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Mais um suicídio como no caso da LAM de Moçambique

Johannes Beck26 de março de 2015

O copiloto do avião alemão provocou deliberadamente a descida e recusou abrir a porta do 'cockpit' ao piloto, revelou o principal investigador. Há paralelismos com a queda do avião da companhia moçambicana LAM em 2013.

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Foto: picture-alliance/dpa/T. Niedermüller

O procurador francês Brice Robin, responsável pela investigação do desastre da Germanwings em França, afirmou que o copiloto estava sozinho nos comandos do avião no momento da queda. "Recusou voluntariamente abrir a porta do 'cockpit' ao piloto e voluntariamente iniciou a descida do avião", disse Robin.

Os investigadores chegaram a estas conclusões a partir da análise das gravações contidas numa das caixas negras do avião. Segundo elas, o copiloto Andreas Lubitz, um cidadão alemão de 28 anos da pequena cidade de Montabaur, a meio caminho entre Frankfurt e Colónia, não estava referenciado com qualquer ligação ao terrorismo. O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, também afirmou, nesta quinta-feira (26.03), que não tem indícios de um contexto terrorista relacionado com o copiloto.

O desastre do Airbus A320 na terça-feira (24.03.) foi a primeira queda de um avião da companhia de baixo custo alemã Germanwings e provocou 150 mortos. Nenhum passageiro ou membro da tripulação sobreviveu.

Frankreich Seyne-les-Alpe Germanwings Absturzstelle Trümmer
Lugar do desastre nos Alpes franceses próximo de Seyne-les-AlpesFoto: Thomas Koehler/photothek.net/Auswärtiges Amt/dpa

A Germanwings faz parte do grupo da Lufthansa, uma velha companhia de bandeira da Alemanha. A queda do voo Barcelona-Düsseldorf com o código 4U 9525 foi o pior acidente da Lufthansa nos 60 anos da história da empresa, segundo o presidente do conselho de administração, Carsten Spohr. "Não temos nenhuma ideia sobre o que poderia ter motivado o copiloto a tomar esta terrível decisão", disse Spohr. "Para mim, este é um incidente extremamente trágico", salientou o chefe da Lufthansa. "Estamos aqui, juntamente com os familiares e os amigos das vítimas perante um enigma gigantesco. Estamos tristes e vai demorar até entender o que realmente aconteceu."

Luftverkehr Mosambik
Um avião da LAM do tipo Embraer ERJ-190AR no aéroporto de Lichinga (foto de arquivo)Foto: DW/J. Beck

Paralelismos com a queda da LAM

A 29 de novembro de 2013, um avião da companhia estatal moçambicana LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) caiu por causa de um suicídio do piloto. O avião fazia o trajeto Maputo-Luanda quando se despenhou no Parque Nacional de Bwabwata, na Namíbia. Todas as 33 pessoas a bordo, 27 passageiros e seis tripulantes, perderam a vida.

As caixas negras do avião da LAM revelaram que a altitude do voo foi alterada manualmente três vezes, de 38 mil pés (cerca de 11.500 metros) para 592 pés (cerca de 180 metros), antes do embate do aparelho no solo.

Quando o avião caiu, a 29 de novembro de 2013, especialistas em aviação civil consideraram inicialmente inexplicável o acidente, do ponto de vista técnico, justificando que o avião brasileiro Embraer 190 é muito seguro, que a manutenção estava em dia, que o estado do tempo era bom na altura e que a equipa que pilotava o avião era experiente e competente.

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Nas semanas a seguir ao acidente, surgiram dúvidas sobre o estado psicológico do piloto. Notícias circulavam nas redes sociais a dar conta de que o piloto estaria perturbado emocionalmente devido a problemas pessoais.

Os resultados preliminares da investigação das causas do acidente pelo Instituto de Aviação Civil de Moçambique levantaram a hipótese de que o comandante do voo, Hermínio dos Santos Fernandes, teria provocado de forma intencional a queda do aparelho.

Mais tarde confirmou-se a teoria do suicídio. Cenário que se repetiu agora na Europa.

Caso da Germanwings

No caso do voo alemão, que caiu nos Alpes franceses próximo da localidade de Seyne-les-Alpes, sabe-se que, pouco depois de atingir a altitude de cruzeiro de 38.000 pés (11.500 metros), o avião iniciou uma descida rápida. A tripulação do Airbus não comunicou nenhum problema técnico ao controlo aéreo francês nem pediu autorização, como seria obrigatório no caso de mudanças de rota.

Germanwings Airbus A320 abgestürzt Anzeigetafel Flughafen Düsseldorf
Painel no aeroporto de DüsseldorfFoto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen

Sabe-se que o piloto esteve fora da cabine e que o avião foi comandado, como é prática comum, pelo copiloto. Segundo os investigadores franceses, o copiloto terá fechado a porta da cabine para impedir que o piloto voltasse a comandar o avião. O piloto bateu na porta e ainda tentou abri-la à força, mas em vão.

O impacto do choque com o solo foi tão forte que nenhum dos passageiros e nenhum membro da tripulação sobreviveu. Desde então, a Alemanha está de luto nacional pelas vítimas.

Cockpit des Airbus A320
"Cockpit" do Airbus A320 (foto de arquivo)Foto: picture-alliance/dpa/Airbus Industrie