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Situação do meio ambiente é alarmante, diz IUCN

Ivana Ebel23 de março de 2013

Entidade atua no Brasil desde 2010 e alerta para um agravamento da situação. O coordenador do escritório brasileiro diz que ações são lentas e estão em descompasso com a velocidade de deterioração dos ecossistemas.

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Foto: AP

Esta semana, o Futurando recebeu no estúdio a visita de uma representante da unidade alemã da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Mas o trabalho da entidade, fundada em 1948 na Suíça, é global. São mais de 1.200 entidades associadas, entre representantes governamentais e não-governamentais e cerca de 11 mil voluntários, entre especialistas e pesquisadores de 160 países. 

No Brasil, a IUCN abriu as portas em 2010, com um escritório em Brasilia, apos uma decisão tomada no Congresso Mundial da Natureza, em 2008, visando fortalecer a presença da entidade na América do Sul.  O coordenador nacional, o geólogo Luiz Merico, fala um pouco mais sobre o trabalho no país e revela uma situação preocupante. Apesar das intensas discussões, a situação ambiental só tem piorado no Brasil e no mundo.

DW Brasil: De forma geral, que avaliação pode ser feita quando à proteção do meio ambiente no Brasil?

Luiz Merico: O que se vem observando em escala global é uma piora das condições ambientais, e o Brasil está incluído. Temos uma piora da qualidade da água. As questões relativas à água estão se agravando: tanto aquelas relacionadas às águas superficiais como subterrâneas.

Continuamos perdendo espécies, ou seja, há uma erosão da biodiversidade muito forte em escala global e também no Brasil.

IUCN Brasilien
Foto: IUCN

A desertificação de áreas vem aumentando, as questões climáticas estão se agravando, sem que se consiga fazer um bom processo de mitigação e de adaptação a essas mudanças climáticas.

A ocupação da costa vem se intensificando. e, por conta das alterações climáticas globais, os oceanos estão mudando muito as suas características. No caso do Brasil, há a erosão das encostas e do solo. Há uma perda contínua do solo produtivo. São elementos que podem ser observados em escala global, mas também aqui de modo muito intenso.

Há um descompasso muito grande entre a degradação do meio ambiente, que avança em uma velocidade muito rápida, e as respostas que a sociedade consegue dar. No momento, mesmo que a gente tenha falado ou que faça muitas ações com relação à questão ambiental, o quadro é de piora. Essa situação que a gente vive hoje é muito grave. Não temos nenhum elemento que indique, de fato, melhorias ambientais.

A IUCN trabalha na organização de listas de animais em extinção. Qual é a situação do Brasil nesse aspecto?

Existem no Brasil muitos estudos relacionados a espécies ameaçadas, mas estão organizados dentro de metodologias diferentes. O desafio é fazer com que todo esse trabalho possa ser feito dentro de uma mesma metodologia, permitindo sua integração à base de dados mundial. Mesmo que o Brasil tenha hoje muitas informações, o maior problema é que esses dados acabam não sendo integrados aos dados globais.

Em que tipo de projetos e ações a IUCN está envolvida no Brasil?

Estamos trabalhando com áreas protegidas, que é um tema bastante tradicional na IUCN. Aqui trabalhamos com um recorte mais ligado a áreas de conservação municipais. Esse é um trabalho bem intenso.

Também com listas vermelhas de espécies ameaçadas, que é outra bandeira importante da atuação da IUCN. Explicamos como usar a metodologia da IUCN no Brasil, já que ela é globalmente reconhecida no mapeamento de espécies ameaçadas. Estamos também introduzindo o sistema de listas de ecossistemas, que vai além da espécies em risco.

Trabalhamos ainda a questão da restauração florestal, tentando juntar as iniciativas dispersas e dar uma escala maior, dar mais visibilidade. Atuamos ainda junto ao setor privado, para introduzir o tema biodiversidade e negócios, com a capacitação do setor empresarial.

Qual o foco do trabalho do escritório brasileiro da IUCN?

É trabalhar com a missão da IUCN, isto é, buscar soluções em direção à sustentabilidade. Isso envolve a articulação dos atores que trabalham com a questão ambiental, com biodiversidade, clima, desenvolvimento; a identificação de áreas de interesse comum, o levantamento de recursos financeiros, a viabilização de recursos humanos, o aporte de metodologias capazes de dar conta dos variados problemas. É todo um trabalho para facilitar os atores regionais e locais na busca pela sustentabilidade, fazendo isso em articulação global.