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Alemães pedem paz na Ucrânia e em Gaza durante a Páscoa

30 de março de 2024

Cidades alemãs foram palco de tradicionais marchas pela paz do Sábado de Aleluia, que neste ano ocorreram com o pano de fundo do persistente conflito na Ucrânia e a recente guerra em Gaza.

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Participantes da passeata pela paz em Berlim
Participantes da passeata pela paz em BerlimFoto: Christian Ditsch/dpa/picture alliance

Milhares de pessoas participaram neste Sábado de Aleluia (30/03) na Alemanha de passeatas pela paz, organizadas tradicionalmente durante o fim de semana da Páscoa, e que neste ano tiveram como tema as guerras da Ucrânia e de Gaza. Cerca de 70 marchas ou eventos pela paz ocorreram em todo o país, que tiveram como lema "Agora, mais do que nunca, juntos pela paz".

A maior manifestação reuniu 3.500 pessoas em Berlim, capital do país, segundo a polícia. Em Stuttgart, sudoeste do país, compareceram 1.500 pessoas, em Munique, no sul, quase 850, e em Colônia, no oeste, 400 pessoas.

O porta-voz da rede "cooperativa pela paz", Kristian Golla, declarou que ficou satisfeito com o nível de participação, similar ao do ano passado.

As principais reivindicações dos pacifistas neste ano foram um cessar-fogo na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2024, e por um interrupção das hostilidades entre Israel e o grupo Hamas, que travam uma guerra na Faixa Gaza desde outubro.

A organização de passeatas pela paz é uma tradição que remonta ao período da Guerra Fria na Alemanha. Os protestos atingiram o auge entre o final da década de 1960 e o início da década de 1980. Naquela época, quase 300.000 pessoas protestavam a cada ano contra a corrida armamentista entre os EUA e a antiga União Soviética.

Os líderes da coalizão de governo da Alemanha, alguns de partidos com conexões tradicionais próximas a esse movimento, também emitiram mensagens de Páscoa tentando conciliar seu desejo de paz com políticas de fornecimento de armas para a Ucrânia, que trava uma guerra defensiva contra a Rússia e o recente aumento dos gastos alemães com defesa.

Eles também pediram aos manifestantes que não "confundissem as vítimas com os perpetradores" na Ucrânia, ou que colocassem grupos uns contra os outros em meio ao conflito em Gaza durante suas marchas.

Participantes da passeata pela paz em Leipzig
Participantes da passeata pela paz em LeipzigFoto: Sebastian Willnow/dpa/picture alliance

De acordo com os números preliminares, mais de 10.000 pessoas saíram às ruas em toda a Alemanha em favor da paz e do desarmamento.

Olaf Scholz: "Não há paz sem justiça”

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, divulgou uma mensagem em vídeo no sábado, na qual disse: "Todos nós ansiamos por um mundo mais pacífico".

No entanto, ele disse que paz sem liberdade é sinônimo de repressão e que não pode haver paz sem justiça.

"É por isso que estamos apoiando a Ucrânia em sua luta por uma paz justa - pelo tempo que for necessário. Também estamos fazendo isso por nós mesmos, por nossa segurança", disse Scholz.

Scholz disse que o presidente russo, Vladimir Putin, violou o princípio de que as fronteiras não devem ser redesenhadas com violência.

"Mas está em nossas mãos reafirmar esse princípio. Continuando a apoiar a Ucrânia - de forma moderada e circunspecta", disse o chanceler federal.

O político do Partido Verde e vice-chanceler Robert Habeck, cujas partido tem raízes no movimento pacifista da época da Guerra Fria, também fez um longo discurso em vídeo na Sexta-Feira Santa, no qual relembrou a decisão tomada em fevereiro de 2022 de romper uma bandeira partidária de longa data e passar a permitir o fornecimento de armas para uma zona de conflito.

Ele disse que tem respeito e compreensão por aqueles que discordam dele quanto ao envio de armas para a Ucrânia, seja por convicções religiosas ou políticas, mas não por aqueles que argumentavam que "confundiam a vítima com o perpetrador" e que "viam na Rússia de Putin uma resposta para a Alemanha".

"Nós ansiamos pela paz. Sim. Mas a resposta triste e honesta é: não parece que haverá um fim rápido e bom, mesmo que desejemos o contrário", disse Habeck.

Dada a agressão da Rússia e o fato de ela ter colocado sua economia em "pé de guerra", ele disse: "Devemos nos ajustar ao nível de ameaça. Qualquer outra coisa seria ingênua".

Ele também disse que a Alemanha e outros membros da UE estão certos em buscar aumentar os gastos e a capacidade de defesa nesse cenário porque "precisamos nos proteger de forma abrangente, também contra ataques militares".

jps (DW, AFP, Reuters, ots)