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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Trégua é estendida em meio à crescente tensão na Cisjordânia

30 de novembro de 2023

Em Jerusalém, ataque a tiros deixa três mortos em ponto de ônibus. Paralelamente, Hamas e Israel prorrogam pausa no conflito por mais um dia.

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Policiais armados em frente à cena do crime, onde há dois peritos
Israel culpa Hamas pelo ataque em JerusalémFoto: Ronen Zvulun/REUTERS

Enquanto Israel e o grupo radical islâmico Hamasanunciaram uma nova prorrogação da trégua no conflito da Faixa de Gaza, um ataque a tiros em Jerusalém nesta quinta-feira (30/11) aumentou ainda mais a tensão na Cisjordânia, onde dois menores de 8 e 15 anos foram mortos na quarta-feira.

Dois homens armados atiraram contra pessoas que estavam em um ponto de ônibus de Jerusalém, matando ao menos três pessoas e ferindo outras seis, três delas em estado grave, informaram os serviços de emergência israelenses. Uma jovem de 24 anos, um homem de 73 anos e uma mulher de cerca de 60 anos foram mortos no ataque.

De acordo com as autoridades de Israel, os agressores eram "dois residentes de Jerusalém Oriental" – região ocupada por Israel – que foram mortos por soldados israelenses e um civil armado. Os perpetradores chegaram ao local em um carro, armados com um rifle de assalto M16 e uma pistola, disse o chefe da polícia de Jerusalém, Doron Torgeman. 

No ano passado, o mesmo ponto de ônibus foi alvo de um ataque a bomba, que matou um adolescente de 16 anos e feriu outras 11 pessoas. Na época, um residente de Jerusalém Oriental ligado ao Estado Islâmico (EI) foi preso.

Israel atribui ataque ao Hamas

A agência de segurança israelense Shin Beit disse que os dois autores dos disparos eram membros do Hamas e já tinham sido condenados por acusações de terrorismo. Eles foram identificados como os irmãos Murad Namr, de 38 anos, e Ibrahim Namr, de 30 anos. A polícia confirmou que os dois morreram no local depois de serem "neutralizados".

Murad ficou preso entre 2010 e 2020 por "planejar ataques sob a orientação de elementos terroristas na Faixa de Gaza", segundo o Shin Bet, enquanto Ibrahim foi preso em 2014 por "atividade terrorista não revelada".

Horas após o ataque, o Hamas assumiu a autoria do atentando e alegou que a ação "foi uma resposta natural a crimes sem precedentes que vêm sendo conduzidos pela ocupação", fazendo referência à ofensiva de Israel em Gaza.

Cidade com prédios muito destruídos
Cessar-fogo possibilita chegada de ajuda humanitária em GazaFoto: Mohammed Ali/XinHua/dpa/picture alliance

Trégua prolongada

Minutos antes do ataque em Jerusalém, Israel havia anunciado uma nova prorrogação na trégua dos combates em Gaza, sem dar detalhes. Logo depois, o Hamas disse que o cessar-fogo havia sido estendido para "um sétimo dia", ou seja, esta quinta-feira, o que mais tarde foi confirmado pelo Catar, que atua na mediação ao lado de Egito e Estados Unidos.

No acordo inicial, uma cláusula tornava possível a extensão da trégua por até dez dias se o Hamas mantivesse a promessa de liberar reféns diariamente.

Israel declarou guerra ao Hamas após um ataque do grupo fundamentalista islâmico em 7 de outubro que envolveu o disparo de mais de 4 mil foguetes e a infiltração de cerca de 3 mil combatentes que mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram mais de 240 em comunidades próximas da Faixa de Gaza, de acordo com números do governo israelense.

Durante os seis dias de cessar-fogo, o Hamas libertou 73 reféns israelenses, além de 22 tailandeses e dois filipinos. Segundo as Forças de Defesa de Israel, 159 pessoas ainda são mantidas em cativeiro em Gaza, entre soldados e civis.

Em contrapartida, Israel soltou 210 presos palestinos, a grande maioria mulheres e menores de idade.

A trégua também possibilita a chega de ajuda humanitária à Gaza. De acordo com a ONU ao menos 70% da população do enclave palestino teve que se deslocar de suas casas devido ao conflito, a maioria para o sul. 

Veículos militares israelenses
Dois menores, de 8 e 15 anos, foram mortos em incursão israelense ao campo de refugiados de JeninFoto: Majdi Mohammed/AP Photo/picture alliance

Dois menores mortos na Cisjordânia

Desde o início do conflito atual na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel, houve uma escalada de violência na Cisjordânia, onde, desde 7 de outubro, mais de 230 palestinos foram mortos por colonos e soldados israelenses, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP). 

Nesta quarta-feira, tropas do exército de Israel mataram dois menores, de 8 e 15 anos, na cidade de Jenin, informou a pasta.  A agência de notícias oficial palestina Wafa disse que elas foram mortas durante uma operação militar para forçar a evacuação de um bairro e realizar "uma campanha massiva de detenções".

De acordo com a Wafa, os soldados israelenses causaram destruição nas ruas da cidade, demoliram infraestrutura civil – incluindo parte da rede elétrica e hidráulica – e bombardearam uma casa com um drone.

Um comunicado conjunto do Exército, da Polícia e da Inteligência de Israel informou que estas três forças realizaram um ataque ao campo de refugiados de Jenin, no qual mataram dois "terroristas de alta patente", identificados como Mohamed Zabeidi e Husam Hanon. A nota descreve Zabeidi como "um dos principais terroristas no campo de refugiados", e também informa a prisão de outras 17 "pessoas procuradas". Segundo o comunicado, "os terroristas" lançaram explosivos contra as forças, que revidaram.

No entanto, o exército israelense não faz qualquer menção às duas crianças mortas pelos tiros, segundo o Ministério da Saúde da ANP. As mortes desta quarta-feira se seguem às de outros dois menores de idade no dia anterior, de 14 e 17 anos, e de um jovem de 26 anos, devido a tiros disparados pelo Exército israelense durante confrontos em duas cidades da Cisjordânia.

Mais de 3.260 palestinos foram detidos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia por Israel desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, segundo dados da ONG Addameer. Entre eles, estão 120 mulheres e mais de 200 menores.

le/cn (Lusa, EFE, ots)

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