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Revolverheld: "Estar numa banda é como um relacionamento"

Kate Müser (mas)23 de março de 2014

Banda de Hamburgo fala sobre amizade, relacionamentos, casamentos, filhos, carreira e até um pouco sobre as músicas e a turnê do novo álbum, "Immer in Bewegung".

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Foto: picture-alliance/dpa

Apesar do nome, que na tradução do alemão significa "herói do revolver", os integrantes do Revolverheld entendem o que é ser uma banda e conviver de forma pacífica. Com mais de uma década de existência, o quarteto formado em Hamburgo lançou recentemente seu quarto álbum, Immer in Bewegung (Sempre em movimento), e está em turnê pela Alemanha. A DW conversou com o vocalista Johannes Strate e o guitarrista Kristoffer Hünecke na estreia da turnê, em Colônia.

DW: O Revolverheld foi indicado ao Prêmio Echo, que será entregue no dia 27 de março. Vocês já receberam diversos prêmios durante sua carreira, além de quatro discos de ouro. É possível escolher o melhor em algo tão subjetivo quanto a música?

Johannes Strate: Todos os artistas dizem que prêmios não são importantes. Não fazemos música porque queremos ganhar prêmios, mas o Echo é o maior prêmio da indústria fonográfica alemã, então é uma grande honra ser indicado. Desta vez, fomos indicados em duas categorias – Radio-Echo e Melhor Banda de Rock/Pop Nacional – o que é provavelmente um dos maiores reconhecimentos que tivemos em nossa carreira. Queremos muito ganhar!

É uma escolha bem difícil entre vocês e o rapper Cro…

Kristoffer Hünecke: Mas o Cro usa uma máscara, então talvez ele seja feio.

JS: Talvez ele seja uma menina...

KH: Talvez ele seja um robô.

Vocês estão juntos por mais de uma década. Como descreveriam a amizade criada nessa convivência?

Die Band Revolverheld Flash-Galerie
A banda concorre à dois Prêmios Echo em 2014Foto: picture alliance / dpa

KH: É como um relacionamento. É como estar apaixonado desde o primeiro dia.

Vocês são mais próximos uns dos outros do que de suas namoradas?

KH: Algumas vezes. (risos)

JS: Dormimos na mesma cama.

KH: Sim, e passamos muito tempo no ônibus, é como na época da escola, quando os caras viajam juntos nas férias. Isso acontece todas as vezes que saímos em turnê e é muito legal. Você compartilha coisas que talvez você não compartilhe com sua namorada. É uma profunda amizade e um relacionamento musical caminhando lado a lado, e isso é algo muito bom.

Vocês se dão apelidos?

JS: Temos muitos apelidos. Jakob [Sinn, baterista] é o que mais tem apelidos. Nós o chamamos de Pinsel ["pincel" em alemão]. Eu nem sei por quê.

KH: Por causa do cabelo.

JS: Acho que nesse ano estamos nos chamando de "Herbert" e "Manni".

KH: Porque são nomes realmente bobos em alemão.

Vocês estão no começo de uma turnê. É difícil manter uma vida privada passando tanto tempo na estrada?

JS: Quando estamos em turnê, não temos vida privada. A banda é nossa vida privada. Dividimos todos os nossos problemas, e outras coisas mais, com os membros da banda. Todas as noites, todo mundo liga para as namoradas, e eu falo no Skype com o meu filho. Ele tem 1 ano de idade e acena para a câmera. É muito fofo!

Mas essa turnê é apenas nos países de língua alemã, então não vamos passar seis meses na estrada, mas vamos passar três semanas seguidas em turnê. Esse é o maior período que eu vou passar longe de casa depois do nascimento do meu filho Emil. Então eu não sei como eu vou me sentir daqui a duas semanas.

Recentemente, você ajudou um amigo a pedir sua namorada em casamento no vídeoclipe da música "Ich lass für Dich das Licht an" (Vou deixar a luz acesa para você). Você acredita no casamento?

JS: Eu acredito. Principalmente agora que fizemos o vídeo. O pedido de casamento de David para Saskia foi muito romântico. Conheço David desde o dia em que ele nasceu. Ele é como meu irmão mais novo. Então agora, acredito em casamento - mesmo que meus pais sejam divorciados.

Band Revolverheld
Depois de mais de dez anos juntos, o Revolverheld canta os dilemas da vida adultaFoto: picture alliance/BREUEL-BILD

O que faz um amigo ser perfeito ou uma namorada ser perfeita?

KH: Eu acredito que lealdade...

JS: Honestidade.

KH: Honestidade e lealdade são coisas muito importantes.

JS: Eu acho que você não tem que amar sua parceira todos os dias, todos os minutos, todos os segundos, e não tem que compartilhar tudo. Minha namorada não tem que ser minha melhor amiga. Eu tenho muitos bons amigos, com quem eu posso compartilhar várias coisas. Você precisa aceitar que vocês não têm que ter a mesma opinião sobre tudo em cada minuto de suas vidas. As pessoas são tão diferentes. Você têm que encontrar uma maneira de conviver bem e trabalhar constantemente o relacionamento.

KH: Estávamos falando sobre isso hoje de manhã durante o café da manhã. É um trabalho constante e tem que haver comunicação. Conheço muitos casais que não se comunicam mais. Eles conversam, mas não dizem nada de relevante. Talvez as pessoas esqueçam de dizer o que é realmente importante.

Você disse que canta as histórias de sua geração. Quais são os problemas que as pessoas de 30 e poucos anos estão enfrentando na Alemanha?

KH: Com certeza relacionamentos.

JS: A sociedade está mudando com a gentrificação. As cidades estão mudando, os bares estão fechando. Há dez anos, bebíamos em bares que hoje estão fechados e há enormes prédios de escritórios no lugar deles. Isso aperta meu coração. Todo mundo terminou seus estudos, está trabalhando, tendo filhos. A vida está ficando séria. Essas são as questões enfrentadas para quem está com 30 e poucos anos, dez anos antes da crise da meia idade. (risos)

As letras do novo álbum, Immer in Bewegung, (Sempre em movimento) são mais visuais e concretamente imagéticas do que seus álbuns anteriores. Isso é um reflexo de ter mais experiência de vida?

JS: Talvez. Esse é nosso quarto álbum de estúdio e trabalhamos muito nele. Quanto mais você aprende nesse processo do estúdio através dos anos, mais você tem para colocar no álbum. Levamos muito tempo para fazer esse disco. Gravamos um monte de músicas e fizemos muitas demos. Foram muitos passos antes de finalmente gravarmos as músicas do álbum.

KH: Em geral, nosso som mudou pouco. Queríamos fugir um pouco do que se espera de uma banda de rock, com guitarra, baixo, bateria e vocais. Queríamos construir grandes melodias e utilizar mais instrumentos, e realmente elevar nosso som, deixá-lo mais intenso.

Vocês têm histórias loucas de suas fãs para contar?

JS: Uma história bacana é que, há alguns anos, uma fã nos deu uma estrela. Você pode comprar um certificado e dar nome a uma estrela. Ela deu o nome de Revolverheld, presenteou a banda com o certificado e disse: "Tenho uma estrela para vocês". Não sabíamos o que dizer, e agora temos uma estrela Revolverheld.

KH: Eu sempre acho louco quando os fãs fazem tatuagens que reverenciam a banda, como o nosso logo ou apenas o nome Revolverheld.

Vocês têm uma tatuagem do Revolverheld?

KH: Claro que não, mas alguns de nossos fãs têm. É uma decisão deles e é OK, mas acho um pouco assustador.

Vocês estão no começo de uma turnê. O que os fãs podem esperar desses próximos shows?

JS: Será a maior turnê do Revolverheld de todos os tempos! Estamos levando um caminhão cheio de luzes, brinquedos e outras coisas divertidas.

KH: Está ficando cada vez maior. Tínhamos um caminhão pequeno, depois um médio e agora temos o maior caminhão que já existiu.

JS: Vamos tocar o set mais longo de nossa carreira, com mais de duas horas. Todos os shows já estão com ingressos esgotados.