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PolíticaEstados Unidos

Trump acusado de quatro crimes de conspiração contra os EUA

Lusa
2 de agosto de 2023

O ex-Presidente norte-americano Donald Trump foi acusado de quatro crimes de conspiração contra os Estados Unidos. Advogado considera acusação ataque à liberdade de expressão e à defesa política.

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USA Donald Trump
Foto: Gerald Herbert/AP Photo/picture alliance

As acusações, associadas aos esforços de Trump para anular os resultados da eleição presidencial de 2020, centram-se sobretudo nos esquemas do ex-Presidente e dos seus aliados para subverter a transferência de poder e mantê-lo no cargo, apesar da derrota frente a Joe Biden.

"O esforço de Trump para anular as eleições de 2020 visou a função fundamental do governo federal dos Estados Unidos", lê-se na acusação, tendo também como pano de fundo o período que antecedeu o violento motim dos seus apoiantes no Capitólio dos Estados Unidos.

As acusações incluem conspiração para defraudar o Governo dos Estados Unidos e adulteração de testemunhas.

A acusação, o terceiro processo criminal instaurado contra o antigo presidente quando este procura recuperar a Casa Branca em 2024, segue-se a uma longa investigação federal sobre os esquemas de Trump e dos seus aliados para subverter a transferência pacífica de poder e mantê-lo no cargo apesar de uma derrota decisiva para Joe Biden.

Antes do anúncio do Departamento de Justiça, Trump disse que esperava ser novamente indiciado pelo procurador especial que investiga as suas tentativas de inverter o resultado das eleições de 2020, acusando-o de tentar perturbar a sua campanha de 2024.

Donald Trump, antigo Presidente dos Estados Unidos
Advogado de Trump considera acusação ataque à liberdade de expressão e à defesa políticaFoto: Joed Viera/AFP/Getty Images

Os procuradores federais afirmam que Donald Trump estava "determinado a permanecer no poder" em conspirações que visavam uma "função fundamental do governo federal dos Estados Unidos: o processo nacional de recolha, contagem e certificação dos resultados das eleições presidenciais".

O advogado de Donald Trump classificou a acusação contra o ex-Presidente dos Estados Unidos de conspiração para inverter o resultado das eleições presidenciais de 2020 "um ataque à liberdade de expressão e à defesa política".

John Lauro disse, em entrevista à televisão norte-americana CNN, na terça-feira à noite, que se trata de "um esforço não só para criminalizar, mas também para censurar a liberdade de expressão" de Donald Trump.

Pence condena ações de Trump

O antigo vice-presidente dos Estados Unidos Mike disse que as acusações servem como um aviso importante de que "qualquer pessoa que se coloque acima da Constituição nunca deve ser presidente dos Estados Unidos".

Pence acusou no comunicado o ex-presidente de lhe ter exigido, durante o assalto ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021, que escolhesse entre Trump e a Constituição.

"O nosso país é mais importante do que uma pessoa. A nossa constituição é mais importante do que a carreira de qualquer pessoa”, disse o antigo vice-presidente.

Mike Pence
Mike Pence condena ações de Donald Trump após eleições presidenciais de 2020Foto: Brian Cahn/ZUMA Press Wire/picture alliance

A acusação tornada pública pelo Departamento de Justiça lista várias conversas entre Trump e Pence nas quais o então ainda Presidente tentou persuadir o seu vice-presidente a atrasar a certificação da eleição de 2020 ou a rejeitar os eleitores presidenciais nomeados pelos estados norte-americanos.

Numa chamada telefónica, a 01 de janeiro de 2021, Trump disse a Pence: "Você é honesto demais”. "Você sabe que eu acho que não tenho autoridade para mudar o resultado”, respondeu Pence.

Trump e os seus aliados primeiro tentaram convencer Pence a rejeitar ou a não contar votos legítimos dos eleitores presidenciais durante a certificação marcada para 06 de janeiro de 2021, de acordo com a acusação.

Procurador quer Trump "julgado sem demora"

Trump deverá comparecer em tribunal na quinta-feira (03.08) perante a juíza distrital dos Estados Unidos, Tanya Chutkan.

O procurador especial Jack Smith disse querer um "julgamento sem demora" do antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, indiciado pela prática de lóbi após as eleições presidenciais de 2020.

O assalto ao Capitólio foi encorajado pelas "mentiras" de Donald Trump, disse Smith, que supervisionou a investigação sobre o caso, o mais grave a visar o ex-presidente, que já enfrenta duas acusações criminais das autoridades federais.

"A minha equipa vai procurar um julgamento rápido para que as nossas provas possam ser testadas em tribunal e julgadas por um júri de cidadãos", disse o procurador numa breve declaração à imprensa.

Embora Donald Trump lhe chame regularmente "maluco", Jack Smith, o procurador federal especial que acusou duas vezes o ex-Presidente republicano, refere a AFP, é um homem rigoroso da lei que investigou casos de corrupção envolvendo políticos nos Estados Unidos.

Na terça-feira, este advogado de 54 anos, com uma barba cor de sal e pimenta, tal como a agência noticiosa France-Presse (AFP) o vê, disse que queria que Trump fosse julgado "sem demora", para evitar que o ex-Presidente possa entrar numa nova corrida à Casa Branca, em 2024. 

Jack Smith
Jack Smith, o procurador implacável que se tornou a "besta negra" de TrumpFoto: Jacquelyn Martin/AP Photo/picture alliance

Trump não desiste da corrida eleitoral

O processo criminal surge numa altura em que Trump lidera o grupo de republicanos que tentam obter a nomeação presidencial do seu partido. 

O ex-presidente e os seus apoiantes - e até mesmo alguns dos seus rivais - vão certamente rejeitá-lo como mais uma acusação com motivações políticas. 

No entanto, as acusações têm origem numa das mais graves ameaças à democracia americana na história moderna.

Centram-se nos turbulentos dois meses após as eleições de novembro de 2020, em que Trump se recusou a aceitar a sua derrota e espalhou mentiras de que a vitória lhe tinha sido roubada. 

A turbulência resultou no motim no Capitólio dos EUA a 06 de janeiro de 2021, quando os leais a Trump invadiram violentamente o edifício, atacaram agentes da polícia e perturbaram a contagem dos votos eleitorais no Congresso.

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