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Qual o papel da oposição em Angola?

Nelson Sul D'Angola (Benguela)28 de março de 2014

Políticos, académicos e membros da sociedade civil reuniram-se em Benguela para debater o tema. Abel Chivukuvuku, da CASA-CE, diz que a oposição deve mostrar claramente como "será diferente dos que já estão a governar".

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Boletim de voto das eleições gerais de 2012 em AngolaFoto: Reuters

Antes de tecer duras críticas ao regime do Presidente angolano José Eduardo dos Santos, no poder há quase 35 anos, o presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, enumerou as linhas mestras que a oposição deve debater para a alternância no poder.

"Temos que abrir o Parlamento para a Comunicação Social. Este ano, as sessões do Parlamento têm de ser transmitidas em direto para que o povo saiba o que [os deputados] estão a fazer", disse esta quinta-feira (27.03.) o líder da terceira força política parlamentar no país, durante o debate organizado pela organização não-governamental Omunga.

"Temos que analisar bem a Comissão Nacional de Eleições (CNE). Como está, dá para confiar? Ou é melhor haver uma CNE mesmo independente? Temos que forçar o regime no poder a cumprir a Constituição da República de Angola e realizar as eleições autárquicas nunca realizadas, antes das eleições gerais de 2017", afirmou Chivukuvuku. "A alternativa tem que saber explicar ao cidadão em que será diferente dos que já estão a governar."

Abel Chivukuvuku, Präsident von CASA-CE
Abel Chivukuvuku, presidente da CASA-CEFoto: DW/ N. S. D'Angola

Nem vontade, nem programa

Apesar dessa vontade de alternância ao regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Abel Chivukuvuku comentou que muitos dos partidos da oposição angolana não têm vontade, nem programa para governar o país. Chivukuvuku foi mais longe nas críticas ao afirmar, por exemplo, que o Bloco Democrático (BD) é um partido sem visão para governar, "nem faz esforço para isso". Já o Partido de Renovação Social (PRS) teria um pendor nítidamente regionalista.

"Neste momento, o PRS é um partido de representação de uma realidade sociológica. Na sua agenda não está governar, nem faz parte dos seus planos tentar governar", disse o político. "O seu programa é defender o leste, defender as províncias das Lundas e o Moxico. E não fazem sequer um esforço de expandir. Quando discursam, o que dizem é 'queremos federalismo para o leste ficar autónomo'."

Oposição "mais atuante"

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O ativista cívico, Lucas Pedro Bias, que participou no debate da Omunga, considera que a oposição angolana deixa muito a desejar.

"A oposição tem sido muito infeliz porque não tem conseguido alcançar as expetativas do próprio cidadão", referiu. "Acho que tem de trabalhar muito, ser mais atuante e, se calhar, olhar mais para o interesse nacional, do que meramente para os seus interesses institucionais. E é isso que temos de começar a discutir, que os partidos políticos têm tido um orçamento anual em função da sua representatividade na Assembleia Nacional. E devem ser mais atuantes."