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PT oficializa candidatura de Dilma Rousseff à reeleição

Ericka de Sá, de Brasília 21 de junho de 2014

Convenção em Brasília serviu para reunir aliados e mostrar uma coligação unida. Lideranças reconhecem que eleição será difícil. Lula desfaz boatos sobre divergências.

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC

Com direito a coral infantil, painéis de LED, tuitaço e a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores oficializou neste sábado (21/06), em Brasília, a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. O evento também confirmou Michel Temer (PMDB) como candidato a vice.

"Nós fizemos muito, mas precisamos fazer muito mais, porque as necessidades do povo ainda são grandes", reconheceu Dilma, ao discursar longamente, após ter a candidatura confirmada pelos delegados do partido.

"Essa década [de governo do PT] não poderia ter resolvido todos os problemas que vêm se arrastando ao longo dos séculos", disse, ao pedir mais tempo para governar.

No discurso, Dilma também falou sobre os projetos sociais, a criação de empregos e de programas como o Mais Médicos e o Bolsa Família. A candidata prometeu seguir com os "pilares básicos" – solidez econômica e amplitude das políticas sociais – definidos em 2002. Sobre as obras da Copa, a candidata as justificou como "mudanças para o povo brasileiro".

A convenção nacional do PT contou com a presença de Lula, de governadores, senadores, deputados e ministros, além de representantes da base – que inclui partidos como PCdoB, PRB, PP, PSD, PMDB, PROS, PDT, formando a coligação Mais Brasil. O antigo aliado PTB rompeu a parceria com Dilma e declarou apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB).

Criador e criatura

Ao aparecer no painel de LED, instalado atrás do palco, Lula foi ovacionado. O ex-presidente pediu apoio ao projeto de reforma política. No discurso, negou o boato de divergências entre ele e Dilma.

Para Lula, a reeleição servirá para "provar que é possível uma presidente e um ex-presidente terminarem seus mandatos sem que haja nenhum atrito entre eles", sendo possível "o criador e a criatura viverem juntos em harmonia".

O ex-presidente falou das críticas aos casos de corrupção envolvendo o PT e desafiou os governos passados a mostrarem o que fizeram para combater a corrupção. "Aqui não se joga nada debaixo do tapete", disse.

A confirmação da candidatura firmou a plataforma da campanha. Suas diretrizes já haviam sido definidas no encontro nacional do partido em maio e incluem a promessa de um "novo ciclo de mudanças".

Brasilien Dilma Rousseff Präsidentschaftskandidatur
Lula afastou boatos sobre divergênciasFoto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC

No centro das propostas está a reforma política, a ampliação da democracia participativa e dos direitos humanos, a democratização da comunicação, além de ações nas áreas de segurança pública, direitos das mulheres, racismo, combate à pobreza, educação e saúde.

Xingamentos

"Vencer o ódio, o rancor, o preconceito, o racismo, o machismo, a homofobia e o fundamentalismo", resumiu Rui Falcão, presidente do PT, o objetivo da campanha. Ele e outras lideranças reconhecem que a eleição será difícil.

Assim como o PSB e o PSDB, o PT incluiu nas diretrizes uma referência às manifestações de junho do ano passado, consideradas indicativo de uma "saudável metamorfose pela qual o país vem passando".

O jingle da campanha também foi apresentado oficialmente neste sábado. A letra faz referência ao "coração valente", às "mãos limpas e firmes" de Dilma, à ligação com Lula e promete: "o que tá bom a gente vai continuar, o que não está, a gente vai mudar".

A música foi ensaiada no início da convenção para ser entoada pelas centenas de delegados que encheram o salão de eventos no centro de Brasília.

As lideranças do partido também aproveitaram o evento para reforçar o desconforto com os xingamentos dirigidos a Dilma na abertura da Copa. Os palavrões incomodaram aliados e até adversários políticos, que saíram em defesa da presidente.

"Não é da cultura da esquerda desse país, não é da cultura do povo trabalhador deste país, não é da cultura das mulheres brasileiras desrespeitar as pessoas", afirmou Lula. Dilma também voltou a dizer que não se abalou com as ofensas. "Não insulto, mas também não me dobro. Não agrido, mas também não fico de joelhos para ninguém", disse.

Projeção

Dilma vem perdendo apoio entre os eleitores. A última pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta semana, apontou queda de 36% em março para 31% em junho no percentual dos que consideram a gestão Dilma boa ou ótima.

Já nas intenções de voto, Dilma aparece com 39%, à frente de Aécio Neves (PSDB), com 21%, e de Eduardo Campos (PSB), com 10%. Os resultados da pesquisa apontam para a possibilidade de segundo turno.

No confronto entre Dilma e Aécio, Dilma continua à frente, com 43% das intenções de voto, contra 30% para o tucano. Na simulação contra Eduardo Campos, Dilma mantém o percentual, enquanto Campos receberia 27% dos votos.