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Mali conta os votos após referendo sobre nova Constituição

ms | DW (Deutsche Welle) | Lusa
19 de junho de 2023

Os malianos começaram a contar os votos do referendo constitucional realizado no domingo. A junta no poder afirma que a proposta, que alarga consideravelmente os poderes dos militares, abre caminho para um governo civil.

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Cerca de 8,4 milhões de malianos foram chamados às urnas no domingo (18.06)
Foto: DR/Le Pictorium/MAXPPP/picture alliance

Cerca de 8,4 milhões de eleitores foram chamados a pronunciar-se sobre o texto da nova Constituição, proposto pela junta militar no poder desde 2020 e que alarga os poderes do Presidente e dos militares.

"Hoje é um dia histórico. Esta votação vai mudar muitas coisas... Foi por isso que votei sim, por um novo Mali", disse à agência de notícias AFP o funcionário público Boulan Barro.

A contagem dos votos do referendo começou no domingo (18.06) à noite e os resultados provisórios são esperados na terça-feira.

A consulta foi muito participada na capital, Bamako, mas dezenas de assembleias de voto tiveram de ser encerradas nas regiões norte e centro do Mali por questões de segurança e ameaças de grupos armados.

A votação não se realizou em algumas partes do país, incluindo a cidade de Kidal, um reduto de antigos rebeldes.

Coronel Assimi Goita: "Estou convencido de que este referendo abrirá caminho para um novo Mali"
Assimi Goita: "Este referendo abrirá caminho para um novo Mali"Foto: Habib Kouyate/Xinhua/IMAGO

Transição para um governo civil?

As eleições parlamentares realizadas em março de 2020, seguidas de protestos em massa contra um governo incapaz de controlar a insurreição, a corrupção e a crise económica, culminaram num golpe de Estado.

O país é governado desde essa altura por militares, que tomaram o poder através de um golpe, seguido de outro nove meses mais tarde, que destituiu o governo civil interino. E o coronel Assimi Goita assumiu ele próprio o cargo principal.

A junta militar diz que as medidas propostas destinam-se a dar início a uma transição gradual para um governo civil, com eleições parlamentares a realizar em outubro deste ano e eleições presidenciais em fevereiro de 2024.

"Estou convencido de que este referendo abrirá caminho para um novo Mali, um Mali forte, um Mali eficiente, um Mali ao serviço do bem-estar da sua população", afirmou o líder da junta militar, coronel Assimi Goita, no domingo.

Antes da votação, muitos malianos receberam mensagens a apelar ao voto no "sim"
Antes da votação, muitos malianos receberam mensagens a apelar ao voto no "sim"Foto: Fatoma Coulibaly/REUTERS

O que decidem os malianos?

Os eleitores tiveram de escolher entre aceitar ou rejeitar o projeto de Constituição, considerado como um teste para Goita. As alterações propostas alargam o papel do Presidente e dos militares em detrimento do Parlamento.

Aos militares seria confiada a "execução da lei" e o Presidente teria mais poder sobre o primeiro-ministro e o Governo. Além disso, o projeto prevê uma amnistia para os autores de golpes de Estado anteriores e uma reforma da regulamentação das finanças públicas.

Antes da votação, os malianos receberam mensagens a persuadi-los a votar a favor das medidas propostas.

Embora os partidos e grupos da oposição tenham criticado a nova Constituição, espera-se que a votação seja favorável à junta militar.

A afluência às urnas - tipicamente baixa neste país de 21 milhões de habitantes - será vista como um teste à capacidade da junta militar para restaurar a estabilidade no país e gerar entusiasmo popular em torno da sua agenda.

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