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Empresários estrangeiros ameaçam abandonar o Zimbabué

7 de dezembro de 2011

Depois das terras, chegou a vez das empresas e das minas: o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, pretende expropriar os empresários estrangeiros, para “indigenizar” a economia.

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Zimbabwean President Robert Mugabe (L) sits next to Prime Minister Morgan Tsvangirai (R) for a photo shoot after the swearing in ceremony of ministers at the state house in Harare, Zimbabwe, 19 February 2009. EPA/AARON UFUMELI (zu dpa 0716) +++(c) dpa - Bildfunk+++
A política de indigenização do Presidente, Robert Mugabe, pesa sobre a coligação com o primeiro-ministro, Morgan TsvangiraiFoto: picture alliance/dpa

Uma das teorias pós-coloniais do Zimbabué explicava a crise económica do país pelo facto de colonialistas brancos se terem apropriado das terras mais férteis do país. Por isso, o Presidente Mugabe lançou uma reforma agrária que previa a redistribuição das terras à classe média negra. Esta política agrária descambou em violência e nunca deixou de ser controversa.

Ministro ameaça empresários com prisão

Agora o Governo de Harare pretende estender a chamada “indigenização” a empresas e minas com proprietários estrangeiros. Estes, deverão ceder a maioria das suas ações a zimbabuanos negros.

Uma parte da população apoia este propósito. E o ministro da Indigenização, Savior Kasukuwere, é, obviamente, um dos seus mais acérrimos defensores. Kasukuwere, encarregado de controlar a redistribuição das empresas aos negros, já apresentou um ultimato a mais de dez donos de empresas que ainda não tomaram as medidas necessárias. O ministro ameaça com a prisão dos gestores e a anulação das licenças. “Devemos gerir os défices herdados da colonização”, diz, e acrescenta. “Independentemente de avançarmos para os tribunais ou não, uma coisa é clara: as pessoas deste país devem beneficiar dos seus recursos. Estamos determinados a caminhar nesse sentido”.

An unidentified man holds the new 100 billion dollar note introduced by the Reserve Bank of Zimbabwe, in Harare Tuesday, July, 22, 2008. Zimbabwe has the worlds highest inflation currently pegged at over 2 million percent. (AP Photo/Tsvangirayi Mukwazhi)
Uma nota de 100 mil milhões de dólares zimbabuanos, sinal da inflação galopante que assoma o paísFoto: AP

Setor mineiro é o principal visado

A lei visa sobretudo a indústria mineira, o principal motor de exportação do país. O que é motivo de inquietação para Victor Gaspare, da Câmara das Minas do Zimbabué. O empresário teme que os cidadãos não tenham os recursos necessários para financiar e estabilizar o setor mineiro: “São fundos incontornáveis. O que nós exigimos é um maior equilíbrio entre a necessidade de implantar a política de indigenização e o dever de criar condições para que a indústria mineira possa prosperar e contribuir para o crescimento económico do país”.

Os chefes das empresas mineiras dizem que estão prontos a integrar investidores indígenas na administração das suas sociedades. Mas defendem que ceder 51% das suas participações ultrapassa os limites. Segundo os empresários, esta medida ameaça causar uma fuga de capitais dos investidores estrangeiros, dos quais, no entanto, o país necessita para relançar a sua economia.

NGEZI PLATINUM MINE, ZIMBABWE Drilling in a production stope underground at Hartley Platinum. Simbabwe Platin Mine Pressefoto mining-technology.com
Os investidores estrangeiros ameaçam retirar-se do sector mineiroFoto: presse

Reforma causa perturbações na coligação

A reforma está também na origem de tensões dentro do Governo de coligação. Mas o Presidente Mugabe não cede, afirmando que ela beneficiará as populações locais e servirá para corrigir desequilíbrios económicos herdados do colonialismo.

Esta política de indigenização recorda a reforma agrária do início do século XXI. A expropriação de terras foi acompanhada por violência. E a redistribuição das terras acabou por ser lucrativa, sobretudo, para o Estado, e não para os camponeses negros mais pobres. De um modo geral, esta reforma agrária é considerada um fracasso.

ARCHIV - Ein junges Mädchen durchsucht den Müll nach Nahrungsmitteln in Chitungwiza, 25 km östlich von Harare (Archivfoto vom 10.11.2008). Die bittere Armut ist nur eines der Leiden dieses geschundenen Landes, das einst wegen seiner blühenden Farmen und reichen Bodenschätze als ein Juwel Afrikas galt. Simbabwe ist heute eher ein Makel des Schwarzen Kontinents, ein Land, in dem die Bürger unter korrupten Ministern, gierigen Staatsdienern, brutalen Polizisten und gewalttätigen Politschlägern ächzen. EPA/AARON UFUMELI (dpa- Für projekt Destination Europe Leben im Auffanglager Mangelnde Perspektiven und große Träume
Uma parte importante da população do Zimbabué vive na extrema pobrezaFoto: picture-alliance/dpa

Autor: Colombus Mahvunga (Harare)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha