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Leis e JustiçaReino Unido

Ativistas processados por jogar sopa em obra de Van Gogh

15 de outubro de 2022

Jovens se declaram inocentes da acusação de danos criminais à moldura de "Girassóis" e vão aguardar julgamento em liberdade. Na véspera, dupla jogou sopa de tomate no quadro e se colou à parede de museu em Londres.

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Ativistas com as mãos coladas em parede de museu, logo abaixo de uma pintura de Van Gogh coberta com sopa de tomate
As duas ativistas climáticas são membros da organização Just Stop OilFoto: Just Stop Oil/PA/dpa/picture alliance

Duas ativistas compareceram a um tribunal no Reino Unido neste sábado (15/10) após serem formalmente acusadas de danos criminais à moldura de uma pintura de Vincent van Gogh.

Na véspera, elas jogaram sopa de tomate na obra Girassóis do pintor holandês que está exposta na National Gallery, em Londres. Um vídeo do protesto viralizou nas redes sociais.

A pintura em si estava protegida por uma tela de vidro e não foi danificada. Mas a acusação alega que danos foram causados à moldura do quadro.

Em audiência no Tribunal de Magistrados de Westminster, as ativistas climáticas Anna Holland, de 20 anos, e Phoebe Plummer, de 21, se declararam inocentes da acusação de danos criminais.

O juiz distrital Tan Irkam liberou ambas sob fiança, com a condição de que elas não portem tintas ou substâncias adesivas em público. O julgamento foi  marcado para 13 de dezembro.

A pintura, uma das mais icônicas de Van Gogh, foi limpa e devolvida a seu lugar na National Gallery ainda na sexta-feira.

Pintado em 1888, o quadro é uma das cinco versões de Girassóis que estão expostas em museus e galerias de todo o mundo.

O protesto

As duas ativistas do clima integram a organização ambientalista Just Stop Oil, que pressiona o governo britânico a suspender futuros licenciamentos para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás.

Vestindo camisas com o nome da organização, a dupla lançou duas latas de sopa de tomate  da marca Heinz sobre a obra, antes de se ajoelhar e colar suas mãos na parede, logo abaixo da pintura.

Uma delas então gritou: "O que vale mais, a arte ou a vida? Vale mais que a comida? Vale mais que a justiça? Vocês estão mais preocupados com a proteção de uma pintura ou com a proteção do nosso planeta e das pessoas?"

"A crise do custo de vida é parte do custo da crise do petróleo. Combustível é inacessível para milhões de famílias com frio e fome. Eles sequer podem aquecer uma lata de sopa", prosseguiu.

Após o incidente, a sala do museu foi fechada por motivos de segurança. Os visitantes foram retirados do local, e as manifestantes foram detidas pela Polícia Metropolitana de Londres.

Atos coordenados

O ato na National Gallery foi um dos vários realizados na sexta-feira em Londres pelas organizações Just Stop Oil e Extinction Rebellion. A polícia disse ter feito cerca de 28 prisões em relação aos protestos de sexta.

A Just Stop Oil tem chamado atenção – e gerado críticas – por mirar obras de arte em museus. Em julho, ativistas se colaram à moldura do quadro A última ceia, de Leonardo da Vinci, na Royal Academy of Arts de Londres, e de A carroça de feno, de John Constable, na National Gallery.

Manifestantes também bloquearam pontes e cruzamentos na capital britânica durante duas semanas de protestos.

ek (AP, AFP, Reuters, Efe)