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Parceria estratégica: PR Lula prioriza relação com Angola

Lusa
23 de agosto de 2023

O Presidente brasileiro traz novos projetos e investimentos na sua visita a Angola, priorizando parcerias estratégicas e assinatura de vários acordos de cooperação. Polémicas sobre a IURD ficam fora da agenda.

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Foto: imago images

A visita de Lula da Silva a Angola no final da semana deverá traduzir-se na assinatura de vários acordos de cooperação, dos quais sete já concluídos, sinalizando a prioridade da presidência brasileira à relação com o continente africano.

Em declarações à agência Lusa, o embaixador do Brasil em Angola, Rafael Vidal sublinhou que a visita "é reflexo da elevada prioridade que o Governo brasileiro atribui à relação com o continente africano de forma geral, e com Angola em particular", retomando a diplomacia presidencial.

Luiz Inácio Lula da Silva dá prioridade à relação sul-sul, no que Rafael Vidal define como a "responsabilidade internacional do Brasil com o desenvolvimento e justiça social dos seus parceiros mais importantes", como é o caso de Angola, e transporta novos projetos na área da cooperação, bem como investimentos e estímulos às trocas comerciais, acompanhado de uma comitiva alargada de empresários.

"A relação do Brasil com Angola deve ser fortalecida em todas as dimensões porque se trata de uma parceria estratégica", reforçou Rafael Vidal, acrescentando que a maior comunidade brasileira em África se encontra precisamente em Angola, onde se estima que residam 27 mil brasileiros.

A visita deverá resultar, em termos práticos na assinatura de vários instrumentos jurídicos dos quais sete estão já prontos e outros 12 a ser ultimados ou ainda em fase de negociação para serem "afinados".

Angola Staatspräsident Jose Eduardo dos Santos und Luiz Inacio Lula da Silva
A maior comunidade brasileira em África encontra-se precisamente em Angola. A relação entre os dois países é antiga.Foto: AP

Vários acordos

Entre as áreas em que o Brasil pode fazer a diferença em Angola e em África, o embaixador brasileiro destacou a produção agrícola e a "revolução verde" através da irrigação que se pretende desenvolver no Cunene, província árida do Sul de Angola, replicando o que foi feito no Vale de São Francisco.

"Estamos a trabalhar forte com Angola nesse sentido e o Presidente deve, no fórum económico que vai acontecer no dia 25 fazer o ato simbólico de lançamento deste programa", adiantou o diplomata à Lusa.

Outro eixo relevante é o da saúde, com acordos na área da cooperação direcionados para o tratamento do VIH e combate à lepra, bem como segurança alimentar.

Formação em Defesa, capacitação na área judiciária, turismo sustentável, fortalecimento de capacidade de pequenas e médias empresas fazem também parte do "pacote" da cooperação.

"O universo de acordos em tramitação é de 19, dos quais sete estão prontos e outros em negociação, porque precisam de amadurecer mais", disse Rafael Vidal, salientando que há a perspetiva de serem incluídos na visita presidencial.

Espera-se, por isso, que a deslocação de Lula da Silva resulte num "novo impulso" para as relações entre os dois países também "em função do avanço da economia brasileira e da estabilização da economia angolana", apontou o embaixador.

Entre as áreas que estão a ser trabalhadas neste domínio incluem-se acordos no âmbito do comércio em moeda local e para evitar dupla tributação, bem como novas linhas de financiamento.

Angola Luanda Wiedereröffnung der Tempel der Universellen Kirche des Reiches Gottes (IURD)
Fora da agenda de Lula da Silva ficam as polémicas da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)Foto: Borralho Ndomba/DW

Polémica IURD fora da agenda

Fora da agenda de Lula da Silva ficam as polémicas da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que anteriormente causaram alguma crispação entre os dois Estados, mas que, entretanto, segundo Rafael Vidal, saíram do plano diplomático e estão a decorrer na esfera judicial. 
A IURD em Angola tem atualmente duas denominações com o mesmo nome, uma ligada aos lideres brasileiros, mas atualmente com direção angolana, e uma ala angolana dissidente, reconhecida pelo Governo angolano, que estão ainda em disputa por templos que foram apreendidos pela justiça.

"A questão da IURD já não existe mais, [a igreja] funciona normalmente, sob uma nova direção e esse tema não consta da agenda dos Presidentes. As diferenças que possam ainda existir estão a ser tratadas na justiça angolana e não envolvem os dois governos, o tema não pertence mais à agenda diplomática, é tempo de andar para a frente", frisou o diplomata brasileiro.

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