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Pressionado, Bolsonaro pede fim dos bloqueios em rodovias

3 de novembro de 2022

Após pressão para que se pronunciasse com clareza sobre bloqueios nas estradas, presidente diz que manifestações ferem a Constituição. "Não vamos perder nós aqui a nossa legitimidade", pediu a seus apoiadores.

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Brasilien | Straßenblockaden nach Präsidentschaftswahl
Foto: Diego Vara/REUTERS

Depois de três dias de protestos nos quais manifestantes da extrema direita bloquearam estradas em diferentes partes do país, o presidente Jair Bolsonaro veio a público nesta quarta-feira (02/11) para pedir para que seus apoiadores desobstruíssem as rodovias.

Grupos bolsonaristas descontentes com a derrota do atual mandatário para Luiz Inácio Lula da Silva, no último domingo, vêm impedindo o tráfego em várias estradas pelo país. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse ter multado 2,9 mil motoristas que bloqueavam as rodovias. Até esta quarta-feira, o valor total das multas chegou a 18 milhões de reais.

Em mensagem de vídeo divulgada no canal da Presidência da República no YouTube e por aliados do presidente, Bolsonaro fez um apelo para que os manifestantes desobstruíssem as estradas. "Isso daí, no meu entender, não faz parte de manifestações legítimas", disse Bolsonaro.

"Então tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia", afirmou. 

Bolsonaro se disse "tão chateado e tão triste" quanto seus apoiadores pela derrota nas urnas, mas pediu que eles tenham "a cabeça no lugar". "Tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição e sempre estivemos dentro das quatro linhas", afirmou.

Ele destacou que as manifestações são espontâneas e legítimas, desde que não afetem o direito de ir e vir das outras pessoas. "Proteste de outra forma, em outros locais, que isso é muito bem-vindo, faz parte da nossa democracia."

A PRF informou que o número de estados com estradas bloqueadas caiu para 14 na noite desta terça-feira. 

Pressão dos aliados

Após se manter calado por quase 48 horas na esteira da derrota para Lula, Bolsonaro fez um rápido pronunciamento no Palácio do Alvorada nesta terça-feira, onde reclamou de "injustiças" que teria sofrido na campanha eleitoral, mas não pediu claramente o fim dos protestos nas estradas.

O presidente em fim de mandato vinha sendo pressionado por várias frentes, inclusive por alguns de seus aliados mais próximos, para que viesse a público pedir a liberação das rodovias.

Governadores que o apoiaram em sua tentativa frustrada de reeleição atuaram em seus estados para liberar as estradas.

Rodrigo Garcia (SP), Claudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG) seguiram a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ordenaram às polícias militares de seus estados que agissem para desobstruir as rodovias.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi um dos que trabalhou para convencer Bolsonaro a fazer uma manifestação de pacificação e pedir publicamente para que os manifestantes liberassem as estradas.