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Terrorismo provoca medo na Europa

Marion Andrea Strüssmann5 de abril de 2004

Os europeus estão temerosos com os últimos acontecimentos. Enquanto o grupo terrorista Al-Qaeda decreta guerra à Espanha, a Alemanha se depara com uma tentativa de sabotagem na linha de trens de alta velocidade.

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ICE alemão é alvo de atentadoFoto: AP

O recente panorama europeu confirma que o terrorismo deixou de ser um problema distante. Após uma série de ataques a bomba contra trens em Madri, no dia 11 de março, com saldo de 191 mortos, a Espanha continua sendo o alvo principal de ações terroristas, mas não é o único país europeu ameaçado de sofrer atentados.

A Alemanha, que até então, segundo o ministro do Interior, Otto Schily, não estaria na mira dos terroristas, precisa agora rever sua postura frente a este grave problema. Primeiro, o presidente do país, Johannes Rau, se viu obrigado a cancelar, no dia 23 de março, uma visita ao Djibuti durante um giro pelo continente africano, após a descoberta de um suposto plano para assassiná-lo.

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Placas presas nos trilhosFoto: AP

No último sábado (03/04), foram aparafusadas placas de metal nos trilhos da linha de trens de alta velocidade na Alemanha que liga Colônia a Berlim. Graças à reação rápida do maquinista do ICE que iria passar no local com mais de 200 passageiros, foi evitada uma tragédia. Se ele não acionasse os freios de emergência, os vagões poderiam ter descarrilhado.

A polícia alemã confirma que a colocação do material foi proposital, já que as placas estavam presas nos trilhos e cobertas por um saco plástico azul. Ainda não se tem qualquer pista sobre a autoria do atentado.

Sem saída

É justamente esta sensação de vulnerabilidade que está aterrorizando os alemães e a população européia. Um atentado pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer hora, sem aviso prévio e, pior, sem que se possa contar com a proteção da polícia ou das autoridades, que parecem estar à mercê dos acontecimentos.

“O mais deprimente neste cenário”, escreveu o jornal Der Standard, de Viena, “ é que parece não haver alternativa. Pois ao contrário da violência praticada pela RAF nos anos 70, o terrorismo não é mais voltado contra os representantes do sistema. Agora tudo é alvo, inclusive pessoas que vão trabalhar ou sair de férias”.

Sem proteção

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Explosão que resultou no suicídio de supostos terroristasFoto: AP

O grupo Al-Qaeda enviou um novo comunicado declarando guerra à Espanha e ameaçando praticar novos atentados. Nem o fato de a polícia espanhola ter evitado que 10 quilos de explosivos detonassem em uma linha ferroviária na última sexta-feira (02/04), e tampouco o suícidio de cinco árabes suspeitos, que durante uma busca policial explodiram uma bomba na residência onde estavam escondidos, parecem intimidar os terroristas.

Ações envolvendo a prisão de suspeitos, como a França realizou na manhã desta segunda-feira (05/04), ou discursos do tipo “a situação está sob controle” não são suficientes para gerar um sentimento de segurança na população da Europa. As pessoas sabem que estão suscetíveis a um ataque terrorista. A postura das autoridades é mais de reação do que de prevenção.

Grande desafio

“Teremos uma guerra santa na Europa?”, questiona o jornal suíço Berner Zeitung, acentuando que “a globalização do terror só pode ser combatida com sucesso através da globalização da luta antiterror”.

O diário londrino Daily Telegraph ressalta que seria ingênuo pensar na eliminação total do terrorismo na face da Terra. “Terroristas, assim como os pobres, sempre estarão entre nós”. Enfrentar o problema com objetividade e sem idealismos utópicos é também a opinião do jornal austríaco Kurier. “O terrorismo islâmico não é mais assunto americano, ele já chegou há tempo na Europa. Os países da União Européia enfrentam agora um grande desafio: encontrar mecanismos para o combate eficaz do terrorismo islâmico”.