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Mais de 67 mil fugiram da nova onda de violência terrorista

Lusa
27 de fevereiro de 2024

Governo moçambicano disse hoje que 67.321 pessoas fugiram dos ataques armados das últimas semanas na província de Cabo Delgado e avançou ainda estar a preparar-se para eventual saída da SAMIM.

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Deslocados internos em Moçambique
Foto: Sitoi Lutxeque /DW

"Nesta altura, nós falamos de cerca de 67.321 deslocados, o que corresponde a 14.217 famílias", afirmou Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, falando em conferência de imprensa, no final da sessão semanal do órgão.

Os deslocados fugiram para outros pontos da província de Cabo Delgado e para o distrito de Eráti, na província de Nampula, encontrando-se em centros de acomodação ou em casa de familiares, declarou Suaze.

As autoridades estão a empreender esforços para "melhorar as condições de alojamento" dos deslocados, prosseguiu.

"Mas também se assiste a um movimento de retorno de algumas populações para os locais de origem, à medida que se vão dissipando" as causas que levaram à fuga, acrescentou o porta-voz do Conselho de Ministros.

Imagens das tropas sul-africanas em Cabo Delgado

Questionado se o Governo abordou a possibilidade de imposição de um estado de emergência em Cabo Delgado, Filimão Suaze respondeu que esse cenário "não se coloca".

Saída da SAMIM

Ainda segundo Suaze, o Governo está a criar condições para prosseguir o combate contra os rebeldes em Cabo Delgado, perante a eventual saída das forças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). 

 "O Governo está atento e a fazer de tudo para que, independentemente da saída da SAMIM [Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique], continuemos a ter as condições para lutar contra o terrorismo", disse.

A Cimeira da SADC aprovou, em agosto de 2023, a prorrogação da missão em Cabo Delgado, por 12 meses, até julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva das forças dos oitos países da região que a integram. 

Filimão Suaze afirmou que, nos próximos meses, o Executivo vai avançar com informações mais detalhadas sobre o processo, reiterando, entretanto, que as forças moçambicanas "tudo vão fazer para garantir a segurança às populações, de tal forma que a saída de uma força não se note". 

Em fevereiro, fonte da missão internacional da SADC em Moçambique (SAMIM) disse à Lusa que continua no terreno em Cabo Delgado, enquanto analisa a situação, prometendo que mais informações só serão fornecidas após as avaliações em curso. 

Campo onde vivem deslocados de Palma, em Pemba
Terrorismo em Cabo Delgado já gerou milhares de deslocados internosFoto: DW

Nova vaga de ataques

Segundo estimativa divulgada hoje pela Organização Internacional das Migrações (OIM), com dados até domingo, a nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado provocou 58.116 deslocados em pouco mais de duas semanas.

Em causa, de acordo com um boletim semanal daquela agência intergovernamental, estão ataques ocorridos entre 08 e 25 de fevereiro sobretudo nos distritos de Chiùre e Macomia, respetivamente com 54.534 e 2.626 deslocados naquele período, mas sobretudo crianças (35.295).

"Os ataques e o receio de ataques por parte de grupos armados", descreve a OIM, verificou-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiùre-Velho, no distrito de Chiùre, com os deslocados a fugirem para a vila de Chiùre (15.354) ou para Erati, na vizinha província de Nampula (33.218).

Os registos da OIM apontam para 11.901 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em pouco mais de duas semanas de fevereiro no sul da província de Cabo Delgado.

No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de dezembro de 2023 e 25 de fevereiro de 2024, "ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados" em Macomia, Chiure, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 15.470 famílias, num total de 71.681 pessoas.

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