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Moçambique busca nos EUA investimentos para agricultura

Neusa e Silva
14 de dezembro de 2022

Quem o diz é o economista Araújo Araújo que, em entrevista à DW, frisa a importância do Presidente Nyusi ter reconhecido na cimeira EUA-África que o combate ao terrorismo se faz também com ações de sensibilização.

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Presidente moçambicano, Filipe Nyusi
Foto: DW

Mais de cinquenta líderes africanos participam, até quinta-feira (15.12), na Cimeira EUA-África, que decorre em Washington DC.

Entre eles está o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi que, em declarações esta terça-feira (13.12), na cimeira, destacou o combate ao terrorismo no norte de Moçambique e a parceria com as forças da SADC e do Ruanda, classificando-as como sendo um exemplo de integração regional.

Na mesma ocasião, Filipe Nyusi disse ainda que, para resolver "os problemas africanos, primeiro se deve encontrar soluções dentro do próprio continente". E que o combate ao terrorismo não se faz apenas com recurso ao material bélico, mas também com ações "para formar e ocupar mais jovens", para que a pobreza não conduza à sua radicalização.

Em entrevista à DW, o economista Araújo Araújo considera que o Presidente moçambicano quer passar a imagem de que consegue resolver os problemas internos. Até porque isso é importante para atrair mais investidores e criar empregos, particularmente no setor da agricultura. 

DW África: Que tipo de investimento procura Moçambique em Washington?

Araújo Araújo (AA): Eu acredito que, de tempos em tempos, dependendo das circunstâncias, os interesses dos países vão diversificando e os posicionamentos também vão mudando. Mas eu acredito que a primeira bandeira do Presidente da República será a agricultura, porque Moçambique é um país com uma vastidão de terras férteis e também um potencial muito grande do ponto de vista de mão de obra para este setor.

DW África: Então, parece-lhe que o Presidente moçambicano vai em busca de investidores para o setor da agricultura?

AA: Sim, penso que esta é a bandeira primária e, em segundo plano, poderá vir então o gás natural. E quero acreditar que há outros recursos, como o grafite, as areias pesadas…

DW África: Como avalia os investimentos dos EUA em Moçambique?

AA: Os Estados Unidos da América constituem um dos grandes parceiros de Moçambique historicamente. Voltam agora a mostrar interesse em investir, e nós acreditamos que os interesses de investimento do país em Moçambique vão aumentar, pese embora tenham tido um resfriamento nos últimos quatro, cinco anos.

Presidente moçambicano de visita à província de Cabo Delgado
Presidente moçambicano de visita à província de Cabo DelgadoFoto: Roberto Paquete/DW

DW África: Na sua participação na cimeira, o Presidente Filipe Nyusi destacou duas questões: a necessidade de se encontrarem as motivações do terrorismo e o apoio do Ruanda e da SADC, com o ambiente de "envolvimento" que se criou entre os países da região. Que mensagem quer Moçambique passar?

AA: Eu gostaria de acrescentar um terceiro aspeto. Moçambique passou por várias fases de conflitos em que - mesmo em circunstâncias em que a comunidade, tanto local, como internacional, pouco acreditava que o país poderia alcançar momentos de estabilidade - Moçambique conseguiu, com o apoio de diversas forças, alcançar momentos de paz. E é uma paz que, até hoje, constitui uma experiência a partilhar com os diversos países. É um infortúnio a situação que se vive em Cabo Delgado, na região norte do país, mas há um ponto importante na mensagem [do Presidente moçambicano na cimeira] que fica. Não basta repelir as situações de instabilidade ou terrorismo com base no recurso ao material bélico. Há também que ter ações de sensibilização social para buscar um entendimento efetivo sobre a profundidade das causas que levam com que diversos jovens estejam predispostos a serem seduzidos por ideias relacionadas com práticas de atividades terroristas.

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