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Crise em Bissau: militares na rua, rádio e televisão silenciadas

12 de abril de 2012

Militares ocupam Rádio Nacional e sede do PAIGC na Guiné-Bissau. O paradeiro do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior é desconhecido. Rádios e televisão estão em silêncio. Desenha-se um novo golpe de Estado?

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Militares na Guiné-Bissau
Militares na Guiné-BissauFoto: REUTERS

Vários tiros foram ouvidos ao início da noite em Bissau e as Forças Armadas ocuparam as instalações da Rádio Nacional e a sede do partido no poder, o PAIGC. Segundo as escassas informações das agências noticiosas várias rádios foram silenciadas, a TGB, Televisão da Guiné-Bissau, também está sem emissão e continuam a escutar-se tiros esporádicos nas ruas.

Segundo a LUSA há militares nas principais ruas da capital guineense, nomeadamente na rua onde mora Carlos Gomes Júnior, o primeiro-ministro cessante e candidato a Presidente. Neste local foram ouvidos disparos de artilharia pesada.

Desconhece-se o paradeiro Carlos Gomes Junior
Desconhece-se o paradeiro Carlos Gomes JuniorFoto: Reuters

Às 21 horas tempo universal da quinta-feira (12.04.), desconhecia-se o paradeiro de Gomes Júnior e dos principais líderes políticos guineenses.

Tiros horas antes do início da campanha

Os incidentes desta quinta-feira ocorrem na véspera do inicio da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais e depois de uma conferência de imprensa onde Kumba Ialá, o segundo candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, pediu nesta quinta-feira à Comissão Nacional de Eleições para retirar a sua fotografia dos boletins de voto da segunda volta.

Ialá recusa-se disputar a segunda volta por considerar que a primeira foi fraudulenta. Em conferência de imprensa o líder do PRS disse que nos próximos 15 dias iria "formar e reforçar" as estruturas de base do seu partido que "vai estar no terreno para ver quem avança para a campanha".

Sede do PAIGC que também foi ocupada pelos militares
Sede do PAIGC que também foi ocupada pelos militaresFoto: DW

Questionado sobre se essa posição era uma ameaça afirmou: "nós já dissemos que não haverá campanha para ninguém, já afirmamos e repetimos várias vezes que não haverá campanha a nível nacional. Caso vier alguém a fazer campanha a responsabilidade será desse alguém e as consequências serão dessa pessoa, porque eles sabem que não há condições para que ninguém faça campanha".

Não é o primeiro episódio de instabilidade na Guiné-Bissau

Nos últimos anos, houve várias tentativas de golpes de estado e assassinatos de políticos. Em 2009, o então presidente João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado por militares. Até hoje, os autores do crime permanecem desconhecidos. Em abril de 2010, militares prenderam o então Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do país, Zamora Induta, e o então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

Em dezembro de 2011, houve mais distúrbios, que foram considerados pelo governo como tentativa de mudar a ordem constitucional. Até hoje, nenhum presidente da Guiné-Bissau chegou a cumprir os cinco anos de mandato.

Autor: Lusa/afp/HFG
Edição: Johannes Beck