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Sul de Moçambique alvo de mais um ataque armado

Leonel Matias (Maputo)14 de janeiro de 2014

Homens armados, supostamente da RENAMO, terão realizado esta terça-feira (14.01) mais um ataque no sul do país, em Funhalouro. Depois de Homoíne, é o segundo ataque na província de Inhambane.

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Foto: cc/Andrew Moir/by

A tensão político-militar parece subir de tom e mantem-se o impasse nas negociações entre o Governo e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido da oposição. Ao mesmo tempo, o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano veio a público afirmar que se “devia acarinhar o líder da RENAMO para que aceite vir ao diálogo”.

As declarações do antigo chefe de Estado ocorrem numa altura em que homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram na madrugada desta terça-feira (14.01) o posto policial e o centro de saúde de Mavume, no distrito de Funhalouro, província de Inhambane.

Este é o segundo distrito do sul de Moçambique alvo de ataques de homens armados, até há duas semanas circunscritos à zona centro do país.

O Administrador de Funhalouro, Afonso Machungo, confirmou a ocorrência e admitiu que uma pessoa perdeu a vida durante o ataque.

Afonso Machungo disse ainda que os atacantes vandalizaram o posto de saúde tendo roubado medicamentos: "estamos a monitorar a situação. O que posso fazer é apelar à população para que se mantenha calma porque o Governo está a tomar medidas para garantir a segurança".

Mosambik Sprecher der Oppositionspartei RENAMO Fernando Mazanga 2013
Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMOFoto: picture-alliance/dpa

Fontes independentes dizem que a vitima mortal do ataque é um agente da polícia.

A Rádio Nacional noticiou que o ambiente em Mavume é de medo e que a população está a retirar-se para locais seguros na Vila de Funhalouro, no distrito de Morumbene, e na cidade de Maxixe.

A região de Mavume tinha recebido, nos últimos dias, dezenas de famílias que se encontravam já em centros de acomodação fugindo da movimentação de homens armados, alegadamente do principal partido da opoisção, na zona de Pululo.

O porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, admitiu no início deste mês que os antigos guerrilheiros da sua organização estavam a ser reagrupados na província sul de Inhambane.

Estratégia da RENAMO
Comentando este desenvolvimento o analista político Calton Cadeado disse na altura que se estava perante uma guerra psicológica que consistia "numa força muito grande de tentar pressionar a população para ser ela a exercer pressões sobre o Governo, para que este tenha um outro tipo de postura política nos vários assuntos que estão a acontecer no país. É esta estratégia que a RENAMO está a utilizar".

"A RENAMO tentou atacar a zona norte do país, onde alegadamente temos assuntos estratégicos muito grandes, por forma a ter um certo peso sobre o governo", explicou Calton Cadeado, no entanto, "o poder não está na zona norte, está em Maputo, na zona sul do país. Em termos estratégicos, é sempre mais poderosa a pressão que se faz militarmente quanto maior for a proximidade com o centro do poder", detalhou.

Alte Waffen von RENAMO
Armas entregues pela RENAMO à FOMICRES, uma ONG moçambicana para a recolha de armas e reinserção de ex-combatentesFoto: Fomicres

As negociações entre o Governo e a RENAMO estão suspensas há mais de dois meses depois de cerca de 25 rondas inconclusivas.

Chissano pondera possibilidade de mediação
É opinião generalizada de que a solução para a tensão política que se vive no país possa ser encontrada através de um diálogo entre o Presidente Armando Guebuza e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.

Pronunciando-se sobre o assunto, o antigo Presidente Joaquim Chissano disse no fim de semana que “se o diálogo fosse ao mais alto nível, havia de cortar as coisas pelo meio e muito rapidamente se resolvia o problema”.

O actual chefe do Estado, Armando Guebuza, tem demonstrado disponibilidade para se reunir com Dlakhama mas este, que se encontra em parte incerta, desde a tomada da sua base pelas forças governamentais em outubro passado, alega razões de segurança para a realização do encontro em Maputo.

Segundo a estação de televisão privada STV, o antigo Presidente, Joaquim Chissano, aceita ponderar um possível convite para mediar a tensão político-militar. Chissano considera-se parte envolvida no assunto, primeiro por ser signatário dos Acordos de Roma, que colocaram termo aos 16 anos de guerra civil, e segundo por ser membro da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), o partido governamental.

Sul de Moçambique alvo de mais um ataque armado

20 Jahre Frieden in Mosambik
Joaquim Chissano (à esq.) e Afonso Dhlakama (à dir.) na assinatura do Acordo de Paz em Roma (1992)Foto: picture-alliance/dpa
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