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PolíticaItália

Meloni nomeia político flagrado com suástica no braço

1 de novembro de 2022

Galeazzo Bignami será subsecretário no Ministério da Infraestrutura. Em 2016, jornal italiano publicou foto do parlamentar exibindo o símbolo nazista numa festa. Nomeação é criticada por políticos e associações.

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A imagem mostra a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, discursando de forma empolgada em um púlpito, com um microfone, erguendo os dois braços e vestindo uma blusa branca.
Giorgia Meloni é a primeira mulher a comandar a Itália, que tem seu primeiro governo de extrema direita desde a Segunda GuerraFoto: Claudio Sisto/Just Pictures/IMAGO

A nomeação de um membro do governo pela primeira-ministra da Itália, a ultradireitista Giorgia Meloni, gerou polêmica no país nesta terça-feira (01/11). Galeazzo Bignami, flagrado usando uma suástica no braço durante uma festa em 2005, ganhará o cargo de subsecretário no Ministério da Infraestrutura.

Em um comunicado, Bignami, que é advogado e tem 47 anos, condenou "todas as formas de totalitarismo, expressões liberticidas e antidemocráticas", e qualificou o nazismo como "mal absoluto".

Eleito para um segundo mandato no Parlamento nas eleições gerais de setembro, ele também disse que a foto – publicada por um jornal italiano em 2016 – foi feita "em um contexto privado" e que, devido à imagem, já se desculpou "mais de uma vez".

O Ministério da Infraestrutura é liderado por um dos principais parceiros de Meloni, o também ultradireitista Matteo Salvini, do partido Liga.

O juramento – e a consequente futura confirmação de posse – dos ministros está previsto para ocorrer nesta quarta-feira.

Em outro episódio, dessa vez em 2019, Bignami publicou uma foto em mídias sociais que mostra nomes estrangeiros listados em um interfone de um prédio e comentou que "não estava nem aí" para a privacidade deles. O prédio fica no município de Bolonha, na região central da Itália.

A nomeação de Bignami foi amplamente criticada pela Associação Italiana Antifascismo e também por políticos da oposição, como Marco Furfaro, deputado do Partido Democrático.

Furfaro classificou a nomeação como "uma ofensa, uma indecência contra a Constituição, a história, a memória e as vítimas da suástica", disse, referindo-se ao símbolo nazista.

Outras nomeações controversas

A política de ultradireita Giorgia Meloni, do partido Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), foi nomeada primeira-ministra da Itália em 21 de outubro, e formou um governo de coalizão de direita.

Meloni é a primeira mulher a assumir o principal cargo político do país, e o seu partido é o primeiro de extrema direita a governar a Itália desde a Segunda Guerra Mundial.

Entre seus parceiros de coalizão, estão os ex-primeiros-ministros Silvio Berlusconi, líder da Força Itália, de centro-direita, e Matteo Salvini, líder do partido Liga, também de ultradireita.

Mas a nomeação de Bignami não é a única que tem sofrido duras críticas da oposição e da sociedade italiana. Claudio Durigon, por exemplo, foi nomeado subsecretário do Ministério do Trabalho. Ele propôs renomear um parque da cidade de Latina em homenagem ao irmão do ditador fascista Benito Mussolini.

Já Isabella Rauti foi nomeada ministra-adjunta de Família e Nascimentos. Ela é filha de Pino Rauti, membro do Movimento Social Italiano (MSI), partido criado em 1946 por apoiadores de Mussolini.

Popularização do Irmãos da Itália

Meloni é líder do Irmãos da Itália, que tem raízes neofascistas e cuja agenda inclui o ceticismo em relação à União Europeia e políticas anti-imigração. O partido também não apoia os direitos da população LGBTQ.

Meloni tem procurado minimizar as raízes pós-fascistas de seu partido. Em seu primeiro discurso como primeira-ministra, em 25 de outubro, tentou se distanciar de regimes antidemocráticos.

"Nunca tive qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos, incluindo o fascismo", afirmou Meloni, que começou a sua carreira política nas alas jovens do partido pós-fascista Movimento Social.

Quando tinha 19 anos, porém, durante uma entrevista, ela chegou a defender Benito Mussolini, afirmando que o fascista foi "um bom político" e que "tudo o que fez, fez pela Itália".

gb (AFP, DPA, ots)