1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Resultados finais das eleições em Angola poderão ser conhecidos no sábado

7 de setembro de 2012

Em Luanda aguarda-se com uma grande expetativa a divulgação, por parte da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), dos resultados finais das eleições de 31.08. Até agora, os números dão vitória ao partido no poder, o MPLA.

https://p.dw.com/p/164go
Eleições 2012 em Angola
Eleições 2012 em AngolaFoto: DW

A porta-voz da CNE, Irlanda Salongue, disse esta quinta-feira (06.09) à DW África que esses resultados definitivos serão provavelmente divulgados no sábado (08.09) e que a demora na divulgação deve-se precisamente ao facto de se tratarem de resultados definitivos.

A CNE está, segundo Salongue, a trabalhar "com muito respeito pelo detalhe“. Entretanto, vários partidos da oposição e sobretudo a UNITA [antigo movimento de libertação e principal formação oposicionista], queixam-se de que os números até agora divulagados pela CNE não correspondem à realidade e que foram muitas as irregularidades no processo e no ato eleitorais. Os partidos da oposição por isso, continuam a fazer a sua contagem paralela, e ameaçam não reconhecer os resultados oficiais da CNE.

O enviado da DW África a Angola, António Cascais, foi mais uma vez ao terreno para investigar as supostas irregularidades. No município luandino de Viana, encontrou-se com Mariano Kaiombe Agostinho, formador e delegado de lista da UNITA, que não chegou a executar a sua tarefa de fiscalizador nem de votante, porque foi preso no dia 30.08, vésperas das eleições, e só foi solto na quarta-feira (05.09).

"Identificamo-nos como homens do partido UNITA. Viemos com a proposta de receber as nossas credenciais", relatou Agostinho à DW. "O segundo comandante, logo que ouviu que somos da UNITA, mandou deter-nos e levar-nos, de uma forma cruel, num carro de patrulheiros até a esquadra", disse.

Muitas irregularidades nas eleições em Angola

Segundo Kaiombe Agostinho, este caso não foi isolado: "A princípio éramos duas pessoas detidas, mas depois de estarmos ali [na prisão] apareceram mais pessoas. Encontramos 17 pessoas que se identificaram como elementos da UNITA e que também foram detidos por protestarem contra o fato de não terem sido credenciados pela CNE", constatou.

Os homens da UNITA estiveram seis dias presos, acusados de vandalismo, mas sem acusação formal. Agora, de novo em liberdade, queixam-se de maus tratos sofridos durante a detenção: "Fomos tratados de forma desumana, porque ficamos numa cela de três metros quadrados, e ali estavam 73 pessoas. Onde as pessoas dormem é onde elas defecam, onde fazem xixi...", conta Agostinho.

Simpatizantes e militantes da UNITA, num comício de campanha
Simpatizantes e militantes da UNITA, num comício de campanhaFoto: Reuters

Serrote Morais de Máquina foi outro dos homens da UNITA presos no município de Viana no dia das eleições: "É de lamentar. Nós não fizemos nada mesmo", defendeu-se o opositor. "Quando chegamos na cela, depois de duas horas de sair o piquete, o que vimos naquela cela... nem o inferno é. Nem o inferno é", indignou-se.

UNITA aguarda resultados da CNE para poder posicionar-se

A DW África contactou também o secretário municipal da UNITA em Viana, Juliano Pedro Tcháli, que, apesar dos seus homens já estarem em liberdade, continua indignado com o que aconteceu: "Para além dos delegados que não cobriram as assembleias, houve milhares de eleitores que não votaram, voltaram para casa todos frustrados", relata.

"Este não é um caso isolado, falou-se porque eles reclamaram. Tinham de cobrir as assembleias, não só lhes retiram os votos como foram presos, mais de 450 e tal näo cobriram as assembleias. Os resultados da CNE não são fiáveis, não refletem a realidade do escrutínio", afirma Tcháli.

O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, contactado pela DW África, afirmou que o seu partido aguarda a divulgacäo dos resultados definitivos por parte da CNE. Enquanto isso, o chamado "partido do galo negro" vai fazendo a sua própria contagem. Só depois é que o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, irá fazer um pronunciamento oficial, se e por que motivo a UNITA vai contestar os resultados oficiais.

Autor: António Cascais (em Luanda)
Edição: António Rocha / Renate Krieger

05.09 NEU INTERNET Angola:CNE/contagem..../UNITA - MP3-Mono