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Islândia volta a permitir caça às baleias

1 de setembro de 2023

Prática havia sido suspensa após relatório denunciar maus tratos aos animais. ONGs criticam retrocesso e acusam governo de ignorar a ciência. País é um dos últimos a autorizar a caça comercial.

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Navio baleeeiro islandês com duas baleias mortas amarradas na parte lateral
Cotas anuais na Islândia autorizam a matança de 209 baleias-comum, o segundo maior mamífero do mundo, e 217 baleias minkeFoto: Sergei Gapon/AA/picture alliance

O governo da Islândia anunciou nesta quinta-feira (31/08) que a caça comercial às baleias voltará a ser permitida no litoral do país, ainda que em condições mais rígidas.

A nação insular decidiu não ampliar uma proibição de dois meses que havia sido imposta em razão de preocupações com o bem-estar dos animais.

"A caça pode ser retomada amanhã [...] com exigências mais rígidas e detalhadas para os equipamentos e métodos de caça, assim como o aumento da supervisão", afirmou em nota o Ministério islandês de Alimentos, Agricultura e Pesca. 

A Islândia, um dos três países que ainda permitem essa prática, juntamente com a Noruega e o Japão, é alvo de fortes críticas por parte de ambientalistas e defensores dos direitos dos animais.

A caça às baleias foi proibida em 20 de junho após um relatório da Autoridade Veterinária e de Alimentos da Islândia concluir que a prática não estava em acordo com a Lei de Proteção aos Animais do pais.

Arpões explosivos

O monitoramento da caça à baleia-comum, na qual são utilizadas arpões explosivos, revelou que a morte desses animais levava tempo demais, contrariando a lei islandesa.

No relatório divulgado em maio consta que 67% das 58 baleias capturadas pelos baleeiros monitorados morreram ou perderam a consciência imediatamente. No entanto, outras 14 baleias foram arpoadas mais de uma vez, sendo que outras duas foram atingidas quatro vezes antes de morrer.

Baleia morta é lavada com esguichos por funcionários em estação baleeira da Islândia
Islândia é um dos três países que ainda permitem a caça às baleias, juntamente com a Noruega e o JapãoFoto: Sergei Gapon/AA/picture alliance

Após a divulgação do relatório, um grupo de especialistas avaliou meios de reduzir as irregularidades durante a caça às baleias e concluiu que "é possível melhorar os métodos utilizados na caça de baleias de grande porte" e aumentar os cuidados com o bem-estar dos animais.

O Ministério informou que o Diretório de Pesca da Islândia e a Autoridade Veterinária e de Alimentos trabalharão em conjunto para fiscalizar a prática.

"Existem os fundamentos para fazermos mudanças nos métodos de caça que podem levar à redução de irregularidades. Desta forma, melhorando as condições do bem-estar dos animais", disse o Ministério.

Decisão "devastadora e inexplicável"

A ONG Humane Society International (HSI), que de proteção aos animais, classificou a decisão do governo islandês como "devastadora e inexplicável", e considerou a atitude como uma oportunidade perdida para fazer "a coisa certa".

"É inexplicável que a ministra [Svandis] Svavarsdottir tenha rejeitado o aconselhamento científico inequívoco que ela própria encomendou, que demostrou a brutalidade e a crueldade da matança comercial das baleias", disse o diretor da HSI, Ruud Tombrock.

O país possui uma única companhia baleeira, a Hvalur, cuja licença para caçar baleias expira em 2023. Em 2020, uma empresa rival encerrou suas atividades, alegando que a prática não era mais lucrativa.

As cotas anuais autorizam a matança de 209 baleias-comum – o segundo maior mamífero do mundo atrás da baleia azul – e 217 baleias minke, uma das menores espécies. No entanto, a caça diminuiu drasticamente nos últimos anos em razão do encolhimento do mercado de carne de baleia.

rc (AFP, AP)