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Ministro alemão critica China com rigor

av15 de julho de 2004

Joschka Fischer visita a Ásia por dez dias. Suas críticas à situação dos direitos humanos na China já eram esperadas, mas a franqueza superou as expectativas.

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Joschka Fischer e Li Zhaoxing em PequimFoto: AP

Um político do Ocidente censurar as violações dos direitos humanos na China já virou lugar comum da política externa, tão inevitável quanto inócuo. Entretanto, por ocasião de sua atual visita àquele país asiático, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, surpreendeu pelo rigor e franqueza de suas críticas.

Após conversar com seu homólogo chinês, Li Zhaoxing, Fischer admitiu que houve certos progressos no tocante aos direitos humanos, porém continua grande a preocupação em torno da pena de morte e da "prisão administrativa", nos chamados centros de reeducação. Ele sublinhou que o respeito aos direitos humanos é parte da modernização do país e que o governo de Berlim não deixará de fazer pressão neste ponto.

Tibete, Taiwan e Hongkong

O ministro alemão abriu aqui um precedente, pois a China não está acostumada com críticas tão diretas sobre este assunto por parte de visitantes alemães. Li Zhaoxing rebateu, em entrevista coletiva, que a "reeducação através do trabalho corporal" visa justamente a democratização do país. A China possui uma grande população, porém "cada indivíduo é tão importante quanto todo o povo", afirmou.

Fischer também pediu a Pequim para que resolva através do diálogo seu conflito com o Tibete e o líder religioso Dalai Lama. O atrito com Taiwan também deveria concluir-se pacificamente. A resposta de Li foi que ambos países são "parte inseparável do território chinês".

A seu entender, o Dalai Lama continua praticando o separatismo, o que considera inaceitável. A República Popular da China invadiu o Tibete em 1951 e seu líder vive em exílio na Índia desde 1959. Foi homenageado, por sua resistência pacífica, com o Prêmio Nobel da Paz de 1989.

O chefe da diplomacia alemã apelou ainda, indiretamente, a Pequim para que permita eleições livres na ex-colônia real inglesa Hong Kong. Aqui, a reação do chinês foi mais incisiva: seu país não precisa de lições sobre Hong Kong e possui o "direito soberano" de dispor sobre os "privilégios legais" de seus cidadãos.

Um lugar permanente na ONU

Apesar das censuras, Fischer deixou claro que o governo alemão apóia a "política de uma só China", segundo a qual o Tibete, Taiwan e Hong Kong são efetivamente parte da República Popular. Ele elogiou a emergência do país como potência mundial, assim como os pequenos passos em direção a maior transparência e liberdade de imprensa, como ficou demonstrado durante a crise da Sars.

Por sua vez, o ministro chinês do Exterior expressou seu apoio aos esforços da Alemanha de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Desde o início de 2003 até o final deste ano o país é membro provisório do grêmio.

A China defende o ponto de vista de que, contando mais de 190 países-membros, a ONU precisa realmente reorganizar-se. Ela própria é membro permanente do Conselho Mundial de Segurança, ao lado das potências nucleares Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

A viagem de Fischer pela Ásia dura dez dias. Após a China, ele partirá para Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão.