o estado da alma que, com freqüência, deprime, entristece e leva as pessoas a reclamar de perda de contato. E, o que é pior, quando a pessoa não tem mais contato com os filhos, não existem acontecimentos que os possam alegrar".

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Contato humano é de grande ajudaFoto: BilderBox

Mulheres lidam melhor com a situação

- Os homens se dão mais mal com tais situações que as mulheres, atesta Pawletko do alto de sua experiência: o temor de ser abandonados pelos outros os leva rápido ao desespero. Por isso muitos homens se enforcam, disparam tiros certeiros contra si mesmos e se jogam do alto de pontes ou de edifícios. Duas de cada grupo de três pessoas que se matam são homens. E, ao contrário das pessoas jovens que, na maior parte dos casos reagem com suicídio em situações extremamente graves, a maioria dos idosos planeja longamente a sua decisão de acabar com a própria vida. Quando acontecem situações temidas, como doenças graves, os homens executam o seu plano de morte, fazendo do suicídio o último ato de autodeterminação.

Falta discussão

- Psicólogos e psiquiatras ainda não desenvolveram estratégia alguma para combater o desengano total que leva ao suicídio. Mas, na opinião do psicólogo Georg Fiedler, da Universidade de Hamburgo, a maioria de seus colegas está convencido de que os idosos são totalmente sobrecarregados com as mudanças na velhice, principalmente porque a questão não é discutida na sociedade:

"Muitas pessoas ficam totalmente perplexas com a sua própria velhice. Quem tem uma idéia de que a velhice é uma evolução humana natural lida melhor consigo mesmo na terceira idade do que quem tateia no escuro cheio de medos e temores indeterminados".