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Sissoco teria interesse em interferir nos assuntos do PRS?

Djariatú Baldé
21 de março de 2024

O presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS) acusa o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, de querer agitar as águas no PRS, em seu favor. Vários dirigentes do partido rejeitam essa tese.

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Guinea-Bissau | Präsident der Partido da Renovação Social PRS
Foto: Iancuba Dansó/DW

Passa mais de um ano desde a morte do último líder eleito do PRS, mas o presidente interino do partido continua sem marcar o congresso para eleger uma nova direção.

Fernando Dias diz que não marca a data do congresso, alegando interferências do Presidente da República nos assuntos internos do PRS. Recentemente, Fernando Dias explicou que, com a morte de Alberto Nambeia, ex-presidente do PRS, o Conselho Nacional do partido deu-lhe a competência de exercer as funções de presidente do partido até a realização do próximo congresso.

"Órgãos do PRS - o Conselho Nacional, a Comissão Política e a Comissão Permanente - estão intactos. O que está em causa é a morte do presidente do partido," afirmou Dias.

No entanto, um grupo dos dirigentes dos renovadores acusa Fernando Dias de ser antidemocrático ao negar a marcação.

Fransual Dias pertence a esse grupo de dirigentes descontentes: "Nos termos do estatuto do partido está escrito explicitamente que, havendo uma substituição interina, como é o caso, o conselho nacional deve, no prazo de um ano, marcar o congresso extraordinário."

No início de março, foi divulgado que o Supremo Tribunal de Justiça se recusou a anotar o nome de Fernando Dias como presidente interino do PRS. Em reação, Dias acusou o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de usar o poder judicial para perseguir os seus adversários políticos. Garantiu ainda que o seu partido participará nas próximas eleições mesmo sem realizar o congresso.

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Porque teria o PR interesse em interferir nos assuntos do PRS?

A DW contactou Fernando Dias, mas não foi possível obter uma reação. Já o jurista Fodé Mané considera que, face à atual crise política no país, depois da dissolução do Parlamento, o chefe de Estado precisa de alguém que ele possa controlar na liderança dos renoavdores.

"O PRS é muito importante, mesmo tendo um deputado ou não tendo. Dada a sua base sociopolítica, é sempre um elemento importante nestas circunstâncias em que nós sabemos que as alas estão claramente definidas. Então, o PRS serve como o 'desequilibrador da balança'", disse o jurista guineense.

Fransual Dias, um dos dirigentes dos renovadores revoltados com o atual líder do PRS, rejeita as alegações de que o Sissoco Embaló estaria por trás das divergências no PRS."O Presidente da República tem amizade com algumas pessoas dentro do partido, mas isso não significa que lhe vai ser dado o partido, isso é impossível. Agora, o Presidente da República sempre apoiou o PRS".

Sissoco assume papel de mediador

O chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló tinha agendado um encontro na terça-feira (19.03) com toda a direção do PRS, mas o encontro não aconteceu.

Fransual Dias explica porquê"Fernando Dias e o seu grupo simplesmente decidiram ausentar-se, sem motivos. Recusaram sentar com o grupo que está a contestar. Isso é mais uma prova que eles não querem o diálogo."

Para o jurista e analista político Fodé Mané, este encontro não iria render em nada, alegando que "o Presidente sabe que houve problemas nos outros partidos, porque que não interveio para mediar? É porque o PRS tem um peso que, nestas condições, constitui uma pedra no sapato dele. É claro que grupo que contesta está mais ligado ao atual Governo. Portanto, não é uma questão jurídica que está em jogo é uma questão de oportunismo político".