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Parlamento são-tomense investiga Patrice Trovoada

14 de junho de 2019

Terá Patrice Trovoada estado envolvido no golpe de Estado de 2003? Na Comissão Parlamentar de Inquérito, ex-Presidente são-tomense Fradique de Menezes não confirma nem desmente. Trovoada não compareceu.

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Patrice Trovoada, antigo primeiro-ministro de São Tomé e PríncipeFoto: DW/R. Graça

Fradique de Menezes, antigo Presidente da República, depôs esta quinta-feira (13.06) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o alegado envolvimento do ex-primeiro ministro são-tomense Patrice Trovoda no golpe de Estado de 2003.

No seu depoimento na CPI, Fradique de Menezes disse que não pode "confirmar nem tão pouco negar" as alegacões contra Patrice Trovoada. Mas sublinhou: "todos têm que reconhecer que aquele golpe foi direcionado contra mim".

Menezes referiu que, durante os dois mandatos como Presidente entre 2001 e 2011, foi uma figura incómoda no xadrez político, devido às suas posições e pelo facto de ter demitido o Governo de Gabriel Costa. Por isso, o ex-chefe de Estado defende a investigação em curso.

"Esse trabalho que a Assembleia está a fazer agora deveria ter sido feito pela Procuradoria-Geral da República", afirmou.

Acusações contra Patrice Trovoada

Em 2017, Plácido 'Peter' Lopes, ex-operacional do extinto batalhão Búfalo, que combateu ao lado do regime de segregação racial na África do Sul, acusou o antigo primeiro-ministro Patrice Trovoada de financiar o golpe de Estado de 2003 para matar não só os ex-Presidentes Manuel Pinto da Costa e Fradique de Menezes, como também Óscar de Sousa, tenente-coronel na reserva. As declarações levaram à abertura de um inquérito, 16 anos depois do sucedido, para apurar a veracidade dos factos.

Parlamento são-tomense investiga Patrice Trovoada

Ouvido pela comissão parlamentar na terça-feira (11.06), Óscar de Sousa, atual ministro da Defesa e Ordem Interna, associou Patrice Trovoada ao golpe de 2003.

"[No que diz respeito a] financiamento eu não sei, mas se ele foi autor intelectual, foi", disse Sousa. "Vim apenas confirmar alguns desses aspetos, que são reais. Enquanto responsável pelo setor da Defesa, de 2003 a 2008, enquanto fui ministro, cheguei a esta conclusão."

Óscar de Sousa classificou Patrice Trovoada como um homem perigoso, denunciando ainda que, no ano passado, desapareceram dos paióis das Forças Armadas peças de artilharia pesada durante a presença de uma missão militar ruandesa em São Tomé e Príncipe.

"Nós continuamos preocupados. Queremos saber como [as armas] saíram de São Tomé, porque elas vieram legalmente. Será que saíram de forma legal? Portanto, ele gosta muito dessas coisas", declarou.

Líder dos golpistas desconhece envolvimento de Trovoada

Por sua vez, Arlécio Costa, líder dos golpistas e ex-operacional do extinto batalhão Búfalo, criado pelo regime do apartheid na Africa do Sul, disse que desconhece o envolvimento de Patrice Trovoada no golpe de 2003.

"Na altura, [era] um dos dirigentes do golpe… havia outros colegas meus… Plácido 'Peter' Lopes era um subalterno, isto não implica que o que ele tenha dito não seja verdade. Nós viemos da África do Sul com um projeto bem elaborado. Nenhum nacional esteve envolvido moral ou financeiramente."

Ouvido também no inquérito parlamentar sobre o golpe de 16 de julho de 2003, o ex-Procurador-Geral da República Adelino Pereira considerou, no entanto, que esta é "uma questão que está encerrada" por ter sido aprovada uma lei de amnistia.

O antigo primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada, alvo do inquérito, não compareceu na CPI, e também não apresentou justificação. Trovoada já tinha sido convocado uma primeira vez, a 3 de maio. Com um mandato de 60 dias para concluir as investigações, o Parlamento promete acionar outros mecanismos para ouvir Patrice Trovoada, caso ele não compareça na terceira convocatória.