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CriminalidadeAngola

Interpol relata progresso na cooperação com países africanos

Lusa
3 de outubro de 2023

Em Angola, secretário-geral da Interpol destacou que África é uma das principais prioridades da organização. Vice-presidente de Angola apelou à prevenção e combate à criminalidade organizada.

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Jürgen Stock
Jürgen Stock: "Só em 2023, a Interpol implementou mais de 40 iniciativas dedicadas ao reforço das capacidades africanas de aplicação da lei"Foto: Laurent Cipriani/AP/picture alliance

O secretário-geral da Interpol afirmou hoje que a cooperação com as autoridades africanas resultou, no ano passado, em mais de 2.400 detenções e apreensão ou interceção de mais de 126 milhões de euros.

Jürgen Stock apresentou os dados hoje em Luanda, na abertura da 26.ª Conferência Regional Africana da Interpol, que conta com a presença de cerca de 250 delegados de vários países e altos dirigentes internacionais e angolanos.

O responsável destacou que África é uma das principais prioridades da Interpol e que tem havido progressos significativos em matéria de cooperação.

"Apenas no ano passado, os dados policiais partilhados pela polícia africana aumentaram 7% enquanto o uso das bases de dados da Interpol cresceu 26%", sublinhou.

Além disso, "a rede segura de comunicações policiais da Interpol I-24/7 foi alargada com sucesso, para além dos serviços centrais nacionais em 47 países membros africanos", acrescentou.

Além das detenções e apreensões de quantias monetárias, a Interpol também está a trabalhar para apoiar os países membros africanos no reforço da capacidade policial para enfrentar as ameaças emergentes da criminalidade.

"Só em 2023, a Interpol implementou mais de 40 iniciativas - no valor de mais de 170 milhões de euros - dedicadas ao reforço das capacidades africanas de aplicação da lei", reforçou o dirigente.

Jürgen Stock realçou que Angola tem sido um membro ativo da organização desde a sua adesão, há 41 anos, participando em vários projetos e operações da Interpol, e o facto de ser anfitriã desta conferência demonstra o "empenho firme do país com a cooperação policial internacional", que celebra o seu 100.º aniversário.

Observou, por outro lado, que a mensagem que lhe tem sido transmitida por dirigentes da polícia e governantes em África e de todo o mundo é de que as redes de crime organizado transnacional estão a criar "uma emergência de segurança nacional", já que desde a pandemia de covid, o crime organizado "explodiu".

"Sem uma resposta internacional urgente, vão ameaçar as nossas comunidades, as nossas empresas e mesmo o nosso planeta, à medida que os recursos naturais são explorados a uma escala industrial", avisou.

O secretário-geral da Interpol defendeu, por isso, que nenhum país pode enfrentar esses desafios sozinho e que só uma cooperação policial forte pode ajudar a acabar com as redes criminosas transcontinentais.

Sede da Interpol em Lyon na França
Foto: Andrew Matthews/empics/picture alliance

Conflitos, criminalidade organizada e terrorismo

Antes, a vice-presidente angolana, Esperança da Costa, alertou para as ameaças, focos de tensões e conflitos em algumas regiões africanas considerando que contribuem para aumentar a criminalidade, o terrorismo e outros crimes que afetam o desenvolvimento de África.

"É urgente uma cooperação estreita para prevenir estas situações", continuou a responsável angolana, salientando que nenhum país está isolado.

"Por isso, a cooperação regional e internacional faz-se necessária. Desta feita, todos os participantes devem considerar esta conferência regional como uma oportunidade para definir novas estratégias e aplicar as já existentes sobre os mecanismos pelos quais a Interpol pode assistir os nossos países na prevenção e combate à criminalidade organizada", apelou a governante angolana.

Para enfrentar estas ameaças, que "não conhecem fronteiras", considerou necessário reforçar a cooperação policial que permita uma resposta rápida, eficaz e maior segurança na informação, realçando que o intercâmbio de dados através da Interpol sobre os diferentes tipos de crimes que ocorrem em África, tem estado a crescer.

"Apelamos às delegações participantes deste evento, cientes de que, neste mundo globalizado e de acelerado desenvolvimento tecnológico, a criminalidade transfronteiriça não respeita limites geográficos, e constitui hoje uma das ameaças à paz e à segurança global, que só pode ser eficazmente combatida com o esforço conjunto de todas as polícias do mundo", enfatizou a vice-presidente.

Esperança da Costa disse ainda que a garantia da segurança pública "constitui o primeiro extrato para uma sociedade segura e para um mundo de paz".

A paz representa um vetor para o desenvolvimento nas suas múltiplas vertentes, vincou, reafirmando o engajamento de Angola na pacificação do continente africano.

"Auguramos que a Interpol ao congregar as polícias de todos países membros contribua para que o Mundo seja um lugar cada vez mais seguro, sendo esta uma responsabilidade que deve ser partilhada por todos os Estados", sublinhou.

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