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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

ONU pede manutenção de apoio a sua agência de ajuda em Gaza

28 de janeiro de 2024

Órgão apela para que países reconsiderem decisão de pausar repasses à UNRWA após acusações de participação de funcionários no ataque do Hamas a Israel. Ao menos 9 nações anunciaram suspensão de financiamento.

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Caminhão com símbolo da UNRWA
Caminhão da UNRWA atravessa do Egito a Gaza para levar mantimentos a refugiados no enclaveFoto: Amr Abdallah /REUTERS

Representantes da ONU pediram neste domingo (28/01) que países reconsiderem a decisão de pausar o repasse de fundos à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), alertando que a medida ameaça o trabalho da instituição para salvar vidas de cerca de 2 milhões de pessoas em Gaza.

A Alemanha anunciou na noite de sábado que suspendeu temporariamente seu repasse de verbas à UNRWA até "o fim das apurações" sobre a alegada participação de funcionários da agência no ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Com isso, Berlim acompanha a decisão de ao menos outros 8 países – Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Itália, Holanda, Suíça, Finlândia e Austrália –, que anunciaram a paralisação do financiamento à UNRWA.

"Embora eu entenda suas preocupações – eu mesmo fiquei horrorizado com essas acusações, faço um apelo veemente aos governos que suspenderam suas contribuições para, pelo menos, garantir a continuidade das operações da UNRWA", disse o secretário-geral da ONU António Guterres neste domingo, prometendo responsabilizar "qualquer funcionário da ONU envolvido em atos de terror".

Guterres disse que 12 membros da equipe foram implicados e que
9 haviam sido demitidos, um estava morto e as identidades das
outras duas pessoas estavam sendo esclarecidas.

Não houve sinal imediato de que os países atenderiam ao apelo da ONU para restabelecer a ajuda. No entanto, a Noruega e a Irlanda disseram que continuariam a financiar a agência.

"É chocante"

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, também pediu aos países a "reconsiderarem suas decisões antes que a UNRWA seja forçada a suspender sua resposta humanitária".

"É chocante ver uma suspensão de fundos em reação a alegações contra um pequeno grupo de funcionários, especialmente tendo em conta as medidas imediatas que a UNRWA tomou ao rescindir os contratos deles e ao pedir uma investigação independente e transparente", lamentou Lazzarini.

Mais de 26 mil pessoas foram mortas na campanha militar de Israel contra o Hamas em Gaza, informou o Ministério da Saúde do enclave. Com o fluxo de ajuda, como de alimentos e remédios, para o território reduzida a apenas uma fração dos níveis anteriores ao conflito, as mortes por doenças evitáveis, assim como o risco de fome, estão aumentando, dizem as autoridades de ajuda.

Desde o início do conflito em 7 de outubro, a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza passou a depender da ajuda fornecida pela UNRWA, incluindo cerca de 1 milhão de pessoas que fugiram dos bombardeios israelenses, abrigando-se em suas instalações.

Desde que Israel autorizou a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza, de forma gradual, no final de outubro, a UNRWA tem sido a principal responsável pela sua distribuição.

Lazzarini recordou que o Tribunal Internacional de Justiça apelou na sexta-feira, no âmbito do processo de genocídio contra Israel, para importância de aumentar o fluxo de ajuda humanitária para o enclave, para o qual a estrutura da UNRWA é indispensável. "Seria imensamente irresponsável sancionar uma agência e toda a comunidade que serve por alegações de atos criminosos contra algumas pessoas, especialmente em tempos de guerra, deslocações e crises políticas na região", afirmou.

Israel agradeceu aos países que suspenderam o financiamento da UNRWA e apelou a que outros se juntem à ação contra a agência, que acusa de ser um "refúgio para terroristas", enquanto o Hamas negou categoricamente que o pessoal humanitário colabore com eles em ações militares.

md (Lusa, Reuters)