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Morre Eduardo Galeano, ícone da literatura latino-americana

13 de abril de 2015

Obra mais conhecida do escritor uruguaio, "As veias abertas da América Latina", relata a exploração econômica no subcontinente e deu fama mundial a uma das vozes mais marcantes da esquerda latina.

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Foto: picture-alliance/dpa/O. Bonilla

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, um dos autores mais famosos da literatura latino-americana, morreu nesta segunda-feira (13/04) em Montevidéu, aos 74 anos. Galeano estava internado num hospital da capital uruguaia desde sexta-feira devido a complicações de um câncer de pulmão, que já havia sido tratado em 2007.

Nascido em Montevidéu em 3 de setembro de 1940, Galeano começou muito jovem no jornalismo e nos mais variados gêneros literários, como o ensaio, a poesia e a narrativa. Antes de se tornar um destacado intelectual da esquerda latino-americana, trabalhou em fábricas, como desenhista, pintor mensageiro, datilógrafo e caixa de banco.

Ele foi redator-chefe do semanário Marcha (1961-1964), diretor do diário Época (1964-1966) e diretor de publicações da Universidade do Uruguai (1964-1973). Em 1973, exilou-se em Bueno Aires, onde fundou a revista Crisis. Em 1976 seguiu para Barcelona. Seu retorno ao Uruguai ocorreu em 1985, após o retorno da democracia.

Aos 31 anos, em 1971, o escritor publicou sua obra mais conhecida, As veias abertas da América Latina, que relata a exploração econômica no subcontinente. Anos mais tarde, o próprio Galeano reconheceu que, na época em que escreveu a obra, não tinha formação suficiente para concluir a tarefa. "[As veias abertas] tentou ser uma obra de economia política, só que eu não tinha a formação necessária", disse.

Galeano em 2012
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco

Em 2009, durante a quinta Cúpula das Américas, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu de presente um exemplar da obra – proibida pelas censuras das ditaduras de Uruguai, Argentina e Chile – ao presidente dos EUA, Barack Obama.

Questionado sobre o episódio, Galeano respondeu: "Nem Obama nem Chávez entenderiam o texto. Chávez entregou com a melhor das intenções, mas o presente a Obama é um livro num idioma que ele não conhece. Portanto, foi um gesto generoso, mas um pouco cruel."

Galeano recebeu o prêmio American Book Award de 1989 pela triologia Memória do Fogo, que relata histórias da América Latina da época pré-colombiana até a atual. Seus livros foram traduzidos em mais de 20 idiomas.

Em julho de 2008, Galeano foi agraciado com o primeiro título de Cidadão Ilustre do Mercosul. Além disso, é doutor honoris causa por diversas universidades latino-americanas.

PV/efe/dpa/rtr