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Como combater a poluição nos oceanos? Com saneamento básico

Nelson Camuto (Lisboa)
1 de julho de 2022

Salvar os oceanos passa por melhorar o saneamento básico. É a convicção de vários especialistas ouvidos pela DW em Lisboa, durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.

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Foto: Marine Megafauna Foundation, Andrea Marshall

Esta semana, um dos grandes anúncios na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas foi a promessa da Austrália de que, ao longo da próxima década, vai dedicar 1,1 mil milhões de euros à preservação da Grande Barreira de Coral, para combater os efeitos das alterações climáticas.

Várias nações africanas anunciaram também que vão reforçar os mecanismos de proteção dos oceanos; o Quénia anunciou, por exemplo, que vai criar o crime de "ecocídio".

Mas segundo a especialista Leila Neves, um dos primeiros passos para proteger os oceanos é a aposta na melhoria do saneamento básico. É preciso impedir que o lixo e os esgotos continuem a ser despejados no mar.

"O saneamento básico contribuirá para a qualidade de vida das pessoas. É por ali que temos que começar", afirma a representante do comité científico da Década dos Oceanos das Ilhas Crioulas, em Cabo Verde.

2022 UN-Ozeankonferenz
Conferência dos Oceanos da ONU, em LisboaFoto: Carlos Costa/AFP

Neves diz que "cada um tem que ter as condições básicas de vida para que possa se preocupar com o seu entorno. Se nós não olharmos para o saneamento básico, como é que vamos pensar em avanços científicos?"

Plástico é um dos problemas

Milhares de toneladas de plástico e microplástico vão parar aos oceanos, e esse plástico coloca em perigo os animais marinhos.

Os ambientalistas brasileiros estão preocupados. Segundo um relatório da organização não-governamental Oceana, 85% dos animais que ingerem lixo nos mares, incluindo plástico, são espécies ameaçadas de extinção.

Pedro Ramalhão, professor da Universidade de São Paulo, no Brasil, alerta para a necessidade de sensibilizar os políticos e a população em geral para os problemas do saneamento básico.

"O Brasil está na época medieval em termos de saneamento básico. Ainda falta muito investimento, embora já tenham sido investidos 50 [mil milhões] de reais, cerca de dez [mil milhões] de dólares no saneamento e tratamento dos esgotos, tal como na questão do destino correto dos resíduos."

O Governo brasileiro quer universalizar o acesso a serviços de saneamento básico até 2033. Para melhorar o tratamento da água e dos esgotos será preciso envolver vários atores, incluindo governantes, indústria e comércio.

Para já, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, 100 milhões de brasileiros não têm esgotos tratados e 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada.

Bildergalerie Wasser in Angola
Em Angola, só 52% da população tem acesso a serviços de saneamento básico, de acordo com dados da OMS/UNICEF relativos a 2020Foto: DW/C. Vieira

Um esforço hercúleo

Paulo Coelho, investigador sobre assuntos de acidificação e circulação do mar em Angola, refere que, no país, a tarefa de levar o saneamento básico a todos também é gigantesca.

"Não é um problema fácil, nós temos uma costa de 1.640 quilómetros e uma população de mais de 30 milhões, e não é fácil trabalhar. É preciso congregar uma série de esforços para resolver o problema do saneamento."

As autoridades reconhecem que o saneamento básico continua a ser uma "batalha" no país. Este mês, a imprensa angolana noticiou que o Executivo de João Lourenço pretende criar uma entidade independente para regular o abastecimento de água potável, energia elétrica e saneamento básico.

O Presidente angolano realçou esta semana, na Conferência dos Oceanos, que é necessário agir com a "máxima urgência" para travar "a atual tendência de poluição dos mares e oceanos", bem como a "exploração desregrada dos recursos marinhos".

Um aspirador para livrar as praias do plástico

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