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Número de novos refugiados dispara em "ano de crises"

20 de junho de 2012

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados revelou que 800 mil pessoas foram forçadas a abandonar os seus países em 2011. Um número recorde, apesar dos exemplos positivos, como o regresso dos refugiados angolanos.

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In this photo taken Monday, April 9, 2012, Syrian refugees are seen at a camp in Reyhanli, Turkey. Turkey's prime minister accused Syria of infringing its border and said Tuesday that his country is considering what steps to take in response, including measures "we don't want to think about." (Foto:Germano Assad/AP/dapd)
Syrien Flüchtlinge TürkeiFoto: dapd

Pelo quinto ano consecutivo, o número de refugiados ultrapassou os 40 milhões em todo o mundo. De acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), intitulado "Um ano de crises", em 2011, 3 milhões e meio de pessoas tiveram de sair das suas casas, apesar de não terem atravessado a fronteira.

Somando este dado às cerca de 800 mil que se viram forçadas a abandonar os seus países, o ano passado viu surgir quase 4 milhões e meio de novos deslocados, devido a conflitos ou perseguições. Fatoumata Lejeune-Kaba, do ACNUR, afirma que “2011 foi um ano muito difícil na frente humanitária, com muitas crises.". E acrescenta: "consequentemente, tivemos 800 mil novos refugiados em apenas um ano. O que é muito, não tínhamos tantos novos refugiados desde 2000.”

No final do ano passado, o número global de refugiados, externos ou internos, situava-se nos 42,5 milhões, dos quais 25,9 milhões recebiam protecção e assistência do ACNUR.

Refugiados mantêm-se na região de origem

De acordo com o relatório do Alto Comissariado, os países em desenvolvimento acolhiam, no final de 2011, quatro quintos dos refugiados do mundo e mais de 2 milhões viviam nos 48 países menos desenvolvidos. A grande maioria dos refugiados, cerca de 80%, tende a manter-se na região do seu pais de origem.

Somalis from southern Somalia carrying their belongings make their way to a new camp for internally displaced refugees in Mogadishu Tuesday, July 26, 2011. The U.N. will airlift emergency rations this week to parts of drought-ravaged Somalia that militants banned it from more than two years ago _ a crisis intervention to keep hungry refugees from dying along what an official calls the "roads of death." The foray into the famine zone is a desperate attempt to reach at least 175,000 of the 2.2 million Somalis whom aid workers have not yet been able to help. Tens of thousands already have trekked to neighboring Kenya and Ethiopia, hoping to get aid in refugee camps. (Foto:Farah Abdi Warsameh/AP/dapd)
Em 2011, dezenas de milhares de refugiados somalis deslocaram-se dentro do país e pediram asilo ao Quénia e EtiópiaFoto: dapd

Fatoumata Lejeune-Kaba exemplifica com as crises vividas em África: “Por exemplo, a situação da Somália. Ainda há muita insegurança, o ano passado foi particularmente difícil para a população, por causa da fome. E isso colocou muita pressão no Quénia, o país vizinho". Mas este não é o único caso, segundo a responsável: "A outra situação em África foi a Costa do Marfim. Consequentemente, havia 200 mil marfinenses a viver em 13 países da África Ocidental. Felizmente, a maioria já voltou para casa".

Fim do estatuto de refugiados leva angolanos a regressar

O mesmo está a acontecer com os refugiados angolanos. Recentemente, o ACNUR anunciou que quase 14 mil já foram repatriados desde Novembro de 2011, acelerando o processo de retorno para antes da cessação do estatuto de refugiado. Fatoumata Lejeune-Kaba falou à DW África do fenómeno: “A 30 de Junho, o estatuto de refugiado, para a maioria deles, vai terminar. A certo ponto, esse estatuto tem que chegar ao fim, quando as circunstâncias que levaram as pessoas a fugir em massa já não existem".

Mas o regresso dos 600 mil angolanos que fugiram do país durante a guerra da independência de Portugal não é um processo simples. De acordo com a responsável do ACNUR, “implica uma grande coordenação entre os países de acolhimento e o país de origem, neste caso, Angola". E os próprios refugiados são também chamados a participar no processo: "É-lhes dado a escolher entre a repatriação ou ficar permanentemente onde estão. Mas, recentemente, temos visto muitos angolanos a decidir ir para casa antes mesmo do limite de 30 de Junho e isso é muito encorajador, porque significa que não são mais refugiados e que poderão continuar a viver as suas vidas normalmente.”

Women and children sit around waiting for food distribution in refugees settlement at San Joao, near Huambo Monday 8th February 1999. The civil war that began in January between the government forces MPLA and rebel UNITA has made thousands of refugees in former portuguese colony. Much recent fighting has been over the country's oil and mineral resouces as well as towns of strategic importance to either side. dpa
Guerra civil em Angola fez mais de 600 mil refugiados que perdem o estatuto dentro de 10 diasFoto: picture-alliance / dpa

Actualmente, cerca de 120 mil angolanos permanecem refugiados, a maior parte na República Democrática do Congo e na Zâmbia. Em parceria com os governos locais, o Alto Comissariado está a trabalhar para considerar a integração local como opção para os refugiados que escolherem não voltar, especialmente para aqueles que possuem fortes laços com o país de refúgio.

Esta quarta-feira, Dia Mundial do Refugiado, o ACNUR está a apelar à comunidade internacional para fazer mais no que diz respeito à integração dos deslocados, entendendo a diversidade como uma riqueza.

Autora: Maria João Pinto
Edição: António Rocha

20.06.12 Refugiados - Dia Mundial-ACNURNOVA - MP3-Mono