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PolíticaRepública Democrática do Congo

RDC: Quem é a nova primeira-ministra Judith Suminwa Tuluka?

Nikolas Fischer
6 de abril de 2024

Pela primeira vez na história, a República Democrática do Congo tem uma mulher à frente do seu Governo. A nova primeira-ministra congolesa, Judith Suminwa Tuluka, prometeu trabalhar em prol da paz e do desenvolvimento.

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A nova primeira-ministra do Congo, Judith Suminwa Tuluka
O Presidente congolês, Felix Tshisekedi, nomeou a primeira mulher primeira-ministra do país, cumprindo uma promessa de campanhaFoto: Xinhua News Agency/picture alliance

Judith Suminwa Tuluka foi nomeada primeira-ministra pelo Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, reeleito no final do ano passado. A nomeação provocou muitas reações de satisfação no país, especialmente entre as mulheres.

"Espero bem que haja definitivamente coisas novas, coisas boas. Há homens que dizem que as mulheres não podem fazer o que eles fazem. Mas eu acredito firmemente que, desta vez, nós, mulheres, temos a oportunidade de fazer melhor do que os homens", frisou. 

Mas quem é Judith Suminwa Tuluka?

Aos 56 anos, Tuluka é natural do Congo Central, a mesma província do primeiro Presidente democraticamente eleito do país, Joseph Kasavubu, que exerceu o mandato entre 1960 e 1965.

Tem um mestrado em economia aplicada, bem como um diploma em gestão de recursos humanos nos países em desenvolvimento. A nova primeira-ministra congolesa trabalhou no setor bancário antes de entrar para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde foi coordenadora do projeto "Consolidação da Paz e Reforço da Democracia".

Rebeldes do M23 na RDC
Rebeldes do M23 na RDCFoto: Moses Sawasawa/AP Photo/File/picture alliance

Tuluka tem sido descrita como uma confidente próxima de Tshisekedi, tendo sido perita num projeto nacional de apoio a comunidades no leste da RDC. Também trabalhou no Ministério das Finanças e, mais tarde, como coordenadora adjunta do Conselho Presidencial de Observação Estratégica.

Antomiss Mangaya, uma funcionária pública do setor da educação, espera que a nova governante traga algumas mudanças positivas para a RDC. "Deve fazer melhor do que a pessoa que a precedeu", considerou.

Mas não será tarefa fácil para Judith Suminwa Tuluka. A sua nomeação chega numa altura em que a situação de insegurança no Leste do país se mantém.

Os rebeldes do movimento M23 - um dos mais de 100 grupos armados da região, rica em recursos naturais - combatem o exército congolês na instável região. Nas últimas semanas, os rebeldes aproximaram-se da capital regional de Goma, e algumas aldeias continuam a ser controladas pelos rebeldes.

Além disso, as relações diplomáticas entre a RDC e o vizinho Ruanda são tensas. O governo de Kinshasa, as Nações Unidas e muitas nações ocidentais acusam o Ruanda de apoiar os rebeldes do M23 para controlar os minas de diamantes, cobre e ouro da região. 

Kigali tem negado tais alegações, mas os peritos da ONU afirmam ter encontrado provas da interferência do Ruanda no Congo.

Deslocados como grande desafio

Outra dificuldade para a nova primeira-ministra será o agravamento da crise humanitária na RDC. Segundo a ONU, mais de 7 milhões de pessoas estão deslocadas devido ao conflito de longa duração, o que faz dele uma das piores crises humanitárias do mundo. 

A República Democrática do Congo (RDC) tem o maior número de pessoas deslocadas internamente em África
A República Democrática do Congo (RDC) tem o maior número de pessoas deslocadas internamente em ÁfricaFoto: ALEXIS HUGUET/AFP

Este será talvez o maior desafio para a nova primeira-ministra. Poderá levar meses até que o seu Governo ganhe forma, e os cargos ministeriais sejam distribuídos - um processo que exige negociações intensas com os vários partidos políticos.

Mas Laurette Mandala Kisolokele, conselheira no Ministério da Integração Regional, está otimista. Afinal as questões e os problemas que a RDC enfrenta não são novos para esta experiente política.

"Judith Suminwa não é uma novata. Ela conhece a situação de segurança no leste do país. O que queremos dela agora é que tome decisões inteligentes com o seu pessoal, para que este a possa apoiar eficazmente e para que possamos pôr fim à situação de insegurança no leste da RDC", comentou.

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