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Cientistas chineses apresentam "manto de invisibilidade"

2 de fevereiro de 2024

Combinando características de camaleão, rã-de-vidro e dragão-barbudo, metassuperfície Chimera é indetectável à luz visível, micro-ondas e raios infravermelhos. Aplicações vão de observação da natureza a combate.

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Imagens termográficas de três soldados ucranianos, um deles coberto por "manto de invisibilidade"
Dois ou três soldados? "Invisibilidade" termográfica já é aplicada em contextos bélicos, como na guerra da UcrâniaFoto: Mykhailo Fedorov/Cover Images/picture alliance

Em estudo publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), uma equipe científica das universidades chinesas de Jilin e Tsinghua propõe o desenvolvimento de um material híbrido como base para um futuro manto de invisibilidade.

A "metassuperfície" denominada Chimera se inspira nas habilidades de três animais de sangue frio: o camaleão, a rã-de-vidro e o lagarto dragão-barbudo, superando as limitações das camuflagens existentes, ao se adaptar a diferentes condições espectrais e terrenos.

No design experimental apresentado na PNAS na segunda-feira (29/01), circuitos encrustados entre capas de tereftalato de polietileno (PET) e vidro de quartzo manipulam ondas eletromagnéticas, tornando a superfície praticamente indetectável à luz visível, micro-ondas e raios infravermelhos.

Ao combinar as aptidões de mudança de cor (camaleão), transparência (rã) e regulação de temperatura (lagarto), Chimera tem potencial de ser utilizado numa ampla gama de aplicações, desde usos militares até a observação não invasiva da vida silvestre.

Um dos desafios foi ocultar o calor gerado pela eletricidade. Aqui entraram em cena os conhecimentos sobre a capacidade do dragão-barbudo de controlar sua temperatura corporal: Chimera reduz as diferenças térmicas a apenas 3,1ºC, tornando-se "invisível" às tecnologias termográficas.

Camaleão pousado em galho
Metassuperfície Chimera imita "superpoder" de camalõesFoto: picture-alliance / OKAPIA KG, Germany

Em busca da invisibilidade

"Nosso trabalho leva as tecnologias de camuflagem de um cenário limitado a terrenos em constante mudança, e constitui um grande avanço em direção à eletromagnética reconfigurável de nova geração", afirmam os autores do estudo.

O autor principal, Xu Zhaohua, da Universidade de Jilin, reforça: "É fascinante que se podem encontrar configurações da metassuperfície Chimera adequadas a todos os cinco terrenos [deserto, solo congelado, superfície aquática, prado e bancos de areia] em toda a gama de frequência de interesse."

A invisibilidade pouco a pouco deixa de ser uma quimera saída das páginas do mito e da ficção científica, e vem ocupando diferentes pesquisadores nos últimos tempos. Em outubro de 2023, o físico da Academia Chinesa de Ciências Chu Junhao apresentou, num evento em Xangai, uma grade lenticular que cria a ilusão de ser invisível.

O material se compõe de fileiras de mini-lentes convexas, que refratam a luz. Dependendo do ângulo, as imagens paralelas a elas são subdivididas e estreitadas, revelando os objetos que se encontram por trás. Chu prediz diversos usos para essa tecnologia, de salas invisíveis para maior privacidade a aparelhos de audição ultradiscretos.

av/ra (EFE,ots)