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Sessão "Noites de Poesia" vai do passado ao presente em Moçambique

19 de novembro de 2012

O Instituto Cultural Moçambique Alemanha encerrou a sessão de "Noites de Poesia". O evento reuniu jovens poetas que tentam refletir sentimentos como amor, paixão, ódio e a homenagem ao passado de independência do país.

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Poemas serviram para transmitir sentimentos dos autores, entre passado e presente
Poemas serviram para transmitir sentimentos dos autores, entre passado e presenteFoto: Fotolia

Órbitas vazias no desespero de possuir a vida
Boca rasgada, feridas de angústia (...)

Amor, paixão, ódio e humor caracterizaram as Noites de Poesia na cidade de Maputo na sexta-feira passada (16.11). Dezenas de jovens mostraram talento não só na declamação mas também na qualidade dos seus poemas, no evento que encerrou as Noites que vinham decorrendo desde o início de 2012 no Instituto Cultural Moçambique Alemanha (ICMA)

Também não faltaram poemas para homenagear e seguir o legado dos que lutaram e contribuíram para o alcance da liberdade e independência (1975) em Moçambique, ex-colónia de Portugal.

No fundo, os textos davam a ideia de que os jovens olham para si mesmos, quando o mundo exterior estiver a atraí-los para fora das suas origens – pelo menos este parecia ser o caso do poeta Adão, que declamou No Mundo dos Loucos.

No Mundo dos Loucos

No mundo dos loucos
Os normais são considerados loucos
Quando o mundo fica louco com toda a vossa violência
Quando não há mais borboletas e nem pólen e nem aves
E eu não alinho na vossa guerra
Eu vivo no meu mundo a ver borboletas

A crítica é para as causas das guerras no mundo, que afinal só alimentam os poderosos, diz o autor do poema: "Como uma pessoa que existe no mundo, eu acho que sou mais um observador. Eu tiro as minhas conclusões, vejo o mundo à minha maneira, e escrevo como forma de transmitir as ideias da forma como eu vejo o mundo", discursou Adão.

Entre outros temas, poemas também trouxeram homenagem aos protagonistas da independência moçambicana
Entre outros temas, poemas também trouxeram homenagem aos protagonistas da independência moçambicanaFoto: DW / Köpp

As mulheres, que foram a maioria, também não deixaram os seus créditos em mão alheias. O Porque Te Ris, da também artista plástica Huwana, é exemplo disso.

Porque Te Ris?

Porque te ris, ó meu Deus, ó meu Deus, ó meu Deus?
Das vossas línguas maternas e ancestrais banidas e esquecidas pelo vosso sistema
E esquema de repressão neocolonial
Porque te ris?
Do poeta marginalizado
Por uma sociedade descriminatória e exclusória (sic)
Quando um poema é um escudo da almejada liberdade

Segundo Huwana, a escrita é o "foco que as pessoas, antes de tentar qualquer tipo de arte, deveriam experimentar. Eu gosto da poesia de combate porque – dizem que a poesia de combate é passado. Mas, para mim, não, porque a todos os momentos estamos a passar dificuldades. E eu acho que a palavra não deve ser apenas oca, tem que trazer qualquer coisa".

A directora do ICMA, Brigitte Macuacua, fez uma apreciação da performance dos jovens poetas moçambicanos durante as Noites de Poesia: "Hoje falamos muito sobre amor e emoções, talvez sobre as crises e as greves também. Também as vozes fortes das mulheres e a sensualidade dos homens..."

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Renate Krieger/António Rocha

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