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Serra Leoa ainda sofre com traumas após dez anos de paz

Krieger, Renate21 de abril de 2012

Em 2012, a Serra Leoa comemora dez anos de retorno à paz após guerra civil entre 1991 e 2002, conhecida como "guerra dos diamantes de sangue". População sofre com traumas do passado, mas estresse não é visto como doença.

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Tanto tropas do governo quanto forças rebeldes cometeram atrocidades durante o conflito que, segundo as estimativas consideradas mais "conservadoras", matou 200 mil pessoas.

Atualmente, políticos pedem que a população tente esquecer o passado e se dedique ao desenvolvimento económico do país.

Porém, existe um assunto tabu na Serra Leoa - centenas de milhares de pessoas sofrem de estresse pós-traumático, têm ataques epiléticos ou sofrem de abuso de drogas, em consequência dos traumas da guerra civil. O problema do transtorno de estresse pós-traumático também é conhecido pela sigla TEPT.

Feridas abertas

Enquanto a guerra civil acabou na Serra Leoa em 2002, as cicatrizes do conflito ainda estão abertas. Centenas de milhares de pessoas ainda estão traumatizadas. Porém, existe apenas um psiquiatra qualificado no país ocidental africano. Especialistas entrevistados pela DW África acham que o preço que se paga por ignorar as cicatrizes da guerra é muito alto - e que, assim, não se passa lições para as gerações mais jovens.

O ex-ministro da Informação de Serroa Leoa, Julius Spencer, diz que jornalistas e políticos no país não acreditam que a população precise de ajuda para lidar com os choques e traumas pelos quais passaram.

"Estresse pós-traumático? Não o reconhecemos. Nem mesmo pensamos que isso existe", afirmou aos microfones da DW África. "Quando alguma pessoa se comporta de forma fora do ordinário, dizemos: oh, este aí é louco! Nós gozamos com essa pessoa na rua. Jogam pedras nelas. Se vires alguém perambulando pelas ruas, pode reconhecer alguns sinais", descreve.

Pobreza domina país rico em diamantes

Atualmente, na Serra Leoa, o desemprego juvenil é de cerca de 95%. E metade dos seis milhões de habitantes do país, tem menos de quinze anos de idade!

A consultoria de risco global e administração norte-americana Clayton International diz que assaltos à mão armada e invasões de domicílios estão aumentando no país. Sequestros de carros colocam em risco homens de negócios e turistas. E, especialmente em Freetown, têm aumentado os pequenos furtos.

Por outro lado, após anos de conflito, existem sinais pequenos, mas significativos de que a economia está começando a se recuperar. Especialmente chineses estão mostrando interesse no setor mineiro e no seu potencial de manufatura.

A Serra Leoa também tem uma riqueza em diamantes de dimensões ainda desconhecidas - segundo especialistas, pode ser uma fonte real de riqueza se for bem administrada e livre de corrupção.

Apresentado por Renate Krieger, o programa Contraste traz reportagem, a partir da Serra Leoa, do jornalista Trevor Gundy.

Autor: Trevor Gundy (Freetown)
Edição: Renate Krieger/António Rocha